Solar Fábio Prado
Design
Museu da Casa Brasileira vai deixar sede histórica e tem futuro incerto
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Único museu do país dedicado a pensar o morar pelo viés da arquitetura e do design, MCB perderá sede e não tem previsão de reabertura. | Chema Llanos/Museu da Casa Brasileira
A avenida Faria Lima, em São Paulo, perderá um residente ilustre nos próximos dias: a partir de maio o Museu da Casa Brasileira deixará o Solar Fábio Prado, imóvel que ocupa desde 1972, dois anos após sua criação, como Museu do Mobiliário Artístico e Histórico Brasileiro. Procurado, o único museu do país dedicado a pensar o morar pelo viés da arquitetura e do design confirmou que encerra suas atividades no local no dia 30 de abril, um domingo, e que ainda não tem novo endereço para reabertura.
A mesma data marca o fim precoce de um convênio assinado com a Fundação Padre Anchieta, que é dona do Solar, para a gestão do MCB. Deste modo, ao final do mês o museu volta a ser responsabilidade direta da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, a quem caberá definir o futuro da instituição. Assim como o imóvel, uma parte do acervo que hoje integra o MCB também é de propriedade da FPA e deve permanecer no espaço após a saída do museu.
Em nota enviada à reportagem, a secretaria paulista afirmou que o convênio com a Fundação Padre Anchieta foi encerrado de comum acordo, mas não aponta os motivos que levaram à dissolução do mesmo, renovado em 2021 e que originalmente se estenderia até 2026.
De acordo com o governo de SP, a parte do acervo que está hoje no local e que pertence ao Estado será transferida para uma reserva técnica "até que seja redefinido, em breve, o novo espaço para o Museu da Casa Brasileira". A secretaria, no entanto, não informou se há prazo para esta definição ou se ela já está em discussão. A informação oficial é de que o museu "será transferido para outro espaço na capital paulista, mantendo os mesmos padrões voltados à preservação e difusão da cultura material da casa brasileira".
Ficarão guardados até segunda ordem móveis e objetos históricos, obras de arte além de rico acervo arquivístico composto por relatos de viajantes, literatura ficcional, inventários de família e testamentos que revelam hábitos culturais da casa brasileira.
Outra indefinição no cenário tem relação com a programação do museu. A informação divulgada pelo MCB é de que as mostras que constam do calendário da instituição para os próximos meses deverão acontecer em novo espaço, quando o museu for reaberto. Já a Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo indica menos certeza. Conforme a pasta, responsável pelo MCB, "a programação das exposições para os próximos meses está em processo de reavaliação".
HAUS não conseguiu contato com a Fundação Padre Anchieta para mais detalhes sobre sua saída da gestão do MCB e os usos futuros do Solar, projetado pelo arquiteto Wladimir Alves de Souza. Neoclássico, o imóvel foi construído entre 1942 e 1945 e doado à FPA em 1968 por Renata Crespi Prado, viúva do ex-prefeito de São Paulo Fábio da Silva Crespi.