Os 60 anos do Salão de Milão foram celebrados à altura. Apesar das críticas a respeito da falta de novidades e excesso de releituras, a oportunidade de encontrar designers, olhar de perto os produtos e estabelecer novos relacionamentos é sempre bom. Entre tantos destaques, vimos, com alegria, a conexão das novidades apresentadas com o que já temos no Brasil. Faz sentido que, em um mundo globalizado, as informações cheguem com rapidez assustadora. Mas a maior surpresa é perceber como o Brasil absorveu e aplicou essas novidades. Na Romanzza Curitiba, por exemplo, já recebemos mobiliário com design, cores e materiais que acabamos de ver em Milão.

Na EuroCucina vimos cozinhas híbridas, integradas e o absoluto centro de gravidade do lar moderno, agregador social e não apenas dispensador de necessidades essenciais. É aqui, de fato, que se concentra a maior parte das atividades diárias da família (não apenas jantar): home office e videochamadas, lição de casa e relaxamento. Toda essa importância ganhou metros quadrados nos projetos, e alcançou a área externa das casas. Prepare-se para, em breve, conhecer soluções superequipadas, portáteis ou não, que aliam versatilidade, praticidade e qualidade de materiais e desempenhos.

As cozinhas monocromáticas também conquistaram grande espaço no iSaloni, com metais, bancada e armários no mesmo tom. Ponto para o refinamento. A FTK: Technology For the Kitchen trouxe novidades cheias de design, inovação tecnológica, desempenho de última geração, eficiência energética e facilidade de uso. Um show de tecnologia. A automação ganha ainda mais força com estes itens, que podem ser interligados e comandados a distância, de acordo com a rotina e preferências de cada morador. Desse futuro a gente não escapa.

Outro ponto-chave do Salão de Milão foi a sustentabilidade. A proposta é estabelecer uma nova cultura e uma transformação real: materiais menos poluentes, voltados para a otimização dos recursos no dia a dia das cozinhas e preocupados com a funcionalidade para evitar o desperdício. Por isso, faz sentido que uma grande área estivesse tomada pela instalação “Design with Nature” (“Design com Natureza”). Os 1.400 m² projetados pelo arquiteto Mario Cucinella celebraram os 60 anos do iSaloni e com a narrativa de um ecossistema virtuoso que representa idealmente o futuro da vida doméstica.

Foram muitas soluções sustentáveis, passando pelos tecidos – ponto para a Reviva, marca italiana que fabrica tecidos feitos de PET 100% reciclado – em diversas cores e para espaços indoor e outdoor. A coleção de azulejos Forite, criação do Studio Plastique em parceria com o estúdio Snøhetta e Fornace Brioni, tem peças com componentes de vidro reciclado encontrados em geladeiras, fornos e micro-ondas descartados.

No final de tudo, o Salão de Milão trouxe muita inspiração e o convite para refletir sobre o que estamos construindo e fabricando e como isso impacta no mundo que queremos em um futuro bem próximo.