Estilo & Cultura
Da selva para cidade: o leão na arquitetura é símbolo de proteção
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Vigilante, ladeando a escadaria no Palacete dos Leões, na rua João Gualberto. Foto: Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo.
Na selva, ele é rei. Na cidade, anda caçado, assim como os imóveis antigos, mas os remanescentes não negam sua majestade.
Mais do que elementos arquitetônicos decorativos, os leões estão ali de guarda, protegendo a propriedade. “A imagem mais imediata que temos deste animal é a do rei da floresta. Aquele que tem força, coragem, bravura e que amedronta quem está por perto”, explica Nancy Valente, professora da PUCPR e responsável pelo LATER (Laboratório de Conservação e Restauração). “É natural que seja usado nas construções como guardião.”


Segundo o arquiteto Key Imaguire Jr, a utilização da imagem do leão vem da Antiguidade. “Além dele, também eram usadas outras figuras, como elefante, águias e grifos, todos para espantar o mal”, contextualiza. Isso explicaria o posicionamento das estátuas nas edificações. “Eles estão sempre em portões, ladeando escadarias, em colunas altas ou no topo dos prédios, sempre vigilantes e prontos para impedir o acesso”, diz Nancy.
Onde encontrá-los
Por força do tempo e pelas mudanças de estilo arquitetônico da cidade, os leões começaram a desaparecer. Em Curitiba ainda são vistos em locais históricos, como a Casa Hoffmann, construída em 1890, no Largo da Ordem. A casa sofreu várias adaptações ao longo dos anos e foi destruída por um incêndio em 1996. Apenas as paredes externas e a fachada – com presença de leões – foram mantidas. Hoje o lugar é sede do Centro de Estudos do Movimento, referência para artistas e outros profissionais com atuação nas áreas de dança, teatro, artes plásticas e educação.
Por força do tempo e pelas mudanças de estilo arquitetônico da cidade, os leões começaram a desaparecer. Em Curitiba ainda são vistos em locais históricos, como a Casa Hoffmann, construída em 1890, no Largo da Ordem. A casa sofreu várias adaptações ao longo dos anos e foi destruída por um incêndio em 1996. Apenas as paredes externas e a fachada – com presença de leões – foram mantidas. Hoje o lugar é sede do Centro de Estudos do Movimento, referência para artistas e outros profissionais com atuação nas áreas de dança, teatro, artes plásticas e educação.

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Símbolo do ciclo da erva-mate no Paraná, o Palacete dos Leões, casarão localizado na Rua João Gualberto também tem seus leões. Construído em 1902 para ser residência da família de Ermelino Leão Júnior, o prédio foi projetado pelo engenheiro Cândido Ferreira de Abreu e construído em estilo eclético, que se caracteriza pela riqueza de detalhes. Ali, os leões estão em escadas, acima de janelas e no alto de colunas na fachada. O local atualmente funciona como espaço cultural, mantido e coordenado pelo BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul.
O leão alado também aparece em algumas construções. Símbolo de São Marcos, o animal com asas faz referência aos imigrantes italianos. “Com o leão alado os imigrantes sentiam-se protegidos, mesmo em terra estrangeiras”, explica Nancy. Por vezes, o leão alado é representado junto com a figura de um livro. “Quando os venezianos conquistavam uma cidade, colocavam a imagem do leão alado. Se o povoado fosse conquistado pacificamente, a figura vinha acompanhada de um livro aberto, se houvesse guerra, o livro era fechado”, explica. No monumento localizado no bairro de Santa Felicidade, em homenagem aos italianos, o livro está aberto. “Aqui, os imigrantes chegaram e se estabeleceram por conta própria”, diz.

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A figura do leão alado ainda tem outra interpretação. “Nota-se um sincretismo nessa imagem. Quando há mistura de elementos de dois animais, é como se a força de ambos estivesse somada”, explica Imaguire Jr. Na esquina da Rua Riachuelo com a Rua Carlos Cavalcanti é possível observar essas figuras em um prédio que hoje abriga a Escola de Escrita.
