Estilo & Cultura
A arte dos vitrais que sobrevive fora das igrejas
Memorial Árabe: vidros coloridos em padronagens geométricas. Henry Milleo/Gazeta do Povo.
Quando o sol encontra a superfície colorida, o cenário surpreende. Logo que a humanidade dominou a fabricação do vidro, entre os séculos 10 e 11, a Igreja aproveitou da mágica dos vitrais para descrever a história de Cristo nas grandes janelas de paróquias e catedrais.
A história da técnica no mundo é de caráter religioso. De acordo com o professor de design da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Ivens Fontoura, ela começa na igreja, que implementava o vitral nas construções para contar a história da religião. “O objetivo era levar os cidadãos para aquela tradição. Quando saiu das igrejas e chegou até as residências, ganhou outro significado”, esclarece o professor.
Com o passar dos anos, a técnica com vidros coloridos chegou aos pequenos palacetes da elite curitibana. Como é totalmente artesanal, o custo de execução de um vitral era alto – um verdadeiro artigo de luxo. As edificações aproveitaram da beleza da peça para criar lugares de imponência e espiritualidade.
Com o passar dos anos, a técnica com vidros coloridos chegou aos pequenos palacetes da elite curitibana. Como é totalmente artesanal, o custo de execução de um vitral era alto – um verdadeiro artigo de luxo. As edificações aproveitaram da beleza da peça para criar lugares de imponência e espiritualidade.
A Casa Andrade Muricy é um dos exemplos de imóvel que traz o vitral em destaque na arquitetura. A construção eclética datada de 1926 é tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico do estado. Com 300 metros quadrados e pé direito de quatro metros, a casa abriga um vitral que fica na escada principal e liga o térreo ao primeiro andar.
E não é só nas residências que o vitral laico aparece em Curitiba. O Memorial Árabe, situado no Centro, é um ponto turístico construído em homenagem à cultura árabe que também utiliza dos artifícios dos desenhos em vidro. Com 140 metros quadrados, a construção em forma de cubo tem uma de suas faces ornamentada com a técnica. Uma grande janela estampa um vitral com arabescos coloridos, padronagens geométricas presentes na arquitetura de países muçulmanos.
Os vitrais podem ser abstratos, mas também contam histórias. Três grandes peças que contemplam a construção da biblioteca da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, sede do Prado Velho, foram feitas por três artistas paranaenses: Abrão Assad, Poty Lazzarotto e Sérgius Edelyi. O primeiro deles retrata as profissões em suas diversas modalidades: arte, ciência, agricultura, comércio e indústria. O segundo vitral representa a evolução da comunicação, desde o anjo anunciador a era digital. E, no último painel, a evolução da vida humana cultural, artística e científica.
Seria o fim dos vitrais?
A técnica verdadeira, feita com pedaços de vidro colorido e unidos a partir de uma base de ferro que acompanha o desenho, é a mesma de séculos atrás. Como a confecção é totalmente artesanal, seu custo é alto. “Com o tempo, o vitral foi caindo em desuso. E hoje, mesmo que você queria ter uma peça dessas em casa, a mão de obra é escassa. O vitral hoje custa uma fortuna”, alerta o professor de design de interiores da Unicuritiba, Glauco Menta.
De acordo com o professor universitário, é muito provável que a técnica desapareça com o tempo. “Não sei se temos condições de preservar e mantê-la presente aqui no Brasil. É uma pena”, alerta.
A técnica verdadeira, feita com pedaços de vidro colorido e unidos a partir de uma base de ferro que acompanha o desenho, é a mesma de séculos atrás. Como a confecção é totalmente artesanal, seu custo é alto. “Com o tempo, o vitral foi caindo em desuso. E hoje, mesmo que você queria ter uma peça dessas em casa, a mão de obra é escassa. O vitral hoje custa uma fortuna”, alerta o professor de design de interiores da Unicuritiba, Glauco Menta.
De acordo com o professor universitário, é muito provável que a técnica desapareça com o tempo. “Não sei se temos condições de preservar e mantê-la presente aqui no Brasil. É uma pena”, alerta.