MDW2022

Feira de Milão 2022

Mais do que lançamentos e tendências, a Semana de Milão também é sobre a história do design

Sharon Abdalla
Sharon Abdalla
12/06/2022 17:35
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Não há como dissociar a Semana de Design de Milão da história do design mundial. Afinal, além dos seus 60 anos, celebrados em 2022, o Salone del Mobile.Milano é responsável por acompanhar e apresentar ao mundo os lançamentos e tendências que estiveram - e no futuro estarão - nas casas ao redor do mundo. Mas do que isso, ele é uma vitrine para as gigantes do setor e também para os novos talentos -- com a mostra Salone Satellite, destinada aos jovens designers --, para suas inovações em matérias-primas e processos e, principalmente, para revelar os desenhos, formas e cores que ambientam os espaços com forma, função e emoção ao longo das décadas.
Algumas delas ganharam destaque dentro da própria Rho Fiera, como foi o caso da coleção Quaderna, por Superstudio, que completa 50 anos e, por isso, ganhou três novos produtos para a coleção: mesa, mesa lateral e tapete, pela Zanotta.
Mas foi fora dos pavilhões da feira, na Triennale de Milão, que os visitantes da Milan Design Week 2002 (MDW 2022, na sigla em inglês) puderam se aprofundar e conhecer um pouco mais a história por trás de peças icônicas e a evolução do design através de sua linha do tempo.
São quatro as mostras destinadas ao tema. Logo na entrada, o Museu do Design Italiano apresenta sua coleção permanente das mais icônicas peças de design do país, selecionadas entre as mais de 1,6 mil do acervo da Triennale.
O percurso é apresentado por meio de uma linha do tempo que começa nos anos 1940, década considerada de disrupção e renascimento quando, em abril de 1945, cessa a Segunda Guerra Mundial com a liberação do nazismo e o fim do governo fascista. Nesta década, o destaque foca no design automobilístico, com os exemplos notáveis do Alfa Romeo 6C 2500 SS Cabriolet, com design por Pinin Farina, e da Ferrari 125 S, por Gioacchino Colombo. Outros grandes ícones desta década são a Vespa, by Corradino D'Ascanio para Piaggio, e a Lambretta, por Pier Luigi Torre e Cesare Pallavicino para Innocenti.
Nuova Fiat 500 D, por Dante Giacosa para Fiat, 1960
Nuova Fiat 500 D, por Dante Giacosa para Fiat, 1960
Na década seguinte, o crescimento econômico, as circunstâncias sociais e o desenvolvimento da tecnologia preparam o terreno para o nascimento de uma nova categoria de profissionais capazes de transformar tecnologias e materiais em produtos: os designers.
Nos anos 1960, a intensa migração do campo para as cidades e a propagação dos novos materiais e o desenvolvimento dos processos produtivos fizeram com que os objetos pudessem ser produzidos ou revestidos com plásticos coloridos ou a partir de um único molde o que, juntamente com a chegada do poliuretano rígido possibilitou novas soluções para o design de cadeiras, sofás e poltronas. A liberdade, a flexibilidade e a funcionalidade passaram a guiar os designers na composição de peças para promover um novo estilo de vida.
Poltrona Up5 Donna e UP6, por Gaetano Pesce, 1969/1973, para C&B Italia e B&B Italia
Poltrona Up5 Donna e UP6, por Gaetano Pesce, 1969/1973, para C&B Italia e B&B Italia
O 4004, primeiro microprocessador lançado pela Intel em 1971, e assinado pelo físico Federico Faggin, foi um dos principais lançamentos dos anos 1970 - e o que abriu as portas da evolução da comunicação digital que segue até os dias atuais. Um ano depois, o MoMa (Museu de Arte Moderna de Nova York), inaugura a coleção "Italy: The New Domestic Landscape", com curadoria de Emilio Ambasz e que foi crucial para a divulgação e conhecimento do design italiano pelo mundo.
Por fim, chega-se aos anos 1980, década na qual reina o movimento Memphis, que quebra os padrões até então conhecidos para o design ao apresentar um trabalho lúdico, que desbancava o funcionalismo e dava lugar à emoção, ao o que George Nelson chamou de "estado da alma". O estado da alma do final do século 20.
Mais de 200 peças, entre móveis e objetos, contam a trajetória do movimento Memphis
Mais de 200 peças, entre móveis e objetos, contam a trajetória do movimento Memphis
O movimento, inclusive, ganhou uma mostra própria: "Memphis Again", com direção de Christoph Radl. A exibição concentra mais de 200 móveis e objetos produzidos entre 1981 e 1986 pelo famoso grupo de designers, liderado por Ettore Sottsass. Ele, inclusive, também estava com uma exibição própria, "Ettore Sottsass. Strutura e Colore", que traz pinturas, desenhos, fotografias e objetos do designer. Ambas as mostras se encerram neste domingo, 12 de junho.

Cactusrama

Ainda na programação da Semana de Design de Milão, dentro da Triennale, a Gufram celebrou o aniversário de uma de suas peças mais icônicas, a Cactus, por Guido Drocco e Franco Mello. Feita de poliuretano flexível, a escultura é produzida com o molde original, datado de 1972, e tem sua superfície finalizada por artesanalmente.
A mostra leva o visitante através de uma jornada de 360° que apresenta 12 diferentes edições da Cactus.