Estilo & Cultura

Paraty e Ilha Grande avançam em processo para se tornar Patrimônio Mundial da Unesco

Aléxia Saraiva
27/05/2019 20:43
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Região histórica e conjunto arquitetônico de Paraty. Foto: Wikimedia Commons

As cidades fluminenses de Paraty e Ilha Grande estão a apenas um passo de se tornarem o próximo Patrimônio Mundial brasileiro pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Isso porque, no último dia 14, elas avançaram uma das etapas mais importantes para garantir o título: o parecer técnico favorável da instituição, que reconhece a área como “sítio misto de excepcional valor universal”. Como sítio misto, a valorização do espaço é dupla: tanto da parte natural como da cultural. Se aprovado, o título será o primeiro do tipo concedido ao Brasil.
O resultado final será divulgado durante reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, que acontece entre os dias 30 de junho e 10 de julho em Baku, no Azerbaijão. O aval da Unesco teve como base o parecer favorável de dois órgãos assessores: o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) e a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A candidatura da região chegou à última etapa em 2009, quando foi rejeitada pelo Comitê com a orientação de que a inscrição fosse refeita, ampliando os elementos listados  — processo que levou dez anos para se concretizar.
Entre os principais destaques apontados por eles estão a grande biodiversidade de espécies da Mata Atlântica no local, e um sistema excepcional de interação entre cultura e meio ambiente na região.
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o espaço contemplado é de 204 mil hectares. Na listagem, estão incluídas quatro áreas de preservação ambiental: o Parque Nacional da Serra da Bocaina, o Parque Estadual da Ilha Grande, a Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul e a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu — o que totaliza 187 ilhas com vegetação primária.
Foto: Flickr / Deni Williams
Foto: Flickr / Deni Williams
Entre os bens culturais, estão o Centro Histórico de Paraty e as comunidades tradicionais que habitam na região, como quilombolas e guaranis. Além disso, o sítio recebe, desde 2003, um dos maiores festivais literários do país: a Festa Literária Internacional de Paraty, que em 2018 movimentou mais de 20 mil pessoas na cidade.
Foto: Flickr / Deni Williams
Foto: Flickr / Deni Williams
A candidatura foi viabilizada por uma parceria entre Ministério do Meio Ambiente, Iphan, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Prefeituras Municipais de Paraty e de Angra dos Reis, Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Fórum das Comunidades Tradicionais e Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina.

Quais as vantagens de se tornar Patrimônio Mundial?

Um dos retornos imediatos do título de Patrimônio Mundial é o turístico. Dados do Iphan apontam que o Conjunto Moderno da Pampulha (MG) recebeu 50 mil visitantes a mais por ano desde que recebeu o reconhecimento em 2016.
Painel de Portinari para a Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, em Belo Horizonte, em que ele representa o santo e diversos animais. Foto: divulgação
Painel de Portinari para a Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, em Belo Horizonte, em que ele representa o santo e diversos animais. Foto: divulgação
O título também multiplica a economia da região, facilitando aportes de doadores públicos e privados. Um exemplo é o caso da recuperação da cidade de Goiás (GO) após uma enchente em 2001, 15 dias após receber o título de Patrimônio Mundial.
Segundo o livro Comunicação e Cidades Patrimônio Mundial do Brasil, publicado pelo Iphan em 2010, houve uma mobilização de mais de 30 instituições para revitalizar a cidade — estatais, órgãos governamentais, ONGs, organizações religiosas e prefeituras vizinhas. “O resultado foi a surpreendente recuperação da cidade, situação que dificilmente teria acontecido não fosse sua condição de cidade Patrimônio Mundial“.
Segundo o historiador Jean-Pierre Halévy, o Brasil é um dos raros países a apresentar uma gama de patrimônio que vai da pré-história ao período contemporâneo. Atualmente, são 21 sítios inscritos na Lista do Patrimônio Mundial da Unesco — dez culturais e sete naturais. Confira aqui quais são eles.

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