O adeus ao Clube do Golfinho, que marcou época na natação paranaense

Bruna Junskowski*
09/04/2018 10:30
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Foto: Facebook/Reprodução

Se na década de 1970 o Clube do Golfinho era lar dos melhores atletas aquáticos de Curitiba, em 2018 o espaço é um canteiro de obras. Após anos de negociações e abandono, no lugar das piscinas, ergue-se o empreendimento imobiliário Residencial Portofino, da construtora Estilo Empreendimentos Imobiliários em parceria com a Mansão Empreendimentos.
As obras iniciaram no segundo semestre de 2017 e têm previsão de término para 2020. No estilo sobrado, serão 64 unidades residenciais, com 43 casas de frente para a Rua São Salvador e para a Rua Odilon Santano Gomes, no Pilarzinho, e 21 unidades de frente para rua interna do condomínio. As áreas individuais devem ocupar em torno de 110 m², variando de acordo com o andamento da construção. O condomínio também terá salão de festas e playground.
Clube Golfinho - 09-03-2018 - O local onde funcionava o tradicional Clube Golfinho, no bairro Pilarzinho,  dará lugar a construção de vários sobrados. A obra já está sendo feita.
Clube Golfinho - 09-03-2018 - O local onde funcionava o tradicional Clube Golfinho, no bairro Pilarzinho, dará lugar a construção de vários sobrados. A obra já está sendo feita.
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“As unidades terão dois pavimentos, sendo no andar térreo: sala com dois ambientes, cozinha, lavanderia, churrasqueira, lavabo e garagem individual. No andar superior serão três quartos, sendo uma suíte, e banheiro social”, conta Ubiraitá Antônio Dresch, engenheiro civil e um dos donos da Estilo.
O terreno foi arrematado pela Mansão Empreendimentos em 2009, em um leilão realizado pela Justiça do Trabalho. “Lembro-me que na época levantamos que o imóvel estava sendo leiloado pela Justiça do Trabalho, porque havia sido penhorado em uma ação trabalhista movida contra o antigo proprietário”, explica Tiago Pastre, dono da empresa.
“Ao tentarmos aprovar a primeira versão do projeto, em 2012, para nossa surpresa, verificamos que a Prefeitura de Curitiba havia bloqueado o imóvel justificando que ele poderia ser de interesse público e poderia ser objeto de futura desapropriação”, complementa Pastre.
Apenas em 2014 o terreno do Clube do Golfinho foi liberado pela Prefeitura, que permitiu a construção do empreendimento imobiliário.
Foto: Facebook/Reprodução
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O Clube do Golfinho

A história do Clube do Golfinho soma vitórias e luta pela sobrevivência da natação paranaense. Fundado em março de 1975, o Golfinho foi iniciativa de pais de alunos de natação do Centro Israelita do Paraná: o empresário Berek Kriger, Abrão Fucks, Mauro Prieto, Ivan Gubert, Kozo Kaza e Júlio Gomel. A intenção era criar um centro de aprendizagem, sem que seus filhos tivessem que dividir a piscina com sócios que a utilizassem apenas para o lazer, como acontecia no Israelita.
“Treinei em fevereiro de 1976, antes da inauguração. Precisava de uma piscina para treinar para um campeonato sul-americano, em Maldonado, e fui a primeira pessoa a nadar nas piscinas do Golfinho”, conta Ilana Kriger, filha de Berek Kriger, um dos fundadores do Clube.
O Golfinho se tornou um dos primeiros clubes do país exclusivos para o ensino da natação e a própria Ilana se beneficiou dos ensinamentos que teve no espaço. Em 1977, no Troféu Brasil, em Minas Gerais, ela bateu o recorde sul-americano de natação na modalidade feminina dos 200 metros costa com o tempo de 2 minutos, 25 segundos e 88 centésimos.
Entretanto, o sucesso de Ilana e de outros atletas que competiam pelo Golfinho não foram suficientes para manter o clube em funcionamento. Em 1991, a sede foi penhorada por causa de desavenças e dívidas da administração e, posteriormente, absorvida pela Sociedade Juventus, que faliu.
Após o terreno do Clube do Golfinho ficar sem manutenção, um grupo de ex-atletas e frequentadores do Clube se uniram para recuperar o espaço. “Fomos falar com o prefeito Luciano Ducci para transformar o espaço em um clube da prefeitura para a prática de esportes aquáticos, mas a proposta não foi para frente”, relata a recordista.
“O clube estava abandonado e o ambiente era insalubre, ponto de venda de drogas. É melhor que fique moradia do que como estava antes, um terreno baldio”, comenta Ilana.
*Especial para HAUS.

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