Estilo & Cultura
Instalação de roda-gigante no RJ gera polêmica por operação de empresa ligada à Igreja Universal
Imagem meramente ilustrativa. Foto: Bigstock
Roda-gigante tá na moda. Depois de Balneário Camboriú anunciar a construção do maior exemplar da América do Sul e São Paulo celebrar que iria levantar uma assinada pelos mesmos criadores da London Eye, o Rio de Janeiro começou sua própria ‘novela’ para também ter uma roda-gigante para chamar de sua.
A empresa Gramado Parks, do Rio Grande do Sul, saiu vencedora da licitação para explorar um terreno de 2,4 mil m², vizinho ao AquaRio no Porto Maravilha. A intenção é instalar uma roda-gigante de 88 metros, desbancando a atração do parque Hopi Hari, em São Paulo, que, com 44 metros, é considerada a maior do Brasil hoje. O ingresso deverá custar entre R$ 20 e R$ 30 por pessoa, segundo apuração do jornal O Globo.
Mas alguns vereadores e deputados estaduais tem acusado a empresa de favorecimento, por ter uma forte ligação com a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). De acordo com o colunista Ancelmo Gois, a vereadora Teresa Bergher fez um requerimento ao prefeito Marcelo Crivella (PRB) sobre a Gramado Parks e o deputado Átila Nunes (MDB) encaminhou representação ao Ministério Público com o mesmo questionamento.
Na rede social (veja o post na íntegra logo abaixo), o deputado afirma: “Encaminhei uma representação ao Ministério Público reunindo provas do favorecimento à empresária gaúcha Manu Caliari, dona de uma loja e de um parquinho de diversões na pequena cidade de Gramado, que também é vereadora pelo PRB, braço partidário da Igreja Universal. A empresa chama-se Gramado Parks Investimentos e Intermediações Ltda. Nas redes sociais pode-se facilmente identificar a empresária Manu Caliari, cujo nome é Manoela Gonçalves da Costa Caliari em vídeos e fotos num ritual da IURD chamado “Fogueira Santa”, bem como identificando-se, ao lado do marido, seu sócio, com a frase: “Eu sou Universal”.”
A empresa concorrente, a Porto do Rio Empreendimentos, contesta a vitória da adversária e entrou com recurso administrativo para tentar ganhar a concorrência. A Gramado Parks contra-atacou e entrou com um recurso na última sexta-feira (25). Agora, a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp) tem até quarta-feira (30) para anunciar a vencedora definitiva.
Em resposta, a Gramado Parks publicou uma nota de resposta em O Leia Fácil, um conglomerado de jornais locais de Canela, Gramado e Caxias do Sul. A empresa destaca que “participou de um processo de licitação, transparente, promovido pela Companhia de Desenvolvimento do Porto Maravilha do Rio de Janeiro (CDUURP) voltada para a melhor proposta. A concorrente, aliás, teve espaço para dar lances verbais e perdeu. Iniciamos a fase de lances com um valor três vezes maior. Estranho seria a menor proposta vencer. Este valor reverterá à CDURP, em prol dos anseios da comunidade carioca.”
Nota da Gramado Parks
“Em relação à postagem do deputado estadual Átila Nunes em rede social, criticando a instalação da roda-gigante que será construída pela Gramado Parks no Porto do Rio de Janeiro, cabem alguns esclarecimentos:A Gramado Parks participou de um processo de licitação, transparente, promovido pela Companhia de Desenvolvimento do Porto Maravilha do Rio de Janeiro (CDUURP) voltada para a melhor proposta. A concorrente, aliás, teve espaço para dar lances verbais e perdeu. Iniciamos a fase de lances com um valor três vezes maior. Estranho seria a menor proposta vencer. Este valor reverterá à CDURP, em prol dos anseios da comunidade carioca.Cabe ressaltar, ainda, que os órgãos de fiscalização estão atentos aos certames licitatórios, bem como, qualquer dúvida que possa existir.A cessão do espaço público não foi a título gratuito, mas oneroso. Buscando distorcer a verdade, o deputado dá a entender que a roda seria um investimento do Município, como se o prefeito optasse entre investimentos sociais básicos e o turismo. Ao contrário do afirmado, o investimento para construção da Roda e o risco na sua operação é totalmente privado; a tal modo que a administração pública jamais poderá ser prejudicada e nem fará qualquer investimento, pois o empreendedor arcará com estes valores independentemente do sucesso da roda-gigante que pretende instalar.É inaceitável o deputado chamar pejorativamente Gramado de “cidadezinha”, justo uma comunidade que se orgulha de ser uma referência no turismo nacional, sendo apontada como um de seus três principais destinos, status que alcançou pela dedicação incansável de seu povo trabalhador e hospitaleiro.Da mesma forma, o deputado desmerece o Snowland – gerador de 300 empregos diretos, referindo-se como “parquinho”, manifestação que revela total desconhecimento da realidade. Desconhece, inclusive, a nossa expertise, já que operar um parque de neve no Brasil é muito mais difícil do que uma roda-gigante, que emprega 70 pessoas. Tão complexo é a administração de um parque de neve que, passados quase cinco anos, não temos concorrente em todo o continente americano, nem mesmo nos Estados Unidos da América, país conhecido por seu empreendedorismo no setor do turismo.Lamentamos a intolerância religiosa do deputado. Só porque uma pessoa é membro da Igreja Universal não quer dizer que o negócio pertence à Igreja. Não há qualquer motivo para macular o processo licitatório, pois o fato de sócios/diretores de uma empresa possuírem a mesma crença religiosa do senhor prefeito não quer dizer nada além do exercício de um direito fundamental.Esperamos que na próxima vez o deputado tenha maior cuidado na apuração dos fatos e não se deixe pautar por uma nota de jornal ou, talvez, por aqueles que se sentem derrotados. O processo licitatório foi conduzido segundo as leis e o digno deputado não apontou qualquer fato que o pudesse viciar.”