Cidades inteligentes
Feira de Milão 2020
Guto Indio da Costa fala sobre realidade das smart cities no FuoriSalone 2020

Foto: Reprodução/Instagram
O Rio de Janeiro pode dar alguns passos consistentes rumo à aplicação de conceitos das cidades inteligentes até o final deste ano. Ao menos é o que espera o designer brasileiro Guto Indio da Costa, que colaborou no desenvolvimento da plataforma My City Smart junto à Metalco.
O designer falou sobre a iniciativa durante o evento “Smart, not just high tech”, parte da programação do Fuorisalone Digital, nesta terça-feira (16). Segundo ele, a iniciativa deve implementar alguns aspectos de uma espécie de rede de micromobilidade na capital carioca nos próximos meses.
A plataforma consiste em um aplicativo de smartphone que incorpora recursos típicos dos projetos das smart cities: conexão com informações de trânsito, segurança e vagas de estacionamento em tempo real, por exemplo. Nessa primeira fase, devem ser instaladas na cidade itens de mobiliário urbano que incluem carregadores de telefones, bicicletas e skates eletrônicos, entre outros.
“O usuário vai poder navegar nas informações, dados sobre segurança, acidentes, trânsito, estar completamente inteirado sobre a cidade, então é uma grande ferramenta de comunicação entre o público e os administradores da cidade”, explicou o designer a Alberto Mattiello, mediador da entrevista.
“Fizemos o sistema em que agentes de trânsito, bombeiros, ambulâncias, polícia, entre outros, podem estar conectados em tempo real. Esse hub de comunicação ainda não está implementado porque precisamos construir infraestrutura para isso”, destacou.
Adaptar, não fabricar
Perguntado sobre o que entende como uma smart city e sobre os projetos de construção destas novas cidades desde a primeira rua, Guto Indio da Costa defendeu que estruturas urbanas planejadas dentro deste tipo de estrutura atuem como laboratórios.
Segundo ele, transformar as cidades que já existem é mais desafiador, mas também mais tangível. “Quando você precisa trabalhar em cada lugar para transformar uma cidade que já tem seus próprios processos, sua própria cultura, é muito difícil e aí é que entram os designers”, disse.

Trabalhando em conjunto com profissionais de outras áreas, os designers podem contribuir com novos olhares para a forma como uma cidade do futuro deve funcionar. “Uma smart city deve usar a tecnologia, a informação sobre o funcionamento da cidade, para replanejar e reorganizar a cidade de uma forma melhor. É essa grande interface de conectividade que vai trazer informação do público para a cidade e vai permitir que os planejadores possam tomar decisões a partir disso”.
O designer ressalta ainda que a fase atual de isolamento social pode ajudar a ressaltar a importância de incorporar alguns princípios das smart cities. “Há uma grande correlação entre a maneira como as cidades são desenhadas e a pandemia. Acho que esta é uma grande oportunidade para repensarmos as estruturas urbanas, as nossas áreas externas, e isso já está acontecendo”, complementou.