Estilo & Cultura

Maquinários históricos do ciclo da erva-mate são danificados pelas chuvas do fim de semana

Sharon Abdalla
Sharon Abdalla
06/03/2018 10:30
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Foto: Prefeitura de Araucária / Divulgação | Carlos Poly

O grande volume de chuvas que atingiu Curitiba e a Região Metropolitana no último sábado (3) deixou estragos, também, nos imóveis históricos. Em Araucária, o prédio que abriga o Museu Tingüi-Cuera ficou completamente alagado e teve parte de seu acervo danificado. A água subiu tanto que passou de 1,5 m de altura em alguns pontos do imóvel, localizado dentro do Parque Cachoeira.
Além do grande volume de chuva, a localização da edificação dentro do parque foi outro fator que contribuiu para que a água invadisse com força as instalações do museu. “O museu está a cerca de 20 m de distância do leito do Rio Iguaçu, que corta o parque. Por conta da chuva, o rio transbordou e a água invadiu parte do museu”, conta Eduardo Tavares, secretário de Cultura e Turismo da Prefeitura de Araucária.
Água e lodo invadiram as instalações do museu devido à forte chuva. Foto: Márcio Assad / Arquivo Pessoal
Água e lodo invadiram as instalações do museu devido à forte chuva. Foto: Márcio Assad / Arquivo Pessoal
A área mais danificada foi a do térreo, que abriga a exposição permanente do museu. A mostra traz maquinários e ferramentas do período do ciclo da erva-mate e também peças de mobiliário em madeira que fazem referência à imigração polonesa, como lembra Tavares.
A água também chegou ao segundo pavimento do prédio, cujas calhas não foram suficientes para vencer o volume d’água. Nele, porém, não foram registrados danos significativos ao auditório, sala de reuniões ou área administrativa, que funcionam no local.

O prédio

O prédio que abriga o Museu Tingüi-Cuera foi construído no início da década de 1940 para receber as instalações da Indústria Torres, fábrica de extrato de tomate de propriedade de Archelau de Almeida Torres. Juntamente com a Companhia São Patrício, que produzia fios e tecidos de linho, esta empresa marcou o início da industrialização de Araucária, impulsionando a economia do município.
“Essas eram as duas únicas fábricas da época. O prédio da Família Torres também é uma das primeiras edificações deste porte da cidade”, lembra Tavares. Construído em alvenaria, ele tem cerca de 1 mil m² e arquitetura simples, que remete à sua função fabril. Para o secretário de Cultura e Turismo, os destaques da construção ficam por conta do telhado, com telhas de barro, e das amplas janelas.

Museu

A Indústria Torres encerrou suas atividades na década de 1960. Depois deste período, o prédio teve outros usos até receber as instalações do Museu Tingüi-Cuera. Inaugurado em 1980 no antigo prédio da Companhia São Patrício, o museu teve seu endereço alterado para o prédio da Família Torres em fevereiro de 1982, data de inauguração do Parque Cachoeira. Seu nome homenageia os primórdios indígenas do município de Araucária e significa “local onde habitam os tingüis que são valentes e destemidos”.
Exemplar de maquinário do ciclo da erva-mate em exposição no museu. Foto: Prefeitura de Araucária/Divulgação
Exemplar de maquinário do ciclo da erva-mate em exposição no museu. Foto: Prefeitura de Araucária/Divulgação
Após o alagamento pelas chuvas do final de semana, equipes do município trabalham na limpeza e análise das peças do acervo. Segundo Tavares, cerca de 80% dos trabalhos já foram concluídos. “Estamos fazendo de tudo para que no próximo final de semana o museu possa estar de portas abertas ao público. Acreditamos que isso vá acontecer”, projeta o secretário de Cultura e Turismo.
Tavares destaca, ainda, o projeto de ampliação e revitalização do museu que será realizado via termo de ajustamento de conduta (TAC) entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e uma empresa do setor privado. De acordo com ele, este termo irá direcionar cerca de R$ 1 milhão para a construção de um novo prédio, anexo ao museu, destinado à reserva técnica; a atualização e modernização das instalações elétricas e de informática do edifício; e o custeio de cursos para os profissionais do museu.
“Estamos em conversa desde o ano passado e, agora, estamos na fase de finalização deste projeto. A previsão é de que neste ano seja realizada a licitação e as obras tenham início”, projeta Tavares.

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