Estilo & Cultura

Conheça 13 pontos que contam a história da cultura negra em Curitiba

Felipe Gonçalves
25/11/2016 21:36
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Igreja do Rosário foi a segunda edificação religiosa da capital paranaense (Daniel Castellano/Gazeta do Povo) | GAZETA

Que Curitiba teve forte influência dos imigrantes europeus já se sabe. Basta olhar em volta, os lambrequins nos beirais, os quitutes estrangeiros nas feiras de comida típica ou os sobrenomes cheios de consoantes em algumas ruas. Mas o desenvolvimento da capital também teve a participação intensa dos povos africanos, assim como em todo o Brasil. Para quem quer mergulhar nessa história, fizemos um roteiro que passa por pontos da cidade com alguma relação com a cultura negra, como construções em que a mão de obra foi composta por escravos e profissionais negros, até locais onde há retratação ou homenagens aos imigrantes africanos.
O trajeto foi baseado em uma rota estabelecida pelos pesquisadores do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) da Universidade Federal do Paraná, e foi pensado para ser percorrido a pé, com monitoria dos membros do NEAB. Os organizadores do roteiro propõem a reflexão sobre como a população negra foi retratada e é vista em meio à sociedade local.
Venha conhecer mais dessa história com o roteiro a seguir:

Ruínas de São Francisco

Acredita-se que o local foi pensado para ser uma igreja, e foi iniciada por devotos portugueses do início do século passado. Embora o nome, o local nunca foi acabado, e a participação de negros no processo de construção incluiu o local no roteiro.
Ruínas de São Francisco na verdade fazem parte de construção inacabada, que teria sido projetada como igreja, e foi construída por negros no início do século passado (Henry Milléo/Gazeta do Povo)
Ruínas de São Francisco na verdade fazem parte de construção inacabada, que teria sido projetada como igreja, e foi construída por negros no início do século passado (Henry Milléo/Gazeta do Povo)

Igreja do Rosário

O nome original é Igreja do Rosário dos Pretos de São Benedito, e acredita-se ter sido construída por negros organizados em irmandades. Foi construída em estilo colonial e é apontada como a segunda igreja erguida na capital paranaense.

Igreja do Rosário foi a segunda edificação religiosa da capital paranaense (Daniel Castellano/Gazeta do Povo)
Igreja do Rosário foi a segunda edificação religiosa da capital paranaense (Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Memorial de Curitiba

O local guarda obras de arte e uma biblioteca de documentos e publicações ligados à cultura da cidade. Neste ponto, um painel retrata a população negra de forma estereotipada, e por isso o local foi incluso no roteiro.

Bebedouro do Largo

Ponto de parada dos tropeiros, o local foi rota para muitos negros que viajavam e passavam pela capital, como retratado em aquarelas de Debret sobre Curitiba.

Largo da Ordem

A região do Centro Histórico de Curitiba se desenvolveu com técnicas de construção trazida pelos povos africanos, como adobe e taipa. Alguns prédios públicos de proporções maiores só foram possíveis por meio destas técnicas.
Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Arcadas do Pelourinho

Levantados para marcar a fundação de uma vila, o pelourinho era o local onde os escravos eram castigados. Em Curitiba, o local ficava onde hoje é a Praça José Borges de Macedo, ao lado do Paço da Liberdade.

Praça Tiradentes

Além do assoalho original da praça, provavelmente construído com mão de obra de negros, a praça contém um conjunto de Gameleiras, árvores sagradas e simbólicas para as religiões de matriz africana.
Praça Tiradentes foi uma das primeiras da cidade, e hoje preserva o assoalho original da região (Fernando Zequinão/Gazeta do Povo)
Praça Tiradentes foi uma das primeiras da cidade, e hoje preserva o assoalho original da região (Fernando Zequinão/Gazeta do Povo)

“Água pro Morro”

A escultura criada pelo curitibano Erbo Stenzel retrata Anita, modelo do artista. Foi pensada para representar uma jovem negra carregando uma lata d’água para o morro (a escultura foi criada no contexto do Rio de Janeiro, como projeto final do curso de Stenzel na Academia Nacional de Belas Artes-RJ).
Estátua criada pelo curitibano Erbo Stenzel representa mulher negra carregando lata com água, e teria sido inspirado em Anita, um antigo relacionamento do artista (Antonio More/Gazeta do Povo)
Estátua criada pelo curitibano Erbo Stenzel representa mulher negra carregando lata com água, e teria sido inspirado em Anita, um antigo relacionamento do artista (Antonio More/Gazeta do Povo)

Praça Zacarias

Outro ponto ligado ao início da cidade e a consequente participação da população negra, a Praça Zacarias tem um chafariz representando o primeiro sistema de abastecimento urbano de Curitiba.

Praça 19 de Dezembro

Outra criação de Erbo Stenzel, a praça contém escultura do famoso Homem Nu, que apresenta traços típicos da população negra.
Conhecida como Praça do Homem Nu, a Praça 19 de Dezembro foi construída em homenagem ao centenário da emancipação política do estado (Jonathan Campos/Gazeta do Povo)
Conhecida como Praça do Homem Nu, a Praça 19 de Dezembro foi construída em homenagem ao centenário da emancipação política do estado (Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Praça Santos Andrade

O local contém uma modesta homenagem à Colônia Afro-Brasileira, proposto pela Câmara de Vereadores de Curitiba.

Sociedade Beneficente Treze de Maio

Criada durante o regime escravagista, o local foi organizado por negros no intuito de preservar a memória e a cultura da população negra de Curitiba. Se localiza na região do Alto São Francisco, local de residência de um grande número de pessoas negras.
A Sociedade Beneficente Treze de Maio foi organizada por operários negros e hoje preserva muito da cultura dos povos africanos em Curitiba (Daniel Castellano/Gazeta do Povo)
A Sociedade Beneficente Treze de Maio foi organizada por operários negros e hoje preserva muito da cultura dos povos africanos em Curitiba (Daniel Castellano/Gazeta do Povo)
A Sociedade Beneficente Treze de Maio foi organizada por operários negros e hoje preserva muito da cultura dos povos africanos em Curitiba (Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Memorial Africano

Único ponto mais afastado do centro de Curitiba e dos outros locais do roteiro, o Memorial Africano se localiza no Pinheirinho, e foi inaugurado em 2010 na Praça Zumbi dos Palmares. É ponto de reunião e de ações culturais da juventude negra de Curitiba.
Memorial Africano foi criado em 2010, na Praça Zumbi dos Palmares, e tem 54 colunas representando cada um dos países da África (Antonio More/Gazeta do Povo)
Memorial Africano foi criado em 2010, na Praça Zumbi dos Palmares, e tem 54 colunas representando cada um dos países da África (Antonio More/Gazeta do Povo)

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