Design
Economia criativa, inovação e políticas públicas de design na Semana D

Debate sobre economia criativa contou com a presença de Lídia Goldenstein, Gabriel Patrocínio, André Telles, Jean Sigel e Rodrigo Alvarenga. Foto: divulgação.
Qual o papel do Estado na inovação e no incentivo a projetos de empresas inovadoras que têm no design e na tecnologia o seu foco? Para os debatedores da palestra “Economia Criativa”, que aconteceu na manhã deste sábado (7) na Semana D, trata-se de um papel importante, mas não pode ser primordial. “Os jovens empreendedores precisam ter um pensamento revolucionário, é preciso colocar a inovação no DNA dos brasileiros. Nós temos jovens com pensamento de velhos, que esperam o investimento ideal, um incentivo governamental e por aí vai. Precisamos debater esse assunto para promover a mudança”, apontou a economista e mediadora do bate-papo Lídia Goldenstein.
Estavam presentes no debate ainda o designer Gabriel Patrocínio, o publicitário André Telles, o co-fundador da Escola de Criatividade Jean Sigel e Dalmir Ogliari. “As ideias inovadoras e orientadas pelo design não surgiram com a Apple ou Facebook. Há história nesse contexto e é preciso estudá-la e compreendê-la para seguir progredindo”, comentou Patrocínio. Para Sigel, trabalhar com as crianças o sentido de explorar e experimentar é outra forma eficaz de garantir a inovação nas próximas gerações.
Na sequência da manhã, Gabriel Patrocínio lançou o livro “Design e Desenvolvimento: 40 anos depois”, que discute as políticas públicas de design em vários países. “Todas as nações precisam colocar em suas políticas públicas o design, que é o caminho para a inovação”, disse o autor. Não é à toa que a China tem investido nesse sentido, a Coreia inaugurou recentemente um pavilhão de design para trabalhar em parceria com a indústria, aguçando novas ideias.

Jeep Renegade
No período da tarde, Alexandre Aquino, gerente de marketing de produtos da Jeep, comentou sobre o Jeep Rehegade, um carro planejado para ser inovador. O profissional contou sobre toda estratégia de criação do produto, aplicando o design em todo o processo. “Não há uma palavra que descreva que significa um caro para o brasileiro. Nós queríamos reinventar o segmento e trazer coisas novas”, explicou Aquino.
O Jeep Renegade foi premiado como carro do ano pela revista Auto Esporte na última quarta-feira. Para Alexandre Aquino, toda a construção do produto, pensado em inovar desde o motor até a estética, foi essencial para conquistar o consumidor.

Cases de design innovation
Também nesta tarde de sábado, três convidados especiais participaram de uma palestra que apresentaram diferentes cases de design: Edson Matsuo, designer da Melissa, Ellen Kiss, superintendente de inovação do Banco Itaú Unibanco, e Gustavo Senna, da Mueller Eletrodomésticos.
Gustavo Senna apresentou o case da Mueller, que foca na venda de eletrodomésticos para pessoas de renda baixa. A proposta dos produtos é criar cada vez mais inovação com menos custo. “Pesquisamos bastante para conhecer nosso público. O que eles precisam, onde moram. Conversamos com essas pessoas”, comentou Senna. Com orçamento limitado para cada produto, a equipe de design da marca procura criar eletrodomésticos pensando na funcionalidade, na estética e no bom desempenho dos produtos – que precisam ter valor acessível.
O segundo case, apresentado pelo arquiteto e designer Edson Matsuo, mostrou a série de produtos da Melissa One by One. As peças desta linha inovaram ao criar sapatos que podem calçar tanto no pé direito quanto no esquerdo. Com várias estampas e cores diferentes, a linha pode ser criar até 81 combinações diferentes. Segundo Matsuo, o design é uma ferramenta para criar peças sempre com foco nas pessoas. “Se você não entende de pessoas, você não entende de negócios”, salientou o designer.
E o último case apresentado foi do Itaú Unibanco. A superintendente de inovação do banco, Ellen Kiss, explicou como o design teve papel fundamental na transformação da empresa. “O banco ainda é um setor financeiro de grande oportunidade de crescimento. E a história do banco não tem foco em soluções planejadas para as pessoas. Hoje entendemos que o principal está nas pessoas, influenciando novos hábitos”, defendeu.
Com o uso do design nas estratégias de negócios, o Itaú Unibanco desenvolveu uma série de serviços que facilitaram a vida do consumidor: que vai da criação de aplicativos de serviços financeiros ao atendimento em horários diferenciados.