Sustentável e multifuncional
Design
Designers criam embalagens de presente com celulose bacteriana que viram bolsas e cachepôs
Materiais alternativos, feitos a partir de matérias-primas naturais, e a aposta na multifuncionalidade. Estas são as principais características das embalagens de presente criadas pelo estúdio Intervém Design, sediado em Curitiba, a pedido de uma das maiores indústrias de bolsas e mochilas corporativas do Paraná, a Danka.
"Eles nos procuraram para desenvolver um conceito sustentável para uma embalagem com dupla função. O pedido era por uma embalagem presenteável de cosméticos, por isso desenvolvemos um projeto relacionado a este universo, mais especificamente à moda", contam Gislaine Lau e Felipe Ishiy, os designers à frente do estúdio.
Para isso eles apresentaram não uma, mas duas propostas distintas. A primeira delas é a de uma sacola, inspirada nos sacos de papéis utilizados para transporte de alimentos, com dobraduras que permitem que a peça seja transformada e utilizada, também, como cachepô.
Já a segunda apresenta uma embalagem envolta por uma fita e laço que, após desembrulhada, pode ser utilizada como uma pochete (no conjunto) ou somente como cinto, no caso da fita.
"Elas têm textura de couro e orgânica (secada ao vento) e são pigmentadas naturalmente, com spirulina, que dá o tom esverdeado à bolsa, e beterraba, para o avermelhado da belt bag", acrescenta Gislaine.
Matéria-prima
O múltiplo uso, que potencializa o reuso das embalagens, e a pigmentação natural não são as únicas características sustentáveis do projeto. Ambas as peças são fabricadas com biofilme de celulose bacteriana, produzido por colônias de bactérias (como o scoby de kombuchas, por exemplo) e posteriormente desidratado. "O biofilme é feito tendo como base café, açúcar e água", completa a designer.
Tal característica faz com que as embalagens, além de reutilizáveis e multifuncionais, sejam completamente compostáveis, uma vez que o biofilme não possui nenhum composto químico.
"As alças da sacola, por sua vez, são produzidas com papel semente, feito a partir de fibra de bambu, que pode ser plantado, além de compostado", acrescenta Ishiy.
O projeto ainda está em fase de conceito, mas já foi apresentado à indústria contratante, que deverá explorar o potencial de escala da produção das embalagens, como contam os designers. "Temos em nosso portfólio vários projetos de cunho sustentável, com propósito. O nome do estúdio, Intervém, vem daí: de intervir naquilo que é comum com novos conceitos, sempre a partir de um pensamento que seja o mais sustentável possível", concluem.