Estilo & Cultura
Curitiba sempre teve carnaval! Veja imagens das festas de outros tempos
Carnaval na Sociedade Polono-brasileira Tadeusz Kosciuszko Fotos: Casa da Memória / Reprodução
O carnaval de Curitiba é uma esfinge. Como o monstro mitológico, a folia lança seu desafio e todos os anos quem se mostra incapaz de responder é devorado pela realidade. Sem dó. A antropóloga Caroline Blum, estudiosa da festividade local, explica: “O pré-carnaval de Curitiba se consolidou como um espelho que mostra como a cidade gosta de se ver, mas o carnaval escancara a cidade que poucos querem enxergar”.
Desde sempre. Em 1938, por exemplo, um informe do Clube Curitibano avisava que era proibido usar trajes de malandro, as cuícas estavam proibidas e as máscaras só eram permitidas até as 24 horas. Em resumo, como defende a pesquisadora, porque se trata de um festejo essencialmente popular, sem qualquer distinção social ou controle, e um símbolo da identidade da comunidade negra da Curitiba que sempre quis ser europeia.
Mas, goste ou não, o carnaval é inevitável como herança cultural brasileira. Como costumava sentenciar Ismael Cordeiro, o Maé da Cuíca (1927-2012), personagem mais importante do samba em Curitiba: o carnaval vai sempre acontecer, porque é como aniversário, tem todo ano.
Abraçando a folia
O primeiro carnaval da capital paranaense de que se tem notícia data de 1857, como apontam registros do arquivo público da Casa da Memória. Foi um grande baile no Teatro Curitiba, na Rua 13 de Maio, antiga Rua dos Alemães, com cidadãos mascarados que fizeram batalhas de bolas de cera recheadas com água perfumada.
Algumas décadas depois, em 1870, o carnaval local se inspira no carnaval veneziano e começa a caminhar para os clubes tradicionais, em uma tentativa de afastar o grosseiro entrudo português, como aponta João Carlos de Freitas no livro “Colorado: a primeira escola de samba de Curitiba”.
A partir de 1890 as famílias de bom poder aquisitivo e os clubes passaram a organizavam os corsos, desfiles de carros abertos enfeitados, puxados a cavalos, que formavam filas e ocupavam toda a Rua Comendador Araújo, até a Estação Ferroviária.
Aí começa o sucesso estrondoso das folias nos clubes sociais, que perduram até hoje. Com especial destaque para o Clube Curitibano, o Thalia, o Country Club e o Operário, cada qual com suas comunidades específicas da época. Mas pouco se sabe sobre as antigas folias, pois os registros em arquivo público são rarefeitos.
O que se sabe é que a rivalidade entre os clubes só era comparada a dos times de futebol. Disputavam títulos de quem promovia as melhores festas, as folias mais originais e as danças mais alegres. Promoviam concursos internos de fantasias e contratavam blocos e orquestras para animar o carnaval. Disso, pouco sobrou. Boa parte dos clubes festeiros deu espaço a prédios e as ruas assistem a uma folia pré-carnavalesca. Agora, é só esperar o carnaval que vem.