Confira o resumo do primeiro dia da Smart City Expo Curitiba 2019
Curitiba recebeu, em 2019, a segunda edição brasileira do maior congresso de cidades inteligentes do mundo: o Smart City Expo. Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo
A segunda edição brasileira do maior congresso de cidades inteligentes do mundo, a Smart City Expo, começou nesta quinta-feira (21) com a consolidação de Curitiba como uma agregadora das discussões sobre todos os assuntos que permeiam a área, tanto na teoria como na prática. Segundo Roberto Marcelino, diretor do iCities, a qualidade de conteúdo do congresso favorece que um grande universo de pesquisadores possa interagir com esse mercado. Isso acontece através da promoção deste contato com iniciativas concretas, que podem ser reproduzidas.
Iniciativas governamentais endossaram esse discurso. O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), assinou a intenção de zerar o ICMS e o IPVA para veículos elétricos. Já a Prefeitura de Curitiba lançou um novo aplicativo oficial – o Curitiba App – que agrega mais de 600 funções, antes dispersas em locais diferentes.
As palestras desta manhã focaram em debater os desafios de inserir os cidadãos nos conceitos de smart cities e como superar os desafios da realidade. Ana Clara Fonseca, diretora da Garimpo Soluções e doutora em Urbanismo pela Universidade de São Paulo – um dos grandes nomes do dia -, apontou que a grande concentração populacional e a desigualdade econômica e social são alguns dos desafios para as cidades, principalmente quando há cenários de efervescência nos grandes centros versus o alto custo de vida.
Processos participativos
As plenárias do primeiro dia confluem para uma mesma retórica: de que é essencial para o melhoramento das cidades a adoção de processos participativos. “O engajamento à pauta ‘cidades’ leva ao senso de pertencimento, e isso vai do micro ao macro”, explicou a pesquisadora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Ana Carolina Benelli.
Os debates sustentaram que é preciso interação para inovação e não há uma cidade inteligente sem a conexão de empresas, governo, universidades e sociedade. A transparência nos dados e informações do poder público foi apontada como fator crucial para esse processo participativo. “Tenho visto uma mudança de cultura dentro das gestões públicas. É direito do cidadão ter acesso aos dados. O caminho da transparência é um caminho sem volta”, falou a assessora de Governo Aberto da Prefeitura Municipal de São Paulo, Ana Dienstmann.
Cidades humanas são cidades inteligentes
As plenárias também convidaram os presentes a repensar a mobilidade urbana. O professor Eduardo Moreira da Costa instigou os convidados a pensar a mobilidade além do carro, mas no cenário da mobilidade para as pessoas.
A provocação foi respondida pelo Chefe de Estratégia e Inovação do Departamento de Transporte de Seattle, Benjamin de La Peña. Para ele, a vida nas cidades é mais difícil porque pensamos em uma lógica engessada, em apenas uma tecnologia: o carro. “Quando o mais legal é aliar tudo que está ao nosso redor”, disse. “Nós precisamos repensar as infraestruturas. A cidade é das pessoas, não dos veículos. Temos que nos adaptar à tecnologia ou é ela que precisa se encaixar as novas necessidades? Penso que a resposta está clara”, finalizou La Peña.
Paula Nader, da Grow, que é a união das inovadoras Grin e Yellow, também enxerga essa necessidade de mudança. “Temos percebido que as startups de micromobilidade atingem patamares relevantes muito mais rápido do que os outros players de mobilidade. É importante reparar a mudança de comportamento”, disse. Ela pontuou ainda que isso acontece quando se pensa além do usuário. “A mudança, que é cultural, e o uso das diferentes formas de mobilidade, só vai acontecer se levarmos em conta também os não usuários, sob a perspectiva que quem não usa o serviço. É um processo de troca e respeito ao espaço do outro”, explicou.
Tecnologia e sustentabilidade
Iniciativas voltadas a projetos para cidades mais sustentáveis e resilientes também foram pauta do congresso. Um dos exemplos veio da Costa Rica. A assessora em sustentabilidade da primeira dama do país, Andrea San Gil León, mostrou as diretrizes do Plano Nacional de Descarbonização (2018 a 2050), voltado para a mobilidade sustentável, produção de energia sustentável para a indústria e gestão de resíduos.
“Houve dificuldade em identificar necessidades e a vulnerabilidade de cada município no cenário atual e futuro. A transformação urbana impacta nas mudanças climáticas.” Para Andrea, os projetos às vezes não dão certo por falta de governança e adaptação aos atores locais. “É preciso rastrear a competência dos diferentes atores e realizar alianças com o setor privado para promover mudanças nos hábitos da sociedade.”
O palestrante Carlos Rath, da empresa norte-americana RS21 Resilient Solutions, falou sobre os desafios das mudanças climáticas e do entendimento do tema. “Usamos apenas 1% das informações disponíveis. É preciso atrelar o big data à necessidade de definição de estratégias de uso, inclusive para enfrentar as mudanças climáticas”, explicou Rath. O uso de dados pode ajudar a tomar melhores decisões nesses casos, ressalta. “Por meio de estudos utilizando determinadas tecnologias, pode-se otimizar as áreas verdes em grandes cidades. Do mesmo modo que traçamos cenários de como cidades serão afetadas por furacões nos Estados Unidos”.
O Smart City Expo
A programação continua nesta sexta, tanto com o congresso como a exposição de empresas com soluções e produtos inteligentes, cuja entrada é gratuita.
As inscrições para o congresso estão no 3º lote, saem por R$ 1.350 (inteira) e podem ser realizadas neste link. Estudantes e professores pagam meia entrada e devem apresentar comprovante do benefício no dia do evento.
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