Estilo & Cultura
“Cemitérios” de azulejos guardam preciosidades
Composição de azulejos de várias épocas. Foto: Antonio More / Gazeta do Povo. | Gazeta do Povo
Oscar Niemeyer foi muito inteligente ao revestir suas obras com azulejos: Igreja da Pampulha, Casa do Baile, Palácio do Planalto em Brasília. Ele provavelmente sabia que a peça tinha a capacidade de se eternizar. Quem ousaria trocar a cor ou o desenho do azulejo só para acompanhar a tendência do design? Enquanto que a tinta e o papel de parede são simples de mudar, o azulejo demanda tempo, mais investimento e mão de obra especializada. E até que você esteja realmente disposto a encarar uma reforma de troca de revestimento, pode ser que o desenho e o estilo do azulejo voltem a conquistar seu olhar.
Quase como no mundo da moda, algumas características do design vem e voltam. Os arabescos e rococós da azulejaria portuguesa, que durante os anos 80 foi esquecida pela alta de peças florais e beges, voltaram a estampar as paredes. E não só de traços azuis são feitos os antigos azulejos. Os diferentes desenhos do revestimento podem contar todo o trajeto arquitetônico das construções.
A reportagem da Haus fez um garimpo em três “cemitérios” de azulejos onde as peças fora de linha podem ser encontradas. Para a tarefa, o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Orlando Pinto Ribeiro, auxiliou destacando os exemplares mais emblemáticos.
A reportagem da Haus fez um garimpo em três “cemitérios” de azulejos onde as peças fora de linha podem ser encontradas. Para a tarefa, o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Orlando Pinto Ribeiro, auxiliou destacando os exemplares mais emblemáticos.
Desenhos e traçados
A quantidade de formas e estampas podem ilustrar um estilo por trás do azulejo. Na arquitetura eclética, escola anterior ao modernismo, o uso de azulejaria portuguesa era comum. “Peças mais lisas, sem desenho rebuscado, aparecem em projetos modernos”, esclarece o docente. Os traçados e figuras geométricas, amplamente utilizados nas décadas de 60 e 70, resgatam o estilo da escola vanguardista de Bauhaus.
A quantidade de formas e estampas podem ilustrar um estilo por trás do azulejo. Na arquitetura eclética, escola anterior ao modernismo, o uso de azulejaria portuguesa era comum. “Peças mais lisas, sem desenho rebuscado, aparecem em projetos modernos”, esclarece o docente. Os traçados e figuras geométricas, amplamente utilizados nas décadas de 60 e 70, resgatam o estilo da escola vanguardista de Bauhaus.
Nas duas décadas seguintes, os florais tiveram destaque, principalmente nos revestimentos de banheiro. “Com a fabricação das peças em escala industrial, foi possível manter o padrão de desenhos mais complexos. Anteriormente, as estampas eram feitas à mão por artistas e nem sempre era possível manter a uniformidade”, explica.
Quando um painel com azulejo português era feito, o conjunto todo criava uma ilusão de ótica que dificultava a visualização entre os traços de uma peça para outra. Com a mecanização de desenhos mais detalhados, como arranjos florais e natureza morta, o padrão era mais fácil de ser alcançado. “Os azulejos florais na década de 80 e 90 eram colocados na parede numa composição com peças lisas”, esclarece o acadêmico. Como eram pontuais, os revestimentos com desenho destacavam-se.
O raro nem sempre é antigo
Engana-se quem acredita que as peças mais antigas, que entre os locais visitados datam da década de 60 e 70, são as mais raras. “Anos atrás, as empresas de revestimentos lançavam uma linha de azulejos a cada oito anos. Hoje, em menos de oito meses cada fábrica coloca no mercado uma linha diferente”, conta Humberto José Menolli, proprietário da Casa dos Azulejos. Há mais de 30 anos no setor, ele sabe que as peças mais raras estão entre as linhas recentes. E quem procura peças fora de fabricação está preocupado em manter a originalidade do revestimento. Uma pequena reforma ou um reparo no sistema hidráulico são os motivos mais frequentes que levam pessoas a se embrenhar pelas prateleiras dos cemitérios dos azulejos.
Engana-se quem acredita que as peças mais antigas, que entre os locais visitados datam da década de 60 e 70, são as mais raras. “Anos atrás, as empresas de revestimentos lançavam uma linha de azulejos a cada oito anos. Hoje, em menos de oito meses cada fábrica coloca no mercado uma linha diferente”, conta Humberto José Menolli, proprietário da Casa dos Azulejos. Há mais de 30 anos no setor, ele sabe que as peças mais raras estão entre as linhas recentes. E quem procura peças fora de fabricação está preocupado em manter a originalidade do revestimento. Uma pequena reforma ou um reparo no sistema hidráulico são os motivos mais frequentes que levam pessoas a se embrenhar pelas prateleiras dos cemitérios dos azulejos.
Serviço
Cemitério dos Azulejos, Rua Chile, 1.866, fone (41) 3332-1248.
Cemitério dos Azulejos, Rua Chile, 1.866, fone (41) 3332-1248.
Casa dos Azulejos, Avenida Presidente Arthur Bernardes, 1.623, fone (41) 3079-8771.
Quebra Galho, Avenida Visconde de Guarapuava, 1.946, fone (41) 3363-3728.