A DW! Design Weekend SP começou neste fim de semana e tem na Feira na Rosenbaum um entre os eventos imperdíveis do roteiro do festival, que conta com mais de 200 atrações em sua agenda. Em um movimento de valorização do centro, a feira ocupa o Conjunto Zarvos, projetado pelo arquiteto Júlio Neves, em 1958, e reúne 70 criativos e empresas em 500 m² de exposição, distribuída em dois pisos.

Os trabalhos apresentam peças autorais que vão do mobiliário e decoração à moda, bem-estar, gastronomia e arte. HAUS visitou a Feira na Rosenbaum, em parceria com a NPK Mármores, e selecionou dez deles. Confira!

Quando linhas modernas executadas em aço encontram um material popular como o espaguete, o resultado não poderia ser diferente ao de uma peça com pegada contemporânea, mas que carrega consigo um toque de aconchego. Assim é a cadeira Vértice, por Bruno Andrade, nome à frente do Assis Estúdio Criativo, que trouxe leveza e arrojo à composição com o material plástico, comum nas cadeiras de balanço das vovós.

Para quem pensa que uma ferramenta é só uma ferramenta, o designer Pedro Luna, da Molu Design, esclarece que não. Depois de apresentar o banquinho enxada, ele leva para a Rosenbaum o banco forcado, produzido a partir da união de diversas peças da ferramenta, que formam o assento apoiado sobre pés em madeira roxinho do cabo.

As peças da coleção TAVA - Lugar Sagrado, apresentadas pela Oiamo, interpretam sob a forma de objetos os elementos do sincretismo característico da região de fronteira do Rio Grande do Sul. Em parceria com o grupo de artesãs Ladrilã, o fundador e designer Tiago Braga tem no têxtil a principal expressão de sua obra, por meio do resgate de técnicas e o uso de fibras recicladas, como redes de pesca que compõem luminárias, ou naturais, como a lã tingida com erva dos Candeeiros, esculpidos a mão em fio, feltro e tramas.

Os biomateriais despontam como o futuro do design e na Feira na Rosenbaum aparecem na coleção de vasos Amassadinhos e no espelho Laguna, por Vítor Curti, do É Pedra Design. As peças são impressas em 3D em PLA, bioplástico à base de amido de plantas, e amassados manualmente, unindo o digital e o manual. O espelho Laguna ainda é multifunção, uma vez que também pode ser utilizado como bandeja.

80 sacolas plásticas reutilizadas são a matéria-prima das peças produzidas pela caioca Vaique, Laboratório de Soluções Materiais. A partir de um processo patenteado que envolve calor e pressão, o designer Leo Jarlicht transforma o lixo em bolsas, sacolas e mochilas com design moderno e padronagens únicas. Além disso, estimula a cadeia de reciclagem com a coleta mensal de 1,5 toneladas de diferentes tipos de plásticos em cooperativas de catadores e também diretamente da indústria e varejo.

Duna, do estúdio Oca, é uma peça multifuncional que une reaproveitamento e fazer artesanal. O centro de mesa é inteiramente articulado e se transforma em cachepô, ressaltando as paralelas formadas a partir da composição de retalhos de marcenaria, posteriormente esculpidos a mão. As formas sinuosas descansam sobre lixas de cinta gastas e que seriam descartadas. Focado no design biofílico, Renan Santos e Juliano Hurtado trabalham especialmente com madeira, em composições que pretendem aguçar múltiplos sentidos, especialmente o tátil.

A cerâmica artística de Rosalva Siqueira, recifense baseada em São Paulo, abusa das formas orgânicas em peças esculturais. Os vasos construídos a partir de sifões e outros materiais provenientes de obras de construção civil extrapolam a funcionalidade com texturas de agregam interesse às peças. Em destaque, o vaso Semente.

As luminárias em papel encantam pela delicadeza, simplicidade e formas que destacam a luz emitida através de suas folhas e dobras. Na Uaná - palavra que significa vagalume, em tupi, elas aparecem em formato de mesa, pendentes e arandelas de diversos tamanhos. O destaque fica por conta dos detalhes, como pés e interruptores em madeira de demolição e fios ‘encapados’ com roscas de papel craft reaproveitado, que geram movimento, textura e trazem colorido à parte elétrica das peças, com estética comumente tradicional.

Joalheira com 20 anos de estrada, Áurea Sacilotto faz peças com pegada contemporânea para vestir, usar e decorar. Os objetos da coleção Cicatrizes, caracterizada por repetidas perfurações, são joias e objetos criados em cobre e latão com banho em ouro, além de madeira coletada de forma sustentável.

A fauna serve de inspiração às peças assinadas pelo recifense Guilherme Lira, nome à frente da Ceramiquinho. A marca traz máscaras e vasos coloridos, que reproduzem galinhas, tucanos, jacarés, botos, porcos e onças em cerâmica moldada e esmaltada a mão.