Antiga fábrica das Ceras Canário vira centro de inovação sustentável; conheça

Luciane Belin*
13/09/2019 20:15
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Foto: Gabriel Rodrigues

Foi inaugurado nesta quinta-feira (12) o mais novo hub de empreendedorismo e inovação de Curitiba, o CRIA – Campus Rebouças de Inovação e Aceleração, localizado na Rua Engenheiro Rebouças, na região do Vale do Pinhão. O CRIA ocupa um espaço tradicional de Curitiba, a antiga fábrica das Ceras Canário, e tem como propósito trazer novo fôlego a um espaço de 16 mil metros quadrados, desocupado desde o encerramento das atividades da indústria, em 2016.
Primeira iniciativa privada no Vale do Pinhão, que concentra empresas alinhadas com a proposta de inovação do ecossistema, o novo estabelecimento dinamiza um espaço industrial desativado, ao mesmo tempo em que respeita e resguarda a tradição e história que carrega consigo.
Localizado na Rua Engenheiros Rebouças, 1.255, o CRIA CWB ocupa 2,5 mil m² de área construída e restaurada, com mais 3000 m² dedicados ao estacionamento. O restante do terreno e dos cerca de 6,5 mil m² construídos serão ocupados gradativamente nos próximos meses, com previsão de inauguração de uma nova ala já em 2020, com novos ambientes para os fablabs, laboratório práticos de inovação.
Fachada reformulada para trazer um ar mais contemporâneo à antiga fábrica das Ceras Canário. Foto: Luciane Belin
Fachada reformulada para trazer um ar mais contemporâneo à antiga fábrica das Ceras Canário. Foto: Luciane Belin
Terreno ocupa localização privilegiada entre as ruas Engenheiros Rebouças, Francisco Nunes e Brasílio Itiberê. Foto: Reprodução/Nogari Leilões
Terreno ocupa localização privilegiada entre as ruas Engenheiros Rebouças, Francisco Nunes e Brasílio Itiberê. Foto: Reprodução/Nogari Leilões
Para transformar uma edificação da década de 1940 em uma referência em inovação, a RAC Engenharia, à frente do projeto do CRIA, reuniu parceiros voltados a recursos inovadores em construção civil e à sustentabilidade. Assinado pelo arquiteto Gonzalo Serra, o projeto da reforma e adaptação da fábrica visava incluir em sua própria obra os recursos que pretende ajudar a divulgar, relacionados a cidades inteligentes.
“O projeto vai ter geração de energia com fontes renováveis, captação e utilização de água da chuva e tratamento de esgoto in loco. Teremos estacionamento para veículos elétricos com carregador, separação dos resíduos, todos os atributos de um prédio desta categoria”, explica o arquiteto, referindo-se ao fato de que o CRIA está pleiteando o selo LEED Platinum do Green Building Council (GBC), uma das mais importantes certificações ambientais da atualidade.
Externamente, projeto manteve algumas características originais do projeto. Foto: Luciane Belin
Externamente, projeto manteve algumas características originais do projeto. Foto: Luciane Belin
Da estrutura original, foi mantida a “casca” do prédio, que remonta aos tempos de intensa atividade fabril na região. “O telhado original foi preservado, toda a estrutura e vedações em tijolo, ambas evidenciadas e consideradas protagonistas na proposta arquitetônica. O perímetro do edifício foi restaurado, além dos antigos depósitos de cera, que se transformaram em salas de reunião”, detalha o arquiteto.
O perímetro original foi todo descascado, como se fossem cicatrizes da obra, os telhados foram pintados de preto e branco. Foto: Luciane Belin
O perímetro original foi todo descascado, como se fossem cicatrizes da obra, os telhados foram pintados de preto e branco. Foto: Luciane Belin
As novas intervenções estruturais foram concebidas com sistema construtivo metálico, de modo a complementar o visual industrial, que ganha vida com o uso de vegetação na decoração e de cores no mobiliário. “Tentamos preservar com a maior simplicidade e sutileza possível o que era o antigo galpão, evidenciar a materialidade dele interna e externamente. Ao mesmo tempo, tiramos partido do vão livre de 19 metros de largura, que horizontaliza a integração espacial através de de uma vista panorâmica extrema”, diz.
Durante o evento de lançamento do CRIA CWB, vão livre central da fábrica funcionou como auditório. Depois, espaço será ocupado por estações de trabalho. Foto: Gabriel Rodrigues
Durante o evento de lançamento do CRIA CWB, vão livre central da fábrica funcionou como auditório. Depois, espaço será ocupado por estações de trabalho. Foto: Gabriel Rodrigues
A integração foi outro aspecto definidor do projeto, que traz um espaço gastronômico e um café, onde os funcionários e usuários das 155 estações de trabalho disponíveis poderão fazer reuniões ou descontrair entre uma atividade e outra. “A ideia é que as atividades sejam todas articuladas. Então o café é uma continuidade do espaço gastronômico, que se comunica com o espaço de trabalho, é tudo um contexto de constante convívio”, diz.
Teto foi preservado, limpo e reformado com tecnologia à base de borracha para trazer conforto térmico, visual e sonoro. Foto: Luciane Belin
Teto foi preservado, limpo e reformado com tecnologia à base de borracha para trazer conforto térmico, visual e sonoro. Foto: Luciane Belin
Espaço antigo, novos usos
Da história fabril, o que o prédio manteve foram apenas as memórias e a identidade visual da estrutura. Ao invés do DNA industrial, o local agora ganha ares de inovação, já que será o endereço de pelo menos sete startups dos mais variados segmentos, todas voltadas à inovação.
Como hub de empreendedorismo, o CRIA deve funcionar como um articulador de desenvolvimento para empresas especializadas em três eixos principais: cidades inteligentes, construções sustentáveis e energias renováveis.
Entre as atividades que vai abrigar, o campus de inovação foi o endereço escolhido pelo GBC Brasil para a realização de cursos, eventos e oficinas de formação do conselho, voltados para profissionais e estudantes, e que devem começar a ocorrer ainda neste ano.
Foto: Gabriel Rodrigues
Foto: Gabriel Rodrigues
Foto: Gabriel Rodrigues
Foto: Gabriel Rodrigues
*Especial para Haus

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