DW! Design Weekend São Paulo 2023

DW! Design Weekend 2023

“Tento mostrar emoções ou sensações que provei”, diz designer do ano da BoomSPDesign Francesco Maccapani Missoni

Cristina Seciuk e Vivian Faria, especial para HAUS
15/03/2023 18:24
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O design está no sangue do italiano Francesco Maccapani Missoni. Neto de Tai and Rosita Missoni, os fundadores da marca italiana de roupas Missoni, Francesco cresceu acompanhando o trabalho da família na moda e sendo influenciado pelo uso de cores, estampas e tramas pelos quais ficou conhecida a marca criada pelos avós.
Porém, decidiu trilhar seu próprio caminho, enveredando pelo universo da arquitetura, do design de produtos, das artes e do investimento em startups. É essa trajetória, aliada ao legado que carrega, que Francesco mostra na instalação exclusiva que trouxe para a BoomSPDesign, evento âncora da DW! Design Weekend São Paulo 2023 que o escolheu como designer do ano.
Em conversa com HAUS, o designer falou sobre seu processo criativo, os materiais com que trabalha e o uso que faz das cores – que remete à sua família, mas tem lugar em sua bagagem pessoal.
Como você recebeu a notícia de que você seria o designer do ano da BOOMSPDESIGN? Como foi esse processo?
Faz dois ou três anos que eu conheço o Beto [Cocenza], o organizador. Na última Design Week, em Milão, ele foi no meu estúdio conhecer melhor o meu trabalho e já comentou que queria me convidar para ser o designer do ano. Então, aconteceu.
Como foi trazer sua obra para o Brasil? Você tem contato com o design brasileiro? Se sim, o que pode dizer sobre a produção atual aqui no país?
Isso foi o mais complicadinho, porque é difícil projetar as coisas vendo só as fotos. Eu não estava aqui olhando os produtos, tocando-os, estava somente olhando as fotos e não é fácil. Mas foi tudo bem. Acho que a produção, a qualidade de tudo é muito boa.
Especificamente sobre as obras que foram trazidas para cá, o que você pode contar sobre o processo criativo? Como você faz as peças que estão aqui?
É um processo muito longo, que envolve muita precisão e tempo. Eu sou disléxico e tenho muita memória visual. Consigo imaginar uma obra pronta na minha cabeça e então pego as cores na minha mesa e começo a produzir as peças como eu as tenho na minha cabeça.
Já pensando nas dimensões e nas combinações?
Isso.
O que a gente conhece do seu trabalho é que você usa muito papel, bastante fitas…
No começo, eu usava muito papel, porque encontrava muitas cores diferentes, o que não acontecia com tecido. Depois mudei para a fita de cetim. Fiz uma pesquisa para selecionar um material melhor e optei pela fita de cetim, porque gosto muito de como o material joga com a luz. Foi isso que fez eu me apaixonar pelo material. E também comecei a utilizar o cetim para fazer obras maiores, porque o papel é muito delicado e se quebra.
O papel acabou sendo uma fase mais experimental?
Também. Agora já estou pensando que outro material posso usar depois da fita de cetim, para que a obra possa evoluir.
E o que talvez venha no futuro para as próximas obras?
Eu gosto de veludo, de vinil… tem muito material de que gosto.
Para nós brasileiros, algumas de suas peças remetem a itens muito tradicionais, como nossos tapetes trançados. O uso da cor no Brasil acontece no dia a dia, temos muita tradição de aproveitar isso, mas de forma diferente, com aproveitamento de retalho, de produto de reuso. A opção pelo têxtil parece ir de encontro à sua herança, ao legado da sua família, mas que tem outra forma de olhar para cor. Ao mesmo tempo, você tem uma apropriação toda sua de cor…
Sim, isso está no meu DNA, eu aprendi o que em italiano chamamos de “senso del colore”, ou seja, desenvolvi uma sensibilidade particular para as cores e acho que tenho isso graças à minha família. Mas, o que os críticos de arte dizem, é que sei trazer uma linguagem minha, algo que é totalmente diferente.
E isso tem a ver com a sua história, com a sua experiência?
Sim, com a minha experiência de vida, com o meu percurso. Eu estudei arquitetura no Politécnico de Milão, depois fui a Nova York trabalhar em um estúdio de design e acho que aprendi muito mais em dois anos lá do que em três em uma universidade. Depois voltei a Milão e fiz muita coisa diferente: escrevi um livro de culinária e abri uma empresa em sociedade com três amigos que investe em startups e hoje tem mais de 40 funcionários.
Tenho a sorte que o meu trabalho nessa sociedade não toma todo o meu tempo, então tenho muito tempo livre e o que eu faço é neste tempo. No começo, eu fazia minhas obras neste tempo. Depois veio a Covid-19 e fiquei preso em casa um ano e, naquele ano, fiz mais que 150 obras, trabalhei muito muito muito. Dali comecei a postar no meu instagram. No primeiro ano, vendi mais de 80 [obras] e foi um sucesso.
Eu gosto de fazer as obras, elas me fazem ficar bem comigo, então continuei a fazer e o sucesso está acontecendo.
Você é muito multifacetado, tem muitas atividades e muitos interesses. Como isso se reflete no seu trabalho?
O que tento mostrar nas minhas obras são emoções ou sensações que eu provei num determinado lugar, como um cheiro que tem em determinado lugar e que eu tento reproduzir na obra. É isso que tento fazer.
Vi você circulando muito pelo espaço. O que mais te chamou a atenção nesse conjunto que você viu por aqui?
Está tudo lindo!
HAUS acompanha a DW! Semana de Design de São Paulo em parceria com a NPK Mármores.

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