Design do bem

Até 2050 pode haver mais plástico do que peixes no mar. A informação foi divulgada no Fórum Econômico Mundial em janeiro deste ano. Ainda que o dado seja desanimador, tem muita gente querendo reverter esse processo. Em Nairóbi, no Quênia, chinelos que chegam pelo oceano se transformam em brinquedos e peças de decoração. A ONG Kenya’s Ocean Sole conseguiu retirar mais de 400 toneladas de lixo do mar, criando esculturas de animais superoriginais.

A iniciativa da organização também tem criado cem novos empregos na região, além de promover um negócio lucrativo para a população local. Desde 1997, as esculturas de animais são produzidas pelos moradores de Nairóbi e vendidas em todo o mundo por 28 distribuidores espalhados pelos continentes.

A dura jornada de atravessar o Mar Mediterrâneo transformou a vida dos refugiados norte-africanos Ali, Maiga, Saidou, Moussa e Malik. Os cinco rapazes encontraram no design uma maneira para suportar a dor de sair de seu próprio país e reconstruir um futuro diferente. E o projeto Cucula, Empresa de Refugiados do Artesanato e Design, foi criado em 2011 ao acaso. Ao começarem uma vida nova em Berlim, eles construíram alguns móveis para equipar seus quartos.

Para auxiliar na empreitada, o designer de móveis alemão Sebastian Daeschle apadrinhou os rapazes e os ajudou a criar peças diferentes. E o que era para ser construído como algo provisório acabou conquistando apoio entre políticos, artistas e empresários da indústria moveleira. As peças desenvolvidas pelo Cucula foram expostas no Salão do Móvel de Milão em 2013. No ano seguinte, conquistaram o prêmio holandês Design Week e o festival DMY, em Berlim.

Fundada em 2009, a organização paulista sem fins lucrativos Move Institute atua diretamente na causa animal. Entre outras ações, são realizados eventos e campanhas ligados a arte, design, moda e cultura contemporânea e digital para mobilizar e engajar pessoas contra venda, maus tratos, abandono, confinamento e exploração de bichos.

A cada nova campanha da organização, designers e artistas são convidados a criar peças, como canecas, almofadas e roupas de cama, vendidas no site da Move Institute. “Acreditamos que essas formas de expressão sejam poderosas ferramentas de mobilização. Usamos esses métodos como forma de criar tendências e inovações, mudar comportamentos e padrões de consumo”, diz Danielle Simões, uma das responsáveis pela ONG.