Estilo & Cultura
Esquecido pelos curitibanos, Centro de Criatividade quer retomar sua vanguarda nas artes e no design

“Sabemos que é um espaço cultural, mas ele não tem muita visibilidade. As poucas informações sobre ele dentro do parque fazem com que não saibamos exatamente de quem ele é ou se podemos ir lá”. A impressão que o casal Layanne Cristina Feitoza de Araújo e Eder Júnior Monteiro da Silva tem sobre o Centro de Criatividade de Curitiba (no Parque São Lourenço) ilustra o que boa parte dos curitibanos pensa ou conhece a respeito do local.
Localizado dentro do Parque São Lourenço, no bairro de mesmo nome, o Centro de Criatividade já foi um dos mais reconhecidos pontos de encontro das artes e do design da cidade. Nos últimos anos, entretanto, parece ter sido esquecido pelos curitibanos que, mesmo passando ao lado dele para acessar o parque, não costumam demonstrar muito interesse pelo que funciona ou é ofertado em suas instalações.

“As pessoas vêm, deixam os carros no estacionamento do Centro de Criatividade, mas não sabem que aqui temos um teatro ou um ateliê de escultura [entre tantas outras atividades] de onde saem trabalhos maravilhosos em bronze e mármore”, constata Desirée Dias Fabri, coordenadora do espaço.
Revitalização
Para reverter este quadro, a Fundação Cultural de Curitiba (FCC), responsável pela administração do local, tem investido em iniciativas com o objetivo de lançar luz e convidar os curitibanos a vistarem o Centro de Criatividade. A realização da feira de design autoral Arteria, neste domingo (10), é uma delas. Até as 18h, mais de 20 expositores de marcas locais, que oferecem de vestuário e joias a mobiliário, plantas e objetos de decoração, estão reunidos nesta que é a segunda edição do evento.

“A ideia é que a feira seja itinerante e ocupe lugares importantes da cidade. E aqui é um desses lugares. O Centro de Criatividade realiza um trabalho voltado ao ensino de ofícios ligados à arte, o que é muito importante resgatar, pois as novas gerações não o conhecem”, destaca Maria Teresa Romanó, uma das organizadoras do Arteria.
Para potencializar ainda mais o uso do espaço, a FCC irá lançar, na segunda quinzena de dezembro, um edital para receber propostas de autoria compartilhada e bases temporárias no espaço. “É um edital muito aberto, que deverá envolver novas linguagens e a ocupação do Centro de Criatividade com diferentes ações, como oficinas, vivências, performances artísticas, feiras e acontecimentos culturais”, antecipa Renata Mele, coordenadora de Programação da Fundação Cultural de Curitiba.
“Esse resgate é necessário porque o Centro de Criatividade está naquela fase dos 40 anos. Ele precisa desta nova leitura, retomar este espaço que é dele por meio desta repaginada. A necessidade é a de que ele seja efetivamente ocupado”, completa Desirée.
O espaço
Inaugurado em 14 de dezembro de 1973, o Centro de Criatividade de Curitiba ocupa as antigas instalações da fábrica de cola e beneficiamento de couro Boutin. A empresa deixou de funcionar após um incidente que envolveu o transbordamento da represa que mantinha o movimento de seus equipamentos, o que impossibilitou sua continuidade.

Abandonado durante anos, o prédio foi revitalizado na primeira gestão do então prefeito Jaime Lerner, que convidou o arquiteto Roberto Gandolfi para elaborar um projeto que permitisse um uso diferenciado daquela instalação. Nasceu ali, então, o Centro de Criatividade, importante núcleo de discussão de arte e cultura, por onde passaram nomes reconhecidos no cenário nacional.
Com funcionamento ininterrupto nestes quase 45 anos, o edifício ainda guarda sua herança fabril. Das esquinas das Ruas Mateus Lemes e Prof.º Nilo Brandão, por exemplo, é possível avistar a grande chaminé da antiga fábrica, localizada ao lado do atual Ateliê de Escultura.

As janelas arredondadas, a vasta iluminação natural e o pé-direito generoso de algumas das salas são outras características marcantes da edificação que, ao ter como objetos de decoração resquícios do antigo maquinário, mantém viva sua história.
As atividades
O Centro de Criatividade de Curitiba conta com uma programação repleta de atividades e cursos permanentes. Entre eles estão os de mosaico, escultura, crochê artístico, cerâmica, pintura, restauro em madeira e móveis e marchetaria. Aulas de teatro, trompete, violino, violão popular e yoga também integram a grade.
“Todos os cursos são abertos ao público e têm mensalidades bem abaixo do preço de mercado, uma vez que elas servem somente para o custeio do professor”, explica Renata. O custo médio das mensalidades gira em torno de R$ 80.

A Casa da Leitura Augusto Stresser também funciona no local, que ainda conta com espaços para eventos, pátio coberto, salas de exposições e com o Teatro Cleon Jacques. “Muitas pessoas não sabem que aqui dentro temos um teatro, com capacidade para 100 expectadores, que é um dos poucos com platéia móvel. Ou seja, no qual a plateia pode ser organizada conforme a necessidade do espetáculo”, acrescenta Desirée.
A utilização dos espaços é aberta ao público. O custo para tanto varia de acordo com o evento. Mais informação sobre a grade de cursos ou o agendamento para uso dos espaços do Centro de Criatividade de Curitiba podem ser obtidas no site da Fundação Cultural de Curitiba.
SERVIÇO:
Av. Mateus Leme, 4700, Parque São Lourenço – São Lourenço. (41) 3313-7192.
Av. Mateus Leme, 4700, Parque São Lourenço – São Lourenço. (41) 3313-7192.