Estilo & Cultura

A cor do seu carro influencia a cidade e você nem percebe

Luan Galani
28/08/2017 14:30
Thumbnail

Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo | GAZETA

Nossos carros são brancos, pretos, cinza e prata. Ponto. Comece a reparar. Formam uma onda monocromática que tira parte do humor das ruas e torna a percepção visual da paisagem urbana mais chata. Faça um teste. Olhe da sua janela ou vá até o estacionamento do seu prédio ou do seu local de trabalho. A menos que você esteja na Europa ou nos Estados Unidos, a paleta de cores será esta.
A pesquisa mais recente sobre o tema no Brasil é do fim do ano passado pela fabricante de tintas PPG, uma das gigantes internacionais do setor. O branco lidera em participação entre os carros zero quilômetro, com 37%, seguido por prata (29%), preto (12%), cinza (10%) e vermelho (8%). Sobram apenas 4% para outras cores. O Paraná não foge à regra. Segundo dados de junho deste ano do Departamento de Trânsito (Detran-PR), 23% dos carros em circulação são brancos, outros 23% são prata, 13% são pretos, 11% são cinza, 11% são vermelhos, 6% são azuis e 4% são verdes.
“As cores transmitem muitos sentimentos e trazem alegria e riqueza visual. A mistura dessas cores, intensidades e efeitos iluminam as cidades e são muito mais interessantes do que as cores tradicionais”, sentencia Adília Afonso, supervisora de design da Ford América do Sul. “Apesar de carros brancos, prata e preto serem as corres mais vendidas, com certeza não fazem parte da preferência de cor da grande maioria dos consumidores. Simplesmente é uma onda. As estatísticas demonstram que quando um povo está feliz, se sentindo seguro e satisfeito, a compra de carros se torna mais eclética.”
Renault Kwid. Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagem / Renault
Renault Kwid. Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagem / Renault
Cor é cultura
Cor é, acima de tudo, uma questão cultural. “Em Porto Alegre, por exemplo, devido a concorrência dos times do Grêmio e do Internacional, vê-se muito mais carros azuis e vermelhos”, conta o arquiteto, designer e artista plástico Ivens Fontoura, que leciona na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
“O momento econômico só reforça o consumo de cores básicas. Ninguém quer arriscar”, lembra Alex Amorim, diretor de Laboratório Automotivo OEM da PPG, marca norte-americana líder mundial em tintas. “Sem falar que as cores mais sóbrias facilitam a revenda do veículo, são uma compra segura”. Porém, vale a pena abrir mão da cor de sua preferência por uma segurança comercial?
Os especialistas garantem: a preferência nacional pelo branco começou a recuar e os carros vermelhos são a opção da vez, seguidos pelos azuis. As montadoras também estão apostando em cores cada vez mais vibrantes para o lançamento dos automóveis. Em breve, nossas ruas podem voltar a ter mais graça.

LEIA TAMBÉM