Os robustos prédios residenciais que ficam entre o Centro da cidade e o bairro Alto da XV têm uma ligação estreita com o traçado dos arquitetos Lina Bo Bardi e Vilanova Artigas. Eles marcam o início do processo de verticalização da região central e o uso de concreto aparente na parte externa dos edifícios e de materiais naturais e com o mínimo de revestimentos – características tipicamente brutalistas. O movimento, que surgiu nos anos 1950 na Inglaterra, permeou a arquitetura brasileira entre os anos 1960 e 1970. Em Curitiba, quatro edifícios representam bem esse período.
Panorama
Ali entre as ruas Ubaldino do Amaral e XV de Novembro, a construção de 12 andares contempla dois apartamentos por pavimento, com área privativa de aproximadamente 230 m². Projetado por José Maria Gandolfi, Luiz Forte Netto, Vicente de Castro e Orlando e Dilva Busarello, o edifício tem estrutura e aparência marcadas pelo uso do concreto, material essencialmente brutalista. Construído em 1966, pela Construtora Irmãos Thá, o Panorama foi feito como residencial para servidores do setor terciário.
Guadalajara
O porteiro Ademar Bonato, de 51 anos, revelou a fama do prédio que leva o nome da cidade-sede da Copa de 1970, ano de sua construção. “Dizem que foi um dos primeiros prédios da cidade que usou mármore na fachada. As pessoas vinham até aqui fazer fotos.” De acordo com o professor de arquitetura da PUCPR Salvador Gnoato, o prédio, projetado por Orlando e Dilva Busarello, José Maria Gandolfi, Luiz Forte Netto e Vicente de Castro, conta com estrutura de concreto exuberante, mantém o racionalismo na modulação e no desenho das esquadrias e respeita a topografia do terreno. São 18 andares, com apartamentos de 150 m² e três quartos.
Mikare Thá
Batizado com o nome de um dos fundadores da Construtora Thá, o prédio residencial de 1972, que fica entre as ruas General Carneiro com a Conselheiro Araújo, leva concreto aparente na fachada, revestido de azulejo. A lógica é parecida à do Guadalajara, uma vez que também é assinado pelo casal Busarello e José Maria Gandolfi, Luiz Forte Netto e Vicente de Castro. “Foram inseridas características ‘brutalistas’ ao apresentar estrutura de pilares externas ao edifício e vigas em concreto aparente”, comenta Gnoato.
Saldanha da Gama