Estilo & Cultura

Japão vai doar casas abandonadas para ocupar espaços vazios; entenda

Luciane Belin*
12/12/2018 09:58
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Fotos: Reprodução inakanoseikatsu.com/

A população do Japão está encolhendo e o resultado disso é que, nos últimos anos, 8,2 milhões de espaços residenciais ficaram desocupados, de acordo com um relatório de 2013 do Ministério de Terras, Infraestrutura, Transporte e Turismo do país. Destes espaços, estima-se que 2,2 milhões sejam casas inteiras, abandonadas pelos seus antigos moradores e que permanecem vazias há anos – as chamadas akiya.
A forma como o Japão encontrou para lidar com este problema foi vender algumas das residências por valores incrivelmente baixos ou, em outros casos, doá-las.
Os motivos que levaram a esta situação em diferentes cidades nipônicas são os mais variados. Muitas casas foram deixadas depois que seus moradores foram movidos para casas de repouso ou morreram, mas não foram ocupadas pelos herdeiros, que já possuíam suas próprias casas ou estavam em cidades diferentes.
Além disso, os japoneses são tão apaixonados por inovação que, em muitos casos, a ideia de morar em um apartamento ou casa de segunda mão se tornava desinteressante, especialmente frente à facilidade para construir ou adquirir novas propriedades em algumas regiões do país.
A realidade que se conhece mundo afora, de pessoas morando em cápsulas, por exemplo, é aplicável apenas nas grandes cidades; ou seja, não é correspondente a todo o país. Por outro lado, a maior parte das akiyas está no interior do Japão, em áreas rurais, em subúrbios ou nas periferias, não necessariamente espaços interessantes para todos os japoneses.
De acordo com o mesmo relatório do ministério, apenas 14,7% das casas do país são de segunda mão, um número impressionante se for considerado o fato de que o mesmo dado em países como o Brasil ou os Estados Unidos gira entre 70% e 90%.

Ocupando os vazios

Depois de levantar as propriedades vagas, que agora estão listadas neste site, o governo japonês colocou as casas à disposição de quem se interessar, com contratos que variam de acordo com o histórico da casa.
Residências que carregam estigmas – como terem sido cenário de suicídios, assassinatos ou mortes solitárias, por exemplo – e aquelas muito mal localizadas, em regiões perigosas ou muito afastadas, são as menos valorizadas.
Para ocupar as akiyas, os voluntários – que podem ser japoneses ou estrangeiros, se cumprida uma série de requisitos burocráticos para entrar no país – precisam entrar em contato e negociar as condições de ocupação do imóvel. Em algumas cidades, os governos locais oferecem ainda outros subsídios para que o novo dono possa reformar ou dar um novo destino ao imóvel, transformando-o em uma nova casa ou em um estabelecimento comercial.
*Especial para Haus.

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