Estilo & Cultura
Fotografias revelam alma e geometria das cidades
Janelas da ilha de Burano, em Veneza. Fotos: André Vicente Gonçalves / Divulgação
A linguagem visual da fotografia possibilita uma leitura subjetiva sobre a transformação do espaço urbano. A paisagem marcada por edifícios de linhas, dimensões, conceitos e estilos diversos tem muito a dizer sobre a identidade da cidade e de quem a habita.
Fotógrafos de vários lugares do mundo especializam-se em clicar detalhes e nuances muito particulares da arquitetura do mundo. A reportagem da Haus apresenta a seguir três ensaios de fotógrafos, inclusive um de Curitiba, que retratam fachadas e janelas, buscando traços e a identidade peculiar de cada espaço.
Janelas do mundo
Um puzzle de janelas multicultural e colorido. Esse é o resultado do projeto Windows of the World, criado pelo fotógrafo português André Vicente Gonçalves. Há cerca de cinco anos ele se dedica a registrar janelas de diversas cidades da Europa e apresenta o resultado em montagens, respeitando a estética predominante da região retratada.
“O que mais me surpreende são as particularidades de cada lugar. Quando iniciei não imaginava que as diferenças fossem tão grandes de região para região. Não pretendo apenas registrar o que vejo, mas mostrar a história, a arquitetura e o patrimônio cultural dessas cidades, como no caso de cidades portuguesas, com as fachadas cobertas por azulejos que fazem parte da cultura”, diz.
Um puzzle de janelas multicultural e colorido. Esse é o resultado do projeto Windows of the World, criado pelo fotógrafo português André Vicente Gonçalves. Há cerca de cinco anos ele se dedica a registrar janelas de diversas cidades da Europa e apresenta o resultado em montagens, respeitando a estética predominante da região retratada.
“O que mais me surpreende são as particularidades de cada lugar. Quando iniciei não imaginava que as diferenças fossem tão grandes de região para região. Não pretendo apenas registrar o que vejo, mas mostrar a história, a arquitetura e o patrimônio cultural dessas cidades, como no caso de cidades portuguesas, com as fachadas cobertas por azulejos que fazem parte da cultura”, diz.
Gonçalves explica que nem sempre as janelas compiladas são, necessariamente, as mais bonitas. “Tento selecionar janelas que, quando colocadas lado a lado identificam a arquitetura da cidade onde estão inseridas.”
Por enquanto as janelas iluminam a realidade e retratam a arquitetura de Portugal, Espanha e Itália, mas Gonçalves ainda pretende representar todos os países do mundo.
Um diálogo entre fachadas
O contraste arquitetônico de Barcelona motivou o trabalho da fotógrafa espanhola Gabi Beneyto, que clicou cerca de 400 fachadas de prédios da cidade. “Acho que, ao contrário de outras grandes cidades europeias, em Barcelona pode-se desfrutar de uma variedade na concepção das fachadas que datam desde o surgimento do modernismo no final do século 19”, aponta.
O contraste arquitetônico de Barcelona motivou o trabalho da fotógrafa espanhola Gabi Beneyto, que clicou cerca de 400 fachadas de prédios da cidade. “Acho que, ao contrário de outras grandes cidades europeias, em Barcelona pode-se desfrutar de uma variedade na concepção das fachadas que datam desde o surgimento do modernismo no final do século 19”, aponta.
A série deu origem ao livro Discórdias Barcelonesas com textos do arquiteto Oscar Tusquets. O trunfo do trabalho é mostrar que a arquitetura catalã vai além do famoso arquiteto Antoni Gaudí. “Temos contrastes que agregam valor e personalidade única para a cidade”, destaca.
O livro é como um tour visual e apresenta imagens sem uma ordem estabelecida e sem margens ou elementos de página que perturbem a visualização, permitindo observar a cidade como se estivesse caminhando por ela.
A poética do tempo
O fotógrafo curitibano Osvaldo Santos Lima desenvolveu um projeto artístico, a pedido do Sesc, no entorno do Paço da Liberdade. A ideia foi apresentar a passagem do tempo na cidade de forma poética. Para isso, fez uma foto com câmera instantânea e, minutos depois, registrou a mesma fachada com equipamento profissional inserindo na imagem, mecanicamente (deixando inclusive sua mão aparecer), a foto antes capturada.
O fotógrafo curitibano Osvaldo Santos Lima desenvolveu um projeto artístico, a pedido do Sesc, no entorno do Paço da Liberdade. A ideia foi apresentar a passagem do tempo na cidade de forma poética. Para isso, fez uma foto com câmera instantânea e, minutos depois, registrou a mesma fachada com equipamento profissional inserindo na imagem, mecanicamente (deixando inclusive sua mão aparecer), a foto antes capturada.
“As imagens são separadas por um lapso de tempo e as pessoas, que transitam na paisagem arquitetônica, representam a passagem desse tempo na cidade, em um ponto emblemático de Curitiba”, explica. Antes do projeto, o profissional registrava fachadas de forma aleatória e considera que a fotografia de arquitetura, especialmente da cidade onde o fotógrafo vive, é desafiante.
“A ligação entre arquitetura e fotografia é bastante próxima. O arquiteto parte do bidimensional, o plano onde desenha, para chegar ao tridimensional, o prédio executado. E o fotógrafo faz o inverso.”