Estilo & Cultura
Construído em madeira, sem pregos ou parafusos, templo japonês com 32 metros de altura é finalizado em SP
Foto: Divulgação
Há séculos a técnica japonesa de encaixe em madeira intriga e encanta projetistas e amantes da arquitetura mundo afora. Agora, quem visitar a cidade de Ribeirão Pires, na Região Metropolitana de São Paulo, poderá conferir de perto detalhes desta técnica construtiva que levanta monumentos de muitos andares sem utilizar nenhum prego ou parafuso sequer.
Nesta quinta-feira (23), será aberta ao público a Torre de Miroku, réplica da construção existente no Templo Horyu-Ji, considerado patrimônio mundial pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), com 32 metros de altura erguidos a partir do encaixe em madeira durante mais de 12 anos de obra.
Localizada às margens da Represa Billings, a construção teve início nos anos 2000 quando seus idealizadores, o Reverendo Minoru Nakahashi (falecido em 2012) e a artista plástica Lilian Bomeny, visitaram o templo japonês (o mais antigo do mundo em madeira) e quiseram construir algo semelhante no Brasil, para que as pessoas tivessem um lugar para meditar e elevar a espiritualidade.
A obra
Cerca de 400 toneladas de madeira (angelim pedra, jatobá e eucalipto) foram utilizadas para erguer a Torre de Miroku, que teve suas vigas encaixadas uma a uma e intercaladas com concreto. Para a cobertura dos cinco telhados da construção, foram produzidas 15 mil telhas a partir de um molde trazido do Japão pelo Reverendo Nakahashi. Cada um deles representa uma parte do corpo de Kannon (divindade tanto masculina quanto feminina que é reverenciada no Oriente), sendo o primeiro e menor deles a cabeça, o segundo o pescoço, o terceiro o peito, o quarto a barriga e o quinto as pernas, que formam o alicerce.
O templo ainda traz vitrais assinados pela artista plástica Lilian Bomeny, executados com cristais de Murano durante cinco meses, e conta com uma escultura de Kannon de oito metros de altura e quatro toneladas em blocos de embuia folheados a ouro 24 quilates.
Na área de 75 mil m² onde a torre está localizada ainda foram construídas uma capela (Okunoim), um espaço reservado para a imagem de Nossa Senhora Aparecida e uma área dedicada a São João Batista, santo padroeiro do Japão. O espaço também conta com jardim Zen, minicachoeira e lago com carpas.