Estilo & Cultura
Arquiteta cria ilustrações de casas de filmes que concorrem ao Oscar
Foto: reprodução/Boryana Ilieva
E chegamos à mais uma temporada de premiações cinematográficas. Muito se comenta sobre as produções dos filmes e atuações indicadas ao Oscar, assim como sobre os cenários criados para sediar as narrativas. Contemplados pela direção de arte, categoria um tanto misteriosa da premiação, eles englobam desde a harmonia de cores até os elementos de cena.
Essa mescla de objetos e mobiliário é a matéria-prima da arquiteta Boryana Ilieva para o trabalho pelo qual é reconhecida: as incríveis plantas humanizadas de filmes. Por meio da observação das cenas, ela ilustra como seriam as casas e apartamentos onde se passam histórias premiadas. Todas as artes são desenhadas a lápis e depois coloridas em aquarela. O resultado é encantador e pode ser conferido no perfil do Instagram de Boryana (@fplancroissant).
Confira as plantas de seis filmes que concorrem ao Oscar ou que roubaram a cena em 2017!
Corra!
Com direção e roteiro por Jordan Peele, Corra! é um filme de terror (gênero com ressalvas, tendo sido indicado no Globo de Ouro como comédia) que conta a história de Chris (Daniel Kaluuya), um fotógrafo negro que viaja com a namorada, Rose Armitage (Allison Williams), para conhecer os pais dela. Na casa de campo da família, Chris começa a notar comportamentos estranhos das pessoas que moram e visitam o local.
A maior parte do filme se passa na casa da família Armitage, que fica no meio de um bosque e a vários quilômetros dos vizinhos mais próximos. O filme é marcado pelo contraste de cores fortes, que vai do vermelho e azul do figurino dos personagens à escuridão cada vez maior em que o protagonista se vê.
O design de produção fica por conta de Rusty Smith, que também tem no currículo Entrando Numa Fria Maior Ainda e O Agente Teen.
Me Chame Pelo Seu Nome
Com locações italianas de encher os olhos, Me Chame Pelo Seu Nome foi dirigido por Luca Guadagnino. Ele leva em sua composição um pouco de sangue brasileiro: foi produzido por Rodrigo Teixeira, carioca radicado em São Paulo.
A história é um romance de verão entre o jovem Elio (Timothée Chalamée) e Oliver (Armie Hammer), americano escolhido para auxiliar o pai de Elio, professor, em um projeto de pesquisa de arqueologia.
O filme se passa no ano de 1983 e é repleto de cores quentes, alegres e fortes, escolhidas pelo diretor de fotografia tailandês Sayombhu Mukdeeprom. A casa de verão que abriga a trama é ampla e esbanja ao seu redor as paisagens naturais da Itália. O design de produção é assinado por Samuel Deshors.
Mãe!
A direção de Darren Aronofsky e design de produção de Philip Messina dão ao thriller Mãe! uma atmosfera sombria. A trama conta a história de um casal, vivido por Jennifer Lawrence e Javier Bardem, que mora em uma grande casa de campo. Enquanto ela (chamada apenas por mãe) passa os dias recuperando a casa depois de um incêndio sofrido no passado, o marido, escritor, tenta buscar inspiração para voltar a produzir seus famosos poemas. Os dias tranquilos são interrompidos com diversos visitantes que chegam à casa e transformam os acontecimentos por intermédio de suas duplas intenções.
O começo do filme é composto por uma variedade de cores quentes e agradáveis, remetendo a pinturas a óleo. Tons sóbrios tomam a tela a partir das revelações que vão sendo feitas na trama, causando incômodo. À fórmula do desconforto se somam longas tomadas panorâmicas, com cortes rápidos. As principais locações do filme ficavam na cidade de Montreal, no Canadá.
Casa de três andares usada em Mãe! tem estilo vitoriano. Foto: reprodução
Blade Runner 2049
30 anos depois do clássico de Ridley Scott, Blade Runner ganha uma continuação interessada em dar sequência a temas como a identidade em um mundo paralelo e distópico. Os ambientes sombrios e a paleta de cores escura e forte dá a identidade visual da produção.
A história acompanha o caçador de androides K (Ryan Gosling), que extermina fugitivos de gerações anteriores. O design de produção é de Dennis Gassner e a direção de Denis Villeneuve — famoso por A Chegada, indicado ao Oscar em 2017.
A Ghost Story
A Ghost Story, “uma história fantasma”, conta a história de C. (Casey Affleck), personagem que morreu há pouco tempo e volta para casa como um fantasma na forma mais clássica: coberto com um lençol branco e com furos onde ficam os olhos. Seu objetivo é tentar se comunicar com sua esposa ainda viva, M. (Rooney Mara).
Longos planos estáticos filmados em 8 milímetros se passam no antigo lar do casal, em que predominam cores escuras que transmitem as memórias da história dos dois ao telespectador. O filme foi dirigido por David Lowery. O design de produção ficou por conta de Jade Healy e Tom Walker.
Personal Shopper
O filme de co-produção entre Alemanha, França e República Tcheca conta a história da americana Maureen (Kristen Stewart), que mora em Paris. Ela trabalha como “personal shopper”, “compradora pessoal”, para uma celebridade local — ao mesmo tempo em que convive com a habilidade de poder se comunicar com pessoas mortas, incluindo seu irmão, que havia morrido recentemente.
A planta desenhada por Boryana Ilieva é a da casa assombrada que Maureen visita. Tons terrosos são usados no exterior e interior da casa, no qual as tonalidades tendem a ser mais frias. O filme é dirigido por Olivier Assayas, com design de produção por François-Renaud Labarthe.