FuoriSalone Digital
Feira de Milão 2020
Calçadas serão as novas praças? Designer italiano explica o conceito de parklet que está desenvolvendo

Um momento em que as pessoas poderão sair de casa novamente para ocupar as ruas tem sido um sonho para quem está em isolamento social. Para o designer italiano Luca Nichetto, é mais do que isso: é um projeto.
Por estar vivendo atualmente em um país que não teve uma experiência tão intensa de quarentena, a Suécia, ele pôde dar continuidade a uma parceria que estava desenvolvendo com a Metalco para a criação de um novo conceito de parklet, a linha Baia.
Conforme explicou em uma entrevista a Alberto Mattiello, diretor criativo da The Placemakers, durante a programação do FuoriSalone Digital, Nichetto está desenhando uma proposta de mobiliário urbano que passa uma mensagem clara para o futuro: as pessoas precisam substituir os carros na ocupação do espaço público.
No projeto, ele sugere um tipo de parklet, um sistema modular composto por elementos funcionais para criar áreas que combinam a sensação acolhedora de estar dentro de casa com a liberdade de estar lá fora, integrado com a natureza.
“É um tipo de plataforma que aproveita os espaços normalmente dedicados aos carros, mas com uma extensão da função do estacionamento para transformá-la em uma outra coisa, que possa ser aproveitada pelas pessoas”.
Essas “estações” urbanas consistem em estruturas metálicas e madeira multifuncionais. “Você pode relaxar, aproveitar o clima, socializar, até mesmo trabalhar. É um conceito que está conectado com a nossa vida dentro de casa, mas acontece lá fora”, explica ele.
A ideia, segundo Nichetto, é a de transformar as calçadas em áreas de convívio como são - ou, mais especificamente, como eram - as praças, como uma espécie de sacadas pública, ou espaços urbanos compartilhados.

Vida e pandemia como inspirações
A experiência de vida em sua cidade natal inspirou, de certa forma, o projeto de Nichetto. “Viver lá fora é muito diferente na Itália e na Suécia. Sou veneziano, nasci em uma ilha, e Veneza é muito peculiar, é o único lugar do mundo onde quase não há carros. Na Suécia, sinto falta da espontaneidade de poder sair sem me planejar, e quis traduzir um pouco isso”.
O designer reforça que é essencial que o mundo retorne da pandemia de coronavírus querendo aproveitar melhor as cidades. “Em toda crise, há novas oportunidades, e o coronavírus acelerou de certa forma mudanças necessárias que já existiam por causa da crise do meio ambiente. Essa crise atual vai nos fazer repensar os critérios a partir dos quais escolhemos os lugares que frequentamos. Uma das grandes mudanças é que a cidade volta a ser uma protagonista nesse tipo de vivência”, acredita.