Curitiba busca título de Capital Mundial do Design

A Capital Mundial do Design de 2018 pode ser Curitiba – e será, com toda certeza, latino-americana. O título concedido a cada dois anos pelo Conselho Internacional das Sociedades de Design Industrial (Icsid, na sigla em inglês), com sede no Canadá, será entregue no próximo dia 18, em Gwangju, na Coreia do Sul, durante a Assembleia Geral do Icsid a uma das duas cidades classificadas para a fase final da seleção: a capital paranaense e a Cidade do México.

Já foram “donas” do título Turim, na Itália, em 2008; Seul, na Coreia do Sul, em 2010; Helsinque, na Finlândia, em 2012; Cidade do Cabo, na África do Sul, em 2014. Taipei, Taiwan foi escolhida para 2016.

O que as duas capitais latinas terão a oferecer em termos de inovação depois das contribuições destas cidades ao cenário mundial de design? “Ambas impressionaram nosso comitê com seus planos de design voltados para o desenvolvimento da cidade”, conta Augie Van Biljouw, diretora de comunicação da Icsid.

Durante inspeção relâmpago realizada em agosto deste ano, representantes da entidade canadense foram apresentados a diversos projetos que utilizam o design como solução para desafios urbanos. Em Curitiba, eles visitaram locais como a Rua XV, o Paço Municipal, o Teatro Paiol, a Rua da Cidadania do Carmo, o Jardim Ambiental da Rua Schiller e a Praça Rui Barbosa, onde está a primeira Tuboteca. “Enquanto Curitiba dá continuidade a um legado de décadas em design e planejamento urbano, desenvolvendo projetos disciplinares e inovadores, a Cidade do México cria intercâmbios no setor com outras cidades da América Latina e do mundo”, diferencia Van Biljouw.

A história de amor entre Curitiba e o design iniciou-se com a criação do IPPUC, em 1965, para acompanhar a execução do Plano Diretor, elaborado em 1965 a partir de projeto concebido por Jorge Wilheim (1928-2014) e pela empresa Serete. Desde então, a cidade tornou-se referência em planejamento urbano. “Um caso emblemático e reconhecido mundialmente é o Sistema de Transporte Urbano com destaque para a Estação Tubo”, diz professor de Design da PUC-PR, Ivens Fontoura. Ele lembra que pequenos detalhes, como as cores que identificam cada tipo de transporte em Curitiba, são um exemplo de como o design está a serviço da qualidade de vida: amarelo para as linhas tradicionais; laranja para os alimentadores; vermelho para a linha expressa; verde para as linhas circulares; cinza para o ligeirinho; azul para o ligeirão.

Reconhecimento
No ano passado, Curitiba tornou-se o primeiro município brasileiro a fazer parte da rede de cidades criativas da Unesco como referência em design. Títulos como esse são, sem dúvida, um reconhecimento às transformações positivas vividas pela cidade ao longo das décadas – que ainda consegue se manter inovadora, com projetos de ciclomobilidade e a ação crescente dos coletivos urbanos, apesar de problemas como o excesso de carros nas ruas, incentivado por medidas como a criação de binários e a estagnação do sistema de transporte coletivo.

“Há uns 40 anos, quando visitantes chegavam a Curitiba, não havia nada a fazer, onde levar. Hoje, são necessários vários dias para caminhar por vários bairros para ver os parques da cidade. Esta diferença temporal transformou-se em referência nacional e mundial, certamente criada pelo design da cidade”, opina Fontoura.

O título de Capital Mundial de Design deve ser percebido pela cidade vencedora como uma espécie de vitrine internacional. “Ela ganhará visibilidade como centro de criatividade e inovação, atraindo investimentos e pessoas criativas, fortalecendo o desenvolvimento econômico, melhorando a qualidade de vida de seus cidadãos”, conta Augie Van Biljouw. Se escolhida, Curitiba terá de realizar diversos eventos durante todo o ano de 2018 – serão mais de 200, entre exposições, feiras, simpósios e workshops.