Estilo & Cultura

Entrevista com a artista plástica Romy Pocztaruk

Bruna Covacci, especial para a Gazeta do Povo
23/10/2014 02:34
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Uma linha tênue entre a ruína e o registro do que ficou. Esta é a relação do último trabalho da artista plástica gaúcha Romy Pocztaruk com a arquitetura. Embora não saiba dizer ao certo de onde vem o seu interesse pela área, não nega que influências da mãe e da irmã, ambas arquitetas, e de seu pai, engenheiro civil, que tornaram o tema recorrente em seu dia a dia, foram importantes para a apuração do seu olhar. O trabalho com a fotografia se mostrou uma linguagem para contar histórias e retratar o que vê. Diversas imagens de espaços que ela fotografou pelo mundo nos últimos anos, sempre com o viés arquitetônico como foco, estão compiladas em uma exposição na SIM Galeria. Além da mostra na capital paranaense, ela é uma das atrações da 31.ª Bienal de São Paulo, que acontece até dezembro. No dia do lançamento da mostra, Romy conversou com o Viver Bem.
Como começou o seu trabalho com fotografia?
Na verdade, quando eu entrei na faculdade de Artes Visuais eu pensava em trabalhar com pintura e com desenho, mas acabei me formando em Escultura. Foi nesta época que a fotografia apareceu. Inicialmente ela era um registro dos meus trabalhos e só tomou forma à medida que a fui descobrindo. Não sou uma profissional da fotografia, é o meio que uso hoje para expor ideias, amanhã pode ser outra coisa.
O que a fascina em um projeto?
Principalmente a ruína. Mas não só. Me fascina o significado que elas têm para as cidades, acho que é uma forma interessante de olhar para o passado e projetar o futuro e, ao mesmo tempo, reviver sentimentos e acontecimentos.
Quando você voltou seu trabalho para isso?
Em 2010 eu morei em Berlim e descobri por acaso vários lugares abandonados. É uma das cidades que mais carrega em si esse confronto direto de passado e presente. Fiz um vídeo, Traumberg (2010), que integra a mostra na SIM, filmado em super-8 que exibe vários espaços abandonados, como um antigo centro de espionagem norte-americano (do período da Segunda Guerra Mundial), um parque de diversões, entre outros. Esse trabalho foi um catalisador de ideias e projetos. Depois disso iniciei o gatilho da pesquisa.
Você acredita que as imagens conseguem exprimir a história do local?
Não necessariamente. Acho que a legenda guia um pouco nosso olhar. Mas sentimento e história dependem das pesquisas. E a imagem também depende disso. Uma coisa completa a outra.
Você tem vontade de trabalhar com interiores?
A minha última aventura na Amazônia tinha muito disso. Eu pedia licença, conversava com as pessoas, entrava nas casas e retratava o cotidiano delas.