Estilo & Cultura
A evolução da arquitetura nos dois lados do muro de Berlim
East Side Galery, à beira do rio Spree, em Berlim. Fotos: Julie Krauniski/Divulgação.
Com a queda do muro de Berlim, em 1989, um dos lados do rio, que pertencia à Alemanha Oriental (RDA), ficou vazio. A região, na parte comunista, não se desenvolveu ao longo dos anos, devido à localização fronteiriça. Desde a unificação, a cidade vem preenchendo e modernizando os espaços da antiga RDA. Um dos projetos mais ambiciosos é o chamado Mediaspree: empresas de peso em mídia e startups têm se estabelecido ao longo de uma das partes do rio que corta a capital, o Spree. O foco é na área próxima à East Side Galery, uma parte do muro ainda em pé, em frente ao rio, que acabou virando uma galeria de grafites a céu aberto.
Mudança
Geograficamente falando, hoje os papéis se inverteram. O lado ocidental do rio continua quase o mesmo, mas agora cheio de startups, cafés, bares, restaurantes e clubes. Uma das novas empresas, a Global Leads Group, que abriga a marca brasileira Cupons Mágicos, tem vista privilegiada para a antiga Berlim Oriental. A equipe de 23 pessoas, composta por funcionários de nove países (Brasil, México, Espanha, Itália, França, Portugal, Alemanha, Rússia e Ucrânia), desfruta de um ambiente jovem e leve, no coração hipster da capital alemã. “Não há nada melhor do que ir de bicicleta ao trabalho todos os dias e cruzar o rio pela linda Oberbaumbrücke, ponte vermelha construída no século 18, que separa o leste do oeste. Todos os dias, atravesso as ‘duas Berlins’. É maravilhoso aproveitar a pedalada e ir percebendo a diferença entre os lados que costumavam ser separados pelo muro”, declara Diana Marco, gerente de marketing do Cupons Mágicos.
Geograficamente falando, hoje os papéis se inverteram. O lado ocidental do rio continua quase o mesmo, mas agora cheio de startups, cafés, bares, restaurantes e clubes. Uma das novas empresas, a Global Leads Group, que abriga a marca brasileira Cupons Mágicos, tem vista privilegiada para a antiga Berlim Oriental. A equipe de 23 pessoas, composta por funcionários de nove países (Brasil, México, Espanha, Itália, França, Portugal, Alemanha, Rússia e Ucrânia), desfruta de um ambiente jovem e leve, no coração hipster da capital alemã. “Não há nada melhor do que ir de bicicleta ao trabalho todos os dias e cruzar o rio pela linda Oberbaumbrücke, ponte vermelha construída no século 18, que separa o leste do oeste. Todos os dias, atravesso as ‘duas Berlins’. É maravilhoso aproveitar a pedalada e ir percebendo a diferença entre os lados que costumavam ser separados pelo muro”, declara Diana Marco, gerente de marketing do Cupons Mágicos.
A rua Schlesische Str., no lado ocidental do rio, também é cheia de escritórios de arquitetura. O Raumlaborberlin, por exemplo, é um coletivo de oito arquitetos experimentais, que atuam na intersecção de urbanismo, arte, intervenção urbana e arquitetura. Focam em áreas urbanas difíceis – lugares divididos por diferentes sistemas, períodos históricos ou ideologias. O grupo também se interessa por locais abandonados ou em transição, que contêm alguma relevância para processos de transformação urbana.
Na outra margem do rio, durante a Guerra Fria, os edifícios industriais foram transformados em torres de vigilância. O muro de Berlim (1961 – 1989) ficava ao longo da margem oriental e o desenvolvimento ali se tornou-se impossível. Com a unificação, começaram os planos de ocupação da margem “comunista” do Spree. Contudo, demoraram a ser implementados devido às circunstâncias econômicas. Um dos critérios para os projetos era que as empresas candidatadas fossem envolvidas com arte, mídia ou entretenimento. Outro era a apresentação de conceitos arquitetônicos ambiciosos, que deixassem a beira do rio livre para acesso público.
Mediaspree
Em 2002, a Universal Music recuperou o antigo frigorífico Eierkühlhaus, com financiamento do Senado no valor de 10 milhões de euros. O prédio, projetado por Oskar Pusch, foi construído em 1928 e conta com fachada funcional e elementos Bauhaus, como paredes grossas de alvenaria e padrão decorativo em forma de balão feito com cimento. O antigo frigorífico foi convertido em escritório pelo arquiteto berlinense Reinhard Müller, que decidiu abrir a fachada e cobrir com uma cortina de vidro. Os elementos históricos das janelas, tetos em abóbada de berço e paredes foram conservados.
Em 2002, a Universal Music recuperou o antigo frigorífico Eierkühlhaus, com financiamento do Senado no valor de 10 milhões de euros. O prédio, projetado por Oskar Pusch, foi construído em 1928 e conta com fachada funcional e elementos Bauhaus, como paredes grossas de alvenaria e padrão decorativo em forma de balão feito com cimento. O antigo frigorífico foi convertido em escritório pelo arquiteto berlinense Reinhard Müller, que decidiu abrir a fachada e cobrir com uma cortina de vidro. Os elementos históricos das janelas, tetos em abóbada de berço e paredes foram conservados.
No início de 2004, um antigo armazém, de 1907, foi completamente remodelado para a MTV Central Europe. Projetado originalmente pelo arquiteto berlinense Friedrich Krause, o prédio de concepção classicista, incluindo telhados de quatro águas e clínqueres de alvenaria, recebeu elevadores, escadarias e garagem subterrânea. Os escritórios comportam até 300 funcionários, arquivo, áreas técnicas, áreas comuns e creche.
O nhow é um novo conceito em hotéis: offbeat, dinâmico, algo entre local e internacional. Cada unidade tem seu próprio tema – sempre variantes de moda e arte. No nhow Berlin, o tema é música e o público é formado por viajantes cosmopolitas, jetsetters e músicos. O hotel tem seu próprio gerente musical e instrumentos estão entre os tipos de serviço de quarto para sessões de música. O hotel também disponibiliza um estúdio de gravação, com vista panorâmica, em colaboração com o lendário Hansa Berlin.
Nas margens do Rio Spree, o nhow Berlin está no epicentro da cena criativa de dois bairros: Friedrichshain e Kreuzberg. Integrar a arquitetura industrial local combinada à efervescência cultural da cidade foi tarefa atribuída ao arquiteto Sergei Tchoban e ao designer Karim Rashid. O conceito arquitetônico do hotel envolve a interseção do edifício em três torres. O bloco superior parece flutuar 36 metros acima do Spree. A fachada de clínquer e o bloco, que paira quase que livremente sobre a margem do rio, lembram um guindaste e também a antiga área portuária do local. As áreas comuns do hotel – lobby, recepção, restaurante, bar e salas de conferências – estão localizados no térreo. Janelas enormes parecem tornar o hotel parte do espaço público. Um telhado parcialmente de vidro permite ver o chão da torre flutuante.
Hoje, a antiga Berlim comunista é até mais moderna do que a outra. Após a queda do muro, o governo alemão investiu e tem investido pesado na “capitalização” do leste. Mas os guindastes ainda estão por todos os lados. Vamos acompanhar.