Depois do realismo dos apartamentos decorados, as plantas virtuais se tornaram as novas aliadas das construtoras na tarefa de encantar os clientes e diferenciar seus produtos frente à concorrência. Com o auxílio dos óculos 3D, elas permitem ao potencial comprador conhecer detalhes do projeto e se sentir “dentro” do apartamento, mesmo que as torres ainda nem tenham saído do chão.
“Os óculos trazem a imagem periférica, como se a pessoa estivesse em um ponto fixo dentro do ambiente e olhasse para todos os lados, em escala real. Assim, é possível ter noção da altura do prédio, do pé-direito e do tamanho dos cômodos”, explica André Marin, diretor de incorporação da construtora Laguna, que utiliza a ferramenta há cerca de um ano.
A seleção dos ambientes que se pode “visitar” por meio do equipamento é feita por cada construtora, que pode limitá-la à sala e às suítes do apartamento, por exemplo, ou incluir até as áreas de lazer. O mais comum, no entanto, é que as imagens apresentem todos os ambientes da planta privativa do imóvel.
O “roteiro” do tour virtual também varia de acordo com a proposta de cada empresa. Nos projetos do Grupo Thá, por exemplo, o cliente inicia a visita pela sala e a mudança para os demais ambientes ocorre automaticamente, em intervalos de 30 segundos. “É como se fosse um vídeo, com trilha sonora e uma locução que conduz o cliente nesta visita”, acrescenta Fernanda Lemes, gerente de marketing do grupo.
Praticidade
Outro importante diferencial que os óculos de realidade virtual oferecem para as construtoras é a facilidade de se poder “levar” os apartamentos até os clientes, como destaca Silvia Fernandes, gerente de incorporação da Cyrela, que utiliza a tecnologia desde 2013.
“Hoje, usamos os óculos apenas no que chamamos de pontos avançados, ou seja, nas feiras e eventos de que participamos. Assim, temos mais facilidade para atender os clientes que não podem se dirigir ao apartamento decorado para conhecê-lo”, explica.
Apesar dessas vantagens, os óculos 3D ainda têm uma limitação, que é o fato de a pessoa não poder se “movimentar” dentro do ambiente. Tal restrição, no entanto, está com os dias contados.
A empresa DH Virtual Reality, instalada em São José dos Pinhais, lançou há cerca de dois meses o Oculus Rift, que é um aprimoramento dos óculos comuns e permite aos clientes “caminharem” pelo apartamento.
“Esta é uma tecnologia mais avançada em termos de realidade virtual. Ao invés de reproduzir as imagens estáticas nos smartphones [que são acoplados aos óculos], como nos modelos convencionais, ela as renderiza em um computador de alta performance, o que permite a experiência de se passear por dentro do ambiente 3D”, explicam Beto Facci e Simone Secheto, sócios-proprietários da empresa, que representa a tecnologia no Brasil e na América Latina.
Para isso, é possível se deslocar fisicamente por uma área de 2 a 4 m², de acordo com o tamanho do cabo que liga os óculos ao computador, ou se movimentar virtualmente por meio dos comandos executados em um controle similar ao dos utilizados em videogames.
“Assim, o cliente pode visualizar os ambientes a partir de diferentes ângulos, se agachar para ver detalhes dos acabamentos e até diferenciar texturas”, acrescenta Simone.
Para as construtoras, a tecnologia virtual ainda não substitui por completo as demais ferramentas de apresentação dos projetos, como maquetes, folhetos e apartamentos decorados. “Mas estamos muito próximos de conseguir fazer esta substituição do físico para o virtual sem perda de qualidade”, prevê Fernanda Lemes, do Grupo Thá.