Estilo & Cultura

Cotado inicialmente para o Bom Retiro, Memorial Paranista vai para Parque São Lourenço com esculturas gigantes

Aléxia Saraiva
11/01/2018 20:00
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Parte do Parque São Lourenço vai abrigar Museu Paranista e Jardim de Esculturas João Turin. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

O prefeito Rafael Greca (PMN) assinou no dia 20 de dezembro um decreto que instaura o Memorial Paranista e o Jardim de Esculturas João Turin no Parque São Lourenço. A localização dos projetos é nova, já que em setembro o prefeito declarou à HAUS a intenção de utilizar o espaço do Bosque Bom Retiro para instalar o memorial.
Segundo o Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), não seria possível utilizar o espaço para a realização do projeto por se tratar de um terreno privado de propriedade da Federação Espírita do Paraná (Fep). A negociação com a Fep foi pausada em dezembro. “O prefeito pode ter outros projetos com a área que não esse”, afirma Danilo Allegretti, assessor de Gestão Patrimonial da Fep.
Greca estava em negociação com a Federação Espírita Paranaense para abrigar memorial no Bosque Bom Retiro. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo
Greca estava em negociação com a Federação Espírita Paranaense para abrigar memorial no Bosque Bom Retiro. Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo
A área foi motivo de mobilização popular em prol da preservação do bosque após a compra de parte do terreno pelo Grupo Angeloni para a construção da nova unidade da rede. O movimento ficou conhecido como “A causa mais bonita da cidade”. O bosque está dividido entre a parte do terreno adquirida pelo Angeloni e a parte que pertence à FEP, a qual pretende manter o espaço.

O maior jardim de esculturas do país

O Memorial Paranista vai abrigar 78 réplicas de obras do escultor paranaense João Turin. As esculturas serão reproduzidas em “escala heroica”, o que corresponde a 2,5 vezes o tamanho médio de uma pessoa. De acordo com Greca, este será o maior jardim de esculturas do Brasil. João Turin foi um dos principais expoentes do Movimento Paranista, que buscou a identidade do Paraná em meio à sua mistura de culturas.
A escultura Luar do Sertão é uma das 78 obras escolhidas para serem reproduzidas no novo jardim. Foto: reprodução
A escultura Luar do Sertão é uma das 78 obras escolhidas para serem reproduzidas no novo jardim. Foto: reprodução
O Jardim de Esculturas também prevê 325 bancos de praça desenhados por Turin, um para cada ano de Curitiba. O desenho do banco inclui ícones do Paraná, como pinhões, grimpas e ramas de pinheiros, e será feito em concreto.
Decreto assinado pelo prefeito Rafael Greca  destina parte do Parque São Lourenço para Memorial Paranista.  Na foto, réplica do banco desenhado por João Turin e duas obras a serem reproduzidas no Jardim de Esculturas. Foto: Valdecir Galor/SMCS
Decreto assinado pelo prefeito Rafael Greca destina parte do Parque São Lourenço para Memorial Paranista. Na foto, réplica do banco desenhado por João Turin e duas obras a serem reproduzidas no Jardim de Esculturas. Foto: Valdecir Galor/SMCS
A previsão é que os locais fiquem prontos entre 2019 e 2020. Atualmente, a proposta está em fase de estudo e desenvolvimento. Além do Ippuc, estão envolvidos no projeto a Fundação Cultural de Curitiba e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

João Turin e o Movimento Paranista

O Movimento Paranista nasceu no início do século 20 e buscou a construção de uma identidade regional do Paraná principalmente nas áreas da história e da arte. Segundo Luís Fernando Lopes Pereira, pesquisador do tema e professor de História do Direito na UFPR , João Turin foi um dos três principais artistas desse movimento, junto dos pintores João Ghelfi e Lange de Morretes.
Obras de Lange de Morretes traziam paisagens tipicamente paranaenses, geralmente envolvendo araucárias. Foto: reprodução
Obras de Lange de Morretes traziam paisagens tipicamente paranaenses, geralmente envolvendo araucárias. Foto: reprodução
Encabeçado por Romário Martins, o movimento angariou fundos para levar os artistas a estudarem arte no exterior, para posteriormente poderem desenvolver uma arte identitária local. A rosa de pinhões, tradicional símbolo das calçadas de petit pavê curitibanas, é obra conjunta dos três e caracteriza a identidade paranista.
Rosa de pinhões que ilustra calçadas de petit pavê em Curitiba é herança do movimento paranista. Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo<br>
Rosa de pinhões que ilustra calçadas de petit pavê em Curitiba é herança do movimento paranista. Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo<br>
Para o pesquisador, o Movimento Paranista é uma preocupação identitária que ainda tem sua validade. “Ele é um movimento permanente, até pela peculiaridade de ter criado uma identidade de uma ideia projetada para o futuro” explica. “[A identidade paranista é uma] colcha de retalhos de várias etnias, todas passíveis de serem abarcadas por esse movimento”.

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