Design
Ar-condicionado que não utiliza energia elétrica foi criado para salvar vidas
Dispositivo inicial foi desenvolvido para uma fábrica da DEKI Electronics. Fotos: S. Anirudh | ANIRUDH KUMAR S
Os verões indianos são marcados por extremos. Ondas de calor que facilmente beiram os 50°C matam centenas de pessoas todos os anos – sobretudo os mais pobres. Pensando nisso, o escritório de arquitetura e design Ant Studio, de Nova Deli, desenvolveu um sistema de resfriamento a partir de cones cilíndricos de argila e água. A solução é uma alternativa mais econômica e sustentável em relação aos ar-condicionados tradicionais.
A instalação em formato de colmeia reduz a temperatura do ambiente naturalmente, sem uso de eletricidade. A equipe se inspirou em uma técnica tradicional de resfriamento – que remonta ao período egípcio – por evaporação da água. O tamanho e o formato dos cones de terracota densamente compactados foram determinados usando análises computacionais avançadas e técnicas modernas de calibração.
“Como arquiteto, queríamos encontrar uma solução ecológica e artística e, que ao mesmo tempo, evoluísse métodos artesanais tradicionais”, disse Monish Siripurapu, fundador da Ant Studio, como informa artigo da ArchDaily.
O ar-condicionado sustentável foi desenvolvido como parte de um projeto de embelezamento para uma fábrica da DEKI Electronics, que, como muitas outras empresas indianas, enfrentava o problema do calor excessivo nos locais de trabalho, o que pode afetar a saúde e bem-estar dos trabalhadores.
Funcionamento
Quando a água escorre pela estrutura – basta molhar o cone uma ou duas vezes por dia – o processo de evaporação diminui gradualmente a temperatura do ar. As unidades porosas do material absorvem a água que se infiltra na superfície externa, onde ela evapora e resfria o ar. O fluxo da água reciclada à temperatura ambiente escorre pelos cilindros, criando um efeito de cascata que dá um toque artístico à instalação.
Durante os testes do protótipo, foi registrado que a temperatura do ar que entrava na instalação era superior a 50°C a uma velocidade de 10 metros por segundo. Após a inserção da água nos cilindros, o processo arrefeceu o ar quente. A temperatura em torno da estrutura caiu para 36°C, enquanto a externa permaneceu em 42°C.
“Eu acredito que esta experiência funcionou bastante bem. As descobertas desta tentativa abriram muito mais possibilidades, onde podemos integrar esta técnica com formas que poderiam redefinir a maneira como olhamos para os sistemas de resfriamento, um componente necessário, porém ignorado, da funcionalidade de um edifício. Toda instalação pode ser tratada como uma peça de arte“, afirmou Monish.
Além de ser uma solução importante que poderá, futuramente, ajudar a poupar vidas no calor extremo indiano, a equipe do Ant Studio vê o projeto como uma instalação artística, que cria um ambiente reconfortante enquanto as águas caem. “Isso, misturado com a sensação da água no barro, permite que ele funcione em qualquer ambiente mesmo com a menor brisa. Dito isto, há muitas fábricas em toda a Índia que enfrentam uma questão semelhante e esta é uma solução que pode ser facilmente adotada. Uma multiplicação generalizada deste conceito pode até ajudar os oleiros locais“.