Há tempos a Semana de Design de Milão é abraçada também pelo universo da moda. Maisons e grifes que estão entre as mais desejadas do mundo participam da programação do Fuorisalone apresentando seus lançamentos e novidades também para a moda casa. E neste ano não foi diferente.

De Armani a Louis Vuitton, de Loro Piana à Hermès e Dior, o que se viu durante a Milan Desing Week foi um desfile de mobiliário e artigos para a casa que uniam o melhor do design ao acabamento impecável dos tecidos e outros materiais.

Por ocasião do Fuorisalone, Giorgio Armani abriu as portas do Palazzo Orsini ao público pela primeira vez para apresentar as novidades da coleção Armani/Casa. A sede da empresa, na Via Borgonuovo, é um imóvel em estilo neoclássico, construído no século 17 pelo arquiteto Luigi Clerichetti. Para quem gosta de moda,  “Armani/Casa a Palazzo” foi uma oportunidade única de espreitar os interiores da maison.

Durante a Semana do Design de Milão, o público pôde visitar o jardim "secreto" do edifício, onde está exposta a primeira coleção outdoor da Armani/Casa, composta pelos sofá e poltrona Terence (com pufe), a espreguiçadeira Timothy, a mesa Thomas, além das mesinhas Turner e Terry.

Linhas agradáveis e essencialmente arredondadas fazem o contraponto às superfícies de madeira. As almofadas e as partes acolchoadas surgem revestidas por tecidos em jacquard da marca.

Nas salas do primeiro andar do Palazzo Orsini, o estilista apresentou a penteadeira Antoinette e a escrivaninha Camilla em novas versões. As peças foram realizadas de modo inteiramente artesanal e revestidas por mosaicos de madrepérola.

Quando o mundo da lã de alta qualidade encontra o design, o resultado é surpreendente. Prova disso é a coleção home da grife italiana Loro Piana, especializada em produtos de luxo - no seu portfólio próprio, reúne casacos, malhas e acessórios, além de fabricar tecidos, lãs e cashmere para grifes internacionais.

Desde o ano passado a marca investe no segmento casa e trouxe para a Semana de Design de Milão 2023 um projeto do artista e designer argentino Cristián Mohaded. A instalação "Apacheta" para Loro Piana Interiors ocupa o pátio do showroom, em Brera. O local foi decorado com as chamadas apachetas, que na versão de Mohaded, mais parecem totens. "São, na verdade, pilhas de pedras, neste caso revestidas em tecidos finos, que costumam marcar caminhos e passagens nos Andes, tornando-se ponto de partida de percursos", conta o criador.

Cristián Mohaded também desenhou uma série de móveis para a Loro Piana: são sofás, pufes, um banco e mesas de centro revestidos pelos tecidos fabricados pela grife, enriquecidos pela composição com madeira esculpida à mão e cerâmica.

A colaboração entre a maison e o designer não é casual. Mohaded é natural da província de Catamarca, no noroeste argentino, onde a Loro Piana se abastece da mais rara e preciosa das fibras animais naturais, a vicunha. A parceria é reforçada por valores compartilhados, como a paixão pelos materiais e pelo artesanato, e o interesse pela beleza e harmonia presentes nos contrastes.

Quem acompanha a Semana de Design de Milão sabe que a mostra da Louis Vuitton está sempre entre as mais concorridas - as filas de dobrar a esquina são prova disso. Neste ano, a Objets Nomades ocupou novamente o Palácio Serbelloni, localizado próximo à mais nova boutique da marca, na Praça San Babila, e reverenciou sucessos da marca, além de apresentar novidades.

Logo na entrada, a instalação de dois sucessos da marca, assinados pelos brasileiros Irmãos Campana, tornou-se parada obrigatória para fotos e vídeos. A poltrona Cocoon e o sofá Bomboca brilharam em versões metalizadas, sendo a primeira espelhada, com uma pegada disco.

No interior da mostra, em contraponto, reinaram os tons neutros, destacados pelos pontos de cores vibrantes das peças assinadas pelo Atelier Biagetti. A exceção são a poltrona e o sofá Binda, por Raw Edges, em uma composição de formas e cores de tirar o fôlego.

Outra das mostras que sempre consta no roteiro de quem visita a capital do design, a Hermès apareceu industrial e brutalista, com um percurso expositivo que destacava vergalhões e acabamento em cimento.

A permeabilidade visual era o ponto alto do percurso, uma vez que já da entrada era possível conferir os lançamentos, que destacaram os tapetes Cordélie, em algodão tecido à mão, assinados por Pierre Charpin, porcelanas da linha Saut Hermès, por Jochen Gerner, e luminárias em vidro com desenho de Harri Koskinen, batizadas Souffle d'Hermès.

A maison não ficou de fora e trouxe seu traço para o sofá Contour d'Hermès, com design da casa francesa, em lã, algodão e couro.