Estilo & Cultura
Ícone do pós-modernismo, arquiteto Robert Venturi morre aos 93 anos

Foto: Wikimedia Commons
Considerado por muitos como o pai do pós-modernismo, o arquiteto Robert Venturi faleceu nesta terça-feira (18) vítima de “uma doença leve”, como informou a família Venturi ao Architect’s Newspaper.
Vencedor do prêmio Pritzker, considerado o Nobel da arquitetura, em 1991, o norte-americano da Filadélfia marcou um período da arquitetura no qual as cidades, como as conhecemos hoje, começavam a se consolidar e conquistou reconhecimento entre os pares, chegando a integrar importantes associações como a American Institute of Architects e o Royal Institute of British Architects – como membro honorário.
Nascido em 25 de junho de 1925, Venturi estudou arquitetura na Universidade de Princeton. Em 1944, quando chegou, o curso era ligado ao departamento de arte e arqueologia, o que alimentou seu interesse pela história da arquitetura.

Esse interesse fundaria a sua forma de reagir à pureza daquele que ficou conhecido como estilo internacional, com suas casas como caixas brancas e janelas em fita, habitadas pelo homem do futuro – cuja existência a realidade da guerra negou brutalmente.
Seus primeiros trabalhos foram com modernistas fora da linha, Eero Saarinen, popularizado pela mesa oval que leva seu nome, e Louis Kahn, que cultivava certo aspecto místico aliado ao rigor geométrico em sua arquitetura.
Uma bolsa de estudos o levou por dois anos a Roma. Na volta da Europa, conheceu Denise Scott Brown, também professora da Universidade da Pensilvânia. Casaram-se em 1967.

Os dois trabalharam juntos a partir de 1969, no escritório que Venturi havia estabelecido com John Rauch. Juntos, também foram professores em Yale e assinaram prédios com desenhos que remetiam a frontões e frisos de templos gregos, como o Museu de Arte de Seattle, de 1991 – ano em que Venturi recebeu o Pritzker.
Em seu discurso, agradeceu a honraria como se ela fosse dada também a sua mulher, excluída do reconhecimento. Robert Venturi dizia que usava a história como referência, não como inspiração. Apesar disso, sua influência derivou em um sem fim de cópias meramente formalistas, espalhadas mundo afora.
Atuação na literatura da profissão

Crítico da filosofia do “Menos é Mais”, o Less is More, do modernista alemão Mies van der Rohe, Robert Venturi chegou a dizer que “Menos é Chato”, na célebre frase “Less is Bore”, contida no livro “Complexidade e Contradição em Arquitetura”, de 1966.
Encantado pelo excessivo, tinha em Las Vegas um de seus maiores fascínios. Com seus luminosos e estacionamentos, a cidade era, para Robert Venturi, tão importante e merecedora de estudo quanto a Europa medieval ou a antiguidade clássica.

Entre suas principais obras, o arquiteto e teórico escreveu “Aprendendo com Las Vegas” ao lado de Denise Scott Brown, sua esposa e parceira de profissão.
Dedicado a entender os significados dos símbolos presentes na arquitetura, o livro, lançado em 1972, busca compreender as virtudes da Strip, principal avenida de Las Vegas.
Bem longe da cidade que tanto o inspirava, Venturi faleceu na Filadélfia, onde viveu a maior parte de sua trajetória. O arquiteto, que tinha Alzheimer, morreu ouvindo Beethoven, segundo disse ao New York Times o urbanista James Venturi, seu único filho com Denise Scott Brown.
Em uma declaração feita ao Architect’s Newspaper, a família Venturi disse:
“Robert Venturi, um dos principais arquitetos do mundo, morreu aos 93 anos. Ele faleceu pacificamente em casa na terça-feira depois de uma doença leve. Uma declaração mais elaborada sobre a vida incrível de Bob será realizada nos próximos dias. Por enquanto, Denise Scott Brown e James Venturi pediram que respeitássemos seus desejos de privacidade no período de luto”.
*Com informações Folhapress e Archdailly