Estilo & Cultura
Morre o designer brasileiro Sergio Rodrigues
O designer Sergio Rodrigues em sua cadeira Chifruda
O arquiteto e designer carioca Sergio Rodrigues morreu na manhã desta segunda-feira (01), por volta das 7 horas, em sua casa, no Rio de Janeiro (RJ). Segundo informações de seu escritório, a causa da morte foi insuficiência hepática.
A cremação será nesta quarta-feira (03), das 9h às 14h, no Memorial do Carmo, na capital fluminense. Ele tinha 87 anos, três filhos e vivia com a mulher.
Para o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Rodrigues “deixa um legado rico e reconhecido internacionalmente”. “A Poltrona Mole é sua obra mais importante, mas ele também se destacou pelas edificações dos pavilhões de hospedagem e restaurante da Universidade de Brasília, em 1962. Profissional dedicado, estava em permanente atualização com os meios técnicos de criação de mobiliários”, destaca o IAB-RJ, em nota.
Apontado como um dos mais importantes criadores do móvel moderno no Brasil, Rodrigues foi responsável por uma grande variedade de peças. Ao lado de Joaquim Tenreiro e José Zanine Caldas, levou o design brasileiro a ser conhecido internacionalmente.
Atuando inicialmente como arquiteto, Rodrigues trabalhou ao lado de David Azambuja, Flávio Regis do Nascimento e Olavo Redig de Campos no projeto do Centro Cívico de Curitiba. Depois, trilhando caminho percorrido por João Batista Vilanova Artigas, Oscar Niemeyer, Oswaldo Bratke e Paulo Mendes da Rocha, saltou da arquitetura para o design de móveis.
O designer usava madeiras nativas em suas criações e resgatou o espírito da mobília tradicional, além de aspectos do Brasil indígena. Teve várias de suas peças escolhidas para integrar o mobiliário do Palácio do Planalto, do Itamaraty e da Universidade de Brasília, entre outros.
Paraná
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Além de iniciar sua carreira arquitetônica no projeto do Centro Cívico de Curitiba, o designer mantinha forte vínculo com a capital paranaense. Há cerca de 13 anos, firmou parceria com a empresa Lin Brasil, com sede na cidade, que passou a deter a licença dos produtos assinados por ele.
A Decormade, que possui fábrica e loja na capital, tem showroom exclusivo com obras do designer e produz algumas de suas poltronas. Graças a essas relações, Rodrigues vinha mensalmente a Curitiba para aprovar protótipos e participar de jantares.
Lucas Bond, arquiteto, diretor de projetos da Decormade e proprietário da mini:Brasil, que faz miniaturas das poltronas e cadeiras mais célebres de Rodrigues, mostra sua admiração pelo designer. “Os móveis dele são encantadores e atemporais. Esse é o verdadeiro design, um desenho que nunca é superado e atravessa o tempo, sem deixar de ser apreciado”, diz Bond.
Rodrigues era sobrinho do escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues e vinha de uma linhagem artística muito forte no Rio de Janeiro. Bond conta que, desde pequeno, o designer se inspirava em insetos e animais, e criava suas obras com um poder de transformação incrível.
“A poltrona Kiling foi uma homenagem à esposa, que ele chamava carinhosamente de esquilinho. Se você olha a cadeira, consegue ver as características do esquilo, e o que mais surpreende: de uma forma feminina”, descreve Bond.
Segundo ele, o designer também era conhecido por sua graça e bom humor. “Ele contava muitas histórias divertidas, que enchiam a nossa alma. Sabia valorizar a vida, os amigos. Vai ser lembrado pela sua alegria.” O arquiteto Jayme Bernardo lamenta a morte de Rodrigues. “É uma perda irreparável para a cultura brasileira. Ele foi um dos ícones do design brasileiro do século XX.”
A Casa Cor Paraná 2014, evento patrocinado pelo Gazeta do Povo que vai até 5 de outubro, conta com três poltronas de Rodrigues. Na Sala Brasileiríssima, da engenheira civil Janaina Macedo, há exemplares das poltronas Diz e Mole. No Lounge Apolar, do arquiteto Jorge Elmor, há uma poltrona Chifruda.