Estilo & Cultura

No calor da arte

Eloá Cruz, especial para a Gazeta do Povo
27/02/2014 03:08
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A designer e artista plástica Jacqueline Terpins explora o calor para dar movimento as suas peças, conhecidas no Brasil e exterior. Seja em vidro, prata, aço inoxidável, cristal soprado, madeira ou corian (material maciço, composto por minerais naturais e acrílico de alta qualidade), ela explora os diversos materiais e concede a eles a liberdade para se transformarem em formas infinitas.
De onde surgiu essa motivação para trabalhar com o vidro ou com outros materiais que permitem que você possa fundir e transformar?
Eu trabalhava com argila, que é um material absolutamente maleável. Basta molhar e brincar com ele. O vidro tem o impeditivo da alta temperatura, então você não pode tocá-lo. O que toca e molda a peça é a quantidade de vapor que se forma entre o jornal molhado que protege a mão do artista e o objeto. A obra não contém a memória do toque, porque o vapor não é uma ferramenta controlável, mas um meio.
Há algum material que você gostaria de trabalhar que ainda não experimentou?
Estou estudando trabalhar com porcelana fina. A pesquisa de matéria-prima e de mídias é interminável e acontece junto da criação. Ela faz parte dessa procura de novas formas.
Quais são suas inspirações?
A natureza é quem me inspira, me toca profundamente. Para isso, viajo a lugares onde ela se exprime fortemente. Estou falando do deserto do Atacama, das geleiras da Patagônia, das montanhas da Capadócia, das pirâmides no México. Persigo a minha emoção diante dessas manifestações, que vêm de Deus. Não é uma questão religiosa, mas é profunda.
Você procura usar materiais sustentáveis?
A massa vítrea contém cacos. Então o vidro é reciclável. A madeira é toda certificada. Uso madeira laminada, que é reaproveitada e otimizada. E com o corian é a mesma coisa da massa vítrea.
Qual é a sua avaliação em relação ao design de produto brasileiro no cenário mundial?
O Brasil tem uma tradição criativa incrível. A nossa convivência com a abundância de cores e de culturas faz com que o design nacional seja – tanto na área de objetos e móveis, como também na moda – uma expressão única. Eu acho que o design brasileiro é muito bem visto e respeitado. Começa com o Sérgio Rodrigues nos anos 1960, ganhando com a Poltrona Mole o prêmio na Itália.
E agora nos últimos anos o fenômeno dos irmãos Campana criando uma tendência de sustentabilidade dentro da peça. Isso provocou os “filhos” dos Campana, que vão construir ainda mais a história do design brasileiro.