A Semana de Design de Milão, que aconteceu de 4 a 10 de setembro, trouxe alguns aperitivos do que será a EuroCucina 2022, mostra bianual que acontece paralelamente ao Salão Internacional do Móvel, na Rho Fiera, focada em todos os elementos relacionados às cozinhas. Como apuramos nos diversos showrooms das marcas célebres do setor, muitas delas seguraram suas principais novidades para o ano que vem. Porém, alguns lançamentos deram as caras e dão um sinal de para onde caminha a arquitetura das cozinhas.

De acordo com o italiano Maurizio Burrato, diretor da Interprint Itália -- fabricante de papéis decorativos para painéis de madeira que originam móveis e pisos -- as cozinhas continuam elegantes, com o predomínio de cores neutras, e principalmente tons de cinza. É o caso da Scavolini, por exemplo, com a linha De Linea, um modelo contemporâneo e sofisticado.

A mistura de materiais prevalece, com bastante uso da madeira, da laca, do vidro e de pedras, tudo junto. Nos armários, frames finos de metal e vidro permanecem. Confira a seguir algumas das novidades mais impactantes!

A Ikea Itália foi ousadia pura e apresentou uma proposta de cozinha sem geladeira. O projeto é do arquiteto italiano Alberto Costa, que vê um morar do futuro compacto, em residências de 35 m². Mas se não haverá mais geladeira, então, onde guardar os alimentos sem estragar? Para Costa, no futuro a água será escassa, nossos hábitos alimentares irão muda radicalmente. Para ele, todos os alimentos que hoje consumimos in natura e que precisam de refrigeração, passarão por processos que permitam o armazenamento seco, em potes. E de preferência, a água consumida será reaproveitada da chuva.

A Boffi trouxe novamente o modelo Xila, de Luigi Massoni, projetado em 1972. E não lançando novos modelos, a marca preferiu aprimorar algumas cozinhas do ano passado. Como é o caso da Aprile, de Piero Lissoni, em que a gaveta foi relançada em aço inox com o puxador em madeira. A outros modelos da Boffi foram adicionadas portas com texturas em relevo, em uma pegada bem menos minimalista que o usual.

Na mistura de materiais, destaque para as pedras. Tanto é que a própria Boffi criou uma nova superfície sintética e ecológica, feita de material reciclável, chamada MDI, que lembra as pedras naturais.

Já a Very Simple Kitchen reaproveitou restos de mármores descartados e chamou artesãos para criar tampos listrados para as duas cozinhas criadas pela designer sueca Tekla Evelina Severin. Os armários são todos de aço inox e modulares.

Na Valcucine, a estética da pedra natural encontra o potencial do vidro na coleção Vitrum Mimesis, que consiste em uma tecnologia digital de ponta da empresa que permite obter imagens de alta definição e muito detalhadas. Uma alternativa ecológica à pedra natural, os padrões recriam diferentes tipos do nobre material em superfícies de vidro e vidro fosco. Dos grãos suaves e sombreados de Gold Calacatta às linhas mais definidas do Saara. Desde as cores intensas do Emperador Dark e César’s Marble até os tons suaves do acabamento Deer.

Já a Molteni Dada traz um novo tampo de pedra de lava para a cozinha Ratio, seguindo proporções geométricas bem limpas e puras.

As cozinhas apareceram bem neutras, tanto as mais compactas quanto as mais em estilo lounge. Foi assim que veio a Casa Lago. A Effeti Milano preferiu o preto, valorizando mais a funcionalidade, a ergonomia e elementos customizáveis.

Claro que o tipo de cozinha depende do espaço disponível em cada residência. Mas para os adeptos da cozinha estilo lounge, ou espaço gourmet, como são chamadas no Brasil, elas ficaram ainda maiores. A Veneta Cucine aumentou as proporções dos armários, cerca de 8 cm a mais. No resultado final, o volume aumenta bastante.