O impedimento de expor fisicamente seus produtos e de receber milhares de visitantes para passear entre as exposições costumeiras da Design Week de Milão impôs às marcas alguns desafios.

Nos anos anteriores, o toque, os perfumes, e as sensações foram partes importantes das mostras que compõem a feira e representaram também fortes tendências para os mercados de design, mobiliário e decoração. No FuoriSalone 2020, inteiramente digital, o encantamento veio pela tela do computador, o que, por si só, não deixa de ser uma tendência que representa bem o ano que estamos vivendo - e os próximos que estão por vir.

Com 274 marcas apresentando seus lançamentos e novidades, a mostra online apresentou várias centenas de produtos voltados para os mais diversos nichos, antecipando estilos, inovações e tendências do que poderemos encontrar nas lojas e nas vitrines nos próximos meses.

HAUS reuniu aqui algumas delas:

Luz nunca combinou tanto com criatividade quanto neste ano. Peças que ajudam a dar o tom do ambiente, demarcando espaços e contribuindo com a adaptação dos cômodos de uma função para outra se destacaram, além da variedade de formatos e inspirações.

As luminárias de parede estão entre as que mais chamaram a atenção na edição, aparecendo entre as novidades de marcas como a Alma Light e a Dimore Masiero.

Entre os lançamentos que se destacaram, no caso da Alma Light, estão a lâmpada suspensa TheChandelier, a Fuji, nas versões pendente e lamparina de mesa, e a Tribeca, uma luminária USB com versão para a parede. Esta última chama a atenção pelo formato esférico, pelo ar artesanal, inspirado no Art Deco, e o fato de combinar materiais nobres como ferro e alabastro. Por outro lado, as estruturas são simples e contrastam com o 'peso' da madeira e da pedra.

Estreante no evento, a marca portuguesa MOR também apresentou alguns modelos de luminárias assinadas pelo designer Pedro Sottomayor.

Já a LEDS C4, companhia espanhola voltada a iluminação outdoor e indoor, apresentou novidades na sua coleção de peças com luz em LED. A Kiva Low Voltage é outro exemplo de como iluminar as paredes com personalidade.

Não foi só a B&B que apostou nas peças modulares, trazendo de volta o clássico Camaleonda. A ideia de poder compor peças especialmente para sua casa e de poder ajustar as composições das mesmas parece cada vez mais atrativa.

Olivier Vitry, da Claisse Architectures, foi um dos arquitetos que apostaram nesse tipo de estrutura. Ele assina o Adaptable Sofa, cujo nome já adianta o conceito do conjunto que inclui otomanas, poltronas e sofás completamente modulares.

O assento possui uma almofada inserida em uma estrutura tubular em forma de cesto, na qual é possível inserir ou remover com facilidade as costas do banco, apoios de braço e mesas quantas vezes você quiser. As almofadas são decoradas com veludo, contrastando com o acabamento em aço galvanizado preto da armação de metal.

Outro exemplo de sofá modular é o Click, de Toni J. Castaño, do estúdio Sancal. A partir de um mecanismo simples, semelhante ao usado no setor automotivo, o estúdio criou um sistema de assentos seccionais muito versátil. Além de sofás e composições personalizadas - às quais podem ser adicionados apoios de braços e mesas funcionais -, o Click pode ser configurado em poltronas e pequenos módulos para bares e cafés.

Biomateriais, tecnologias cada vez mais verdes e a preocupação com um olhar mais ecológico estendida à logística. Não é novidade que design está na linha de frente da preocupação com a sustentabilidade, mas a cada edição da Design Week, mais e mais marcas parecem abraçar essa tendência.

Tecnologias como Bloom, a resina à base de lignina, da Fenix, bem como as peças em resina de cristal, são alguns exemplos de materiais que vêm sendo desenvolvidos pensando em menor impacto ambiental.

Reuso e reaproveitamento de materiais também está em alta. A Pedrali, por exemplo, trouxe novas versões de peças já consagradas feitas inteiramente de material reciclado, como plástico e rejeitos industriais. As peças Remind e Babila XL são as primeiras peças da marca feitas integralmente em polipropileno reciclado.

Formas inspiradas em estilos como o art déco e o art nouveau, referências à Bauhaus, homenagens a grandes nomes do design sessentista. As marcas não economizaram elogios nostálgicos aos sucessos do passado, mostrando que não apenas estamos nos voltando mais para casa, mas também estamos retornando ao que, em algum momento da história do design, já fez sentido.

Monica Gasperini fez isso nas peças que assinou para a Artemest Virtual Craft Week, com peças como o balanço suspenso Ondulé, que homenageia o renascimento italiano. A tendência também está no catálogo de grandes marcas como a De Castelli, a Masiero, a Bisazza e as peças da coleção Quimera, de Elena Salmistraro.

As formas geométricas seguem em alta na decoração, com inúmeros ambiente compondo e contrastando quadrados, retângulos, triângulos e círculos. Mas as linhas curvas e arredondadas são as que mais marcaram presença.

As peças em resina de cristal que brincam com a tridimensionalidade trazem essas formas geométricas na modulação das luminárias de Adrian Cruz, que mistura cores inspiradas na cultura mexicana com formas puras em ônix e mármore.

Mas os exemplos não param por aí, figurando com destaque em marcas como a Masiero, a De Castelli, a Pedrali, a Adel, a CC-Tapis e a Kiiv.

Algumas tonalidades apareceram com força entre as tendências deste ano. Os tons pastel não vão a lugar algum, assim como o uso de contrastes e cores vivas na decoração. As marcas usaram e abusaram das cores-chave de 2020: Mellow Yellow, Cantaloupe, Cassis, Purist Blue e Neo-Mint.

Além disso, o dourado, que já deu as caras no ano passado, mais uma vez apareceu trazendo elegância até mesmo às peças mais corriqueiras. Selecionada para o Salone Satellite, a jovem designer Chanel Kapitanj, por exemplo, apostou nele para a Dool Shelf, um sistema de prateleiras de duas partes - um cone completado por uma prateleira fina e arejada - que parece flutuar na parede.

Luminárias que imitam a lua, a boca de um vulcão ou as cores do arco-íris. Peças que fazem referência às linhas e traços da madeira. São múltiplas as peças que foram buscar nas formas da natureza a inspiração.

A Wood-Skin, por exemplo, apresentou uma nova coleção de painéis dobráveis composta por três linhas diferentes: A-gami, O-gami e U-gami. Essa possibilita a criação de revestimentos tridimensionais exclusivos que referencia as dobras e texturas da natureza.

Quais necessidades foram criadas na sua vida pelo isolamento social? Do que você sentiu falta para tornar seu home office mais eficiente e confortável? As experiências dos próprios designers inspiraram algumas das tendências para o escritório caseiro nesta edição do FuoriSalone.

Em alguns casos, a solução vem da tecnologia, como é o caso das luminárias da Dyson, que adaptam-se de forma inteligente à luz do dia local, à idade e às tarefas a serem executadas pelo morador.

Suportes e intensidades adaptáveis ajudam a melhorar o desempenho visual, detecção inteligente de luz do dia ajuda a reduzir o consumo de energia elétrica utilizando um algoritmo exclusivo de hora, data e GPS e um sensor de luz ambiente com filtro de bloqueio fotópico por infravermelho

Item essencial para o home office contemporâneo, a estante de livros está também entre as peças reinventadas pelos designers neste ano. A The Perfect Bookshelf, com sistema de armazenamento patenteado há mais de 30 anos pelo designer Alain Chennaux, neste ano aparecem em novas cores e acabamentos. A estante permite ao usuário transformar seu formato dependendo do espaço que tem em casa.