Cidades do futuro terão reconhecimento facial para encontrar desaparecidos e carros roubados

Diego Denck*
28/03/2019 20:17
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Foto: divulgação

Durante o carnaval de Salvador, na Bahia, um fugitivo foi preso após ser reconhecido por um sistema de reconhecimento facial instalado pela Secretaria de Segurança Pública da cidade dias antes. A capital ganhou 430 câmeras, dentre elas uma câmera 360°, com capacidade de observar grandes espaços e aproximar a imagem em 45 vezes, e 14 drones. Se isso soa como algo saído de um episódio de “Black Mirror”, é bom estar preparado para se tornar cada vez mais comum.
Já é possível que a inteligência artificial monitore a população através da análise das imagens capturadas pelas câmeras. Isso acontece quando o sistema é alimentado com fotos de fugitivos ou foragidos. Ao encontrar um possível suspeito, um alarme é enviado para o agente de segurança mais próximo para que a abordagem seja a mais rápida possível.
Centro de Monitoramento Operacional da SSP, em Salvador, conta com 45 câmeras e 14 drones. Foto: divulgação/SSP-BA
Centro de Monitoramento Operacional da SSP, em Salvador, conta com 45 câmeras e 14 drones. Foto: divulgação/SSP-BA
Juelinton Silveira, diretor de relações governamentais e comunicação da Huawei — maior fornecedora de equipamentos para redes e telecomunicações do mundo —, conta que isso só foi possível através do sistema de inteligência colocado em operação na capital baiana. Ele explica que de nada adianta uma cidade investir em milhares de câmeras de segurança sem que haja uma central de dados que possa analisar todas as imagens de uma só vez. A empresa esteve presente na Smart City Expo Curitiba 2019 para apresentar suas soluções em tecnologia.

Reconhecimento facial pra quê?

Esse sistema de reconhecimento facial não servirá apenas para encontrar fugitivos. Silveira conta o caso de uma criança que sumiu na China há alguns meses. A busca em um país superpopuloso poderia levar semanas, mas através dessa tecnologia foi possível encontrar o garoto apenas sete horas mais tarde, em um local 200 km distante de onde ele havia sumido.
Para Rafael Berthi, gerente de projetos da Teletex — provedoras de infraestrutura de tecnologia que também esteve na Smart City Expo —, é preciso integrar soluções e efetuar a ação necessária na hora certa. Berthi explica que, além do reconhecimento facial, a cidade do futuro contará com câmeras em lugares estratégicos que irão monitorar todos os veículos que entrarem e saírem de uma cidade.
Câmeras utilizadas em operação em Praia Grande (SP). Foto: divulgação/Prefeitura de Praia Grande
Câmeras utilizadas em operação em Praia Grande (SP). Foto: divulgação/Prefeitura de Praia Grande
Essa espécie de “cerca digital” ajudará a encontrar carros roubados ou que deveriam estar fora de circulação, por exemplo. A identificação será feita através da leitura das placas pela inteligência artificial, que analisará as imagens das câmeras e buscará restrições ao veículo no banco de dados.
Uma questão que permeia esse assunto é relacionada à legalidade dessas ações. De acordo com Silveira, como essas tecnologias são voltadas à segurança, elas não ferem a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709/2018). Além disso, as empresas apenas fornecem a tecnologia, cabendo aos governos o sigilo dos dados coletados.

Os postes inteligentes das cidades do futuro

A segurança pública do futuro não estará apenas a cargo das câmeras de reconhecimento facial. Berthi também fala dos postes inteligentes que a Teletex levou à Smart City Expo. Muito além de iluminar, esses postes também podem servir como centrais meteorológicas, avisando a Defesa Civil caso alguma região com risco de alagamento receba um volume de chuvas muito alto. Antes mesmo de a água subir, será possível agir para retirar os moradores.
Parecem convencionais, mas são smart: postes inteligentes terão dimerizador de luz e roteador de Wi-Fi. Foto: reprodução
Parecem convencionais, mas são smart: postes inteligentes terão dimerizador de luz e roteador de Wi-Fi. Foto: reprodução
Esses mesmos postes terão um funcionamento mais inteligente e econômico. Em lugares de pouco movimento, eles poderão atuar com um dimerizador, aumentando ou diminuindo a luminosidade conforme a necessidade da via. Sensores podem indicar a presença de pedestres ou veículos e, com isso, aumentar a quantidade necessária de luz para determinada momento.
Silveira mostra que esses postes também poderão servir como hotspots de Wi-Fi, disponibilizando internet para a população. As prefeituras poderão disponibilizar o acesso à internet mediante a visualização de algum vídeo patrocinado, por exemplo, ou usar de propagandas para conectar ainda mais os munícipes.
*Especial para Gazeta do Povo