Estilo & Cultura
Casa Azul de Frida Kahlo revela detalhes da vida da artista mexicana; conheça
Foto: Wikimedia Commons
A construção azul localizada na esquina da Rua Londres com a Ignácio Allende, no bairro de Coyoacán, já se tornou um dos mais visitados pontos turísticos da Cidade do México – e isso não acontece apenas pela considerável coleção de obras de arte que ela guarda. A Casa Azul foi a residência da artista plástica mexicana Frida Kahlo, desde quando nasceu até o dia de sua morte, e mesmo durante um período de seu casamento com Diego Rivera.
Além dos quadros que guarda em seu acervo, a casa construída no início do século passado foi adquirida pelos Kahlo na década de 30 e assumida por Frida depois que seus pais faleceram; transformada em Museu em 1958, quatro anos depois do falecimento de Frida.
Construída em 1904, “la casona“, como era chamada pelos moradores originais, era pequena e foi ampliada quando adquirida pelo fotógrafo Guillermo Kahlo, pai de Frida. Atualmente com 800 m² em um terreno de 1.200 m², ela compila influências da própria arquitetura mexicana da época, com um estilo funcionalista, e influencias francesas trazidas por Frida e Diego de suas viagens.
A estrutura com um grande pátio central e os quartos construídos em seu entorno é típica de residências mexicanas, com seus grandes cortiços e seus pueblos, enquanto que o afrancesamento chegou décadas depois e compôs a decoração dos ambiente.
Entre as ampliações e as alterações sofridas pelo espaço está a própria pintura de azul e a cobertura de algumas janelas que transformaram o centro da casa em um verdadeiro forte, em 1937, quando os moradores ofereceram asilo a León Trotsky e sua esposa Natália Sedova.
Em 1946, o arquiteto Juan O’Gorman fez a construção do espaço que se tornou o novo estúdio de Frida. Para isso, foram empregados materiais conhecidos dos mexicanos: pedra vulcânica ou basalto, representativos da região por serem usadas pelos astecas para construir suas pirâmides e talhar suas peças cerimoniais.
Além de contar quadros como Viva la Vida (1954), Frida y la cesárea (1931), Retrato de mi padre Wilhem Kahlo (1952), a casa é, em si, uma verdadeira obra de arte. O azul com forte presença foi algo que a própria moradora fez questão de escolher e a casa reúne técnicas e características de arquitetura que retratam com clareza a maneira como a própria enxergava sua existência: era preciso viver a vida e ser alegre.
O azul predominante na área externa se contrapõe ao vermelho das janelas e ao amarelo da cozinha. Esta, por sua vez, tem trabalhos em azulejos e apliques dos mais diversos tipos, formatos e materiais, e foi transformada por Frida em uma de suas telas de trabalho.
O espaço respira arte e cultura mexicanas, com tonalidades fortes em todos os ambientes, não apenas nas paredes, bem como o uso de objetos típicos da região. Apaixonado por gastronomia local e por referências históricas do país, o casal Frida e Diego também reuniu na Casa Azul uma verdadeira coleção de estátuas e monumentos pré-hispânicos, que homenageiam desde o povo asteca até os teotihuacanos, ancestrais que viveram na região.
Exemplo disso é uma pirâmide construída no jardim da casa. Em meio ao intenso verde que compõe o espaço, a construção piramidal lembra as duas construções mais importantes da cidade de Teotihuacan, localizada na região metropolitana da capital: a pirâmide do Sol e a da Lua.
Com um formato que remete a uma espécie de mausoléu, ela desperta a curiosidade de muitos visitantes e leva muitos a pensarem que se trata do túmulo da artista. Na verdade, ela foi cremada e suas cinzas permanecem em uma urna na própria Casa Azul, mas não no monumento.
Os quartos e salas da construção conservam objetos que marcaram diferentes momentos da vida de ambos: as muletas, a cadeira de rodas, os cavaletes e pincéis utilizados por ela, bem como a cama que foi construída para ela depois de ter sofrido um acidente, enquanto jovem, e que permitia que Frida fizesse seus aclamados autorretratos, graças ao espelho acoplado na parte de cima.
Guarda também infinitas histórias. Antes de morrer, Diego Rivera solicitou aos amigos que fosse respeitado seu desejo de que alguns dos cômodos ficassem fechados por pelo menos 50 anos. Seu desejo foi respeitado e, quando foram abertos, os quartos revelaram milhares de documentos importantes sobre as obras da época.
*Especial para Haus.