Decorar, usar, vestir. Sim, os três verbos, e outros mais, cabem quando se fala em design. E no universo dos acessórios e moda autoral, a cena curitibana ganha destaque com marcas que alcançam projeção nacional e internacional ao apresentar conceitos bem fundamentados e alinhados ao novo momento de consumo – consciente e sustentável –, sem deixar de lado o estilo e as mensagens que um ‘lookinho’ pode carregar.

Para te ajudar a pensar no que irá vestir nas festas de fim de ano ou a escolher aquele presente especial, listamos sete destas marcas, que tem na tradição, inovação, minimalismo e nas referências estéticas e arquitetônicas seus componentes em comum. Confira!

Os traços que antes davam forma a projetos arquitetônicos pelas mãos de Heloísa Strobel, desde 2013 desenham as peças de vestuário da Reptilia. A arquiteta e estilista iniciou a marca como um projeto paralelo, mas não demorou para que ela fosse reconhecida nacional e internacionalmente – inclusive em Paris, capital da moda – e se tornasse o foco de sua carreira. Além do design que une perfeitamente forma e função em peças atemporais e agênero, em sua maioria, a Reptilia trabalha somente com produção interna e matéria-prima nacional, com desperdício zero.

“O design precisa ser visto não só como um recurso estético, mas como solução total. Ele define não somente a relação do usuário com a roupa, mas também engloba todas as suas etapas de produção. Vai delinear o produto final, vai imprimir desejo e funcionalidade a esse produto, mas também vai agregar todo um processo produtivo, de confecção e fabricação. O bom design vai aplicar estética e usabilidade, mas também vai atuar no processo de fabricação, e seu resultado é um produto final que conversa com os valores e princípios de quem o veste”, aponta Heloísa.

Com aura jovem, o atelier Bruna Bomfim Joias já tem a maturidade de quem está há 7 anos no mercado fundamentado em um conceito sólido: produzir joias à mão para transmitir afeto, carinho e fazer com que as peças, únicas, se transformem em amuletos para quem as usa. Os brincos, anéis e colares são produzidos com metais nobres, como ouro 18K e prata 950, além de pedras naturais. A mais nova coleção da marca, batizada Aura, une todos eles e traz em cada peça um cristal diferente, cujo significado é atrelado a cada um dos 7 chakras.

“O design é resultado de processos de produção conscientes atrelados à emoção, memória e afeto que cada peça carrega. O que a gente usa precisa fazer sentido em relação ao que a gente acredita. Quando não estou em um dia muito bom e na hora de me arrumar, coloco um brinco de que eu gosto muito ou um vestido que me traz boas lembranças. Essas peças têm o poder de transformar para melhor a forma como estava me sentindo”, compartilha a designer Bruna Bomfim, à frente da marca.

Versatilidade. Esta é a palavra que melhor define a Projeto zero um. Trabalhando com alfaiataria esportiva, a marca mistura referências do streetwear e da modelagem japonesa, materializado em dobraduras e volumes geométricos, em peças de vestuário que transitam do escritório ao happy hour, entre o feminino e o masculino. A modelagem e o visual diferenciado chamam a atenção nas peças, que também são utilitárias, com bolsos grandes e bem posicionados (inclusive nas roupas femininas), elásticos com cós para proporcionar mais conforto a quem passa horas sentado e um design que permite diferentes formas de uso.

“A gente acredita que o caminho da sustentabilidade começa por consumir menos e melhor, e o design entra nesse sentido. E tudo isso envolvendo uma cadeia local que é remunerada de forma justa, como uma alternativa dentro da moda para quem compra e quem produz”, destacam Vanessa Lisboa Gabardo e Patrícia Yuri Hirozawa, cofundadoras e designers à frente da Projeto zero um.

A marca carrega o nome de seu criador, o designer de moda Luan Valloto, que desde 2015 traz para a exclusividade das peças feitas sob medida os conceitos do slow fashion, do design e da sustentabilidade. Isso se dá desde o respeito às etapas que envolvem a criação de cada modelo, passa pela seleção das matérias-primas – materiais monofibras ou de fibras recicladas vindos de locais não mais distantes que 600 quilômetros – e chega ao descarte das peças, que podem ser devolvidas ao ateliê para destinação adequada quando o cliente decidir se desfazer delas, dentro da política de não geração de resíduos da marca, cujos restos de produção também dão vida a novas peças. Assim, nascem paletós e calças de alfaiataria, camisaria, peças multifuncionais, vestidos esculturais e peças para o dia a dia.

“Minha forma de ver o design é bastante funcionalista, então as peças precisam ser práticas, confortáveis, se encaixar bem no guarda roupa e no dia a dia, com foco nas necessidades dos usuários. Ao mesmo tempo, trazer um toque de personalidade, individualização, para o cliente se destacar no meio da multidão com elegância e despojamento”, afirma Valloto.

A marca de joalheria autoral nasceu de um processo evolutivo do trabalho em cerâmica realizado pela arquiteta e designer Márcia Campetti, que migrou da produção de objetos utilitários, como pratos e xícaras, para a de acessórios. A partir do barro, ela molda, à mão, brincos, colares, pulseiras, anéis e braceletes, com coleções pautadas em memórias afetivas. O uso de muitas cores, separadas ou em conjunto, é outra das características das peças, que passam por queima a 1.240 graus Celsius, o que garante durabilidade e leveza aos acessórios.

“Acredito que a escolha dos acessórios é muito mais representatividade do que apenas gosto pessoal. Desde os primórdios os adornos corporais passam as mensagens e as classificações hierárquicas, então acredito que os acessórios têm grande impacto na construção do estilo pessoal. Como uma bandeira, esse acessório passa mensagem antes de todos os outros elementos da indumentária. Defino o design da exclusividade sem repetições e de forma sustentável como emblemático de quem sabe bem a mensagem que quer passar”, reforça Márcia.

Peças de alfaiataria feminina com modelagens assimétricas, soltas e que possam ser usadas de várias maneiras é o que a marca, que leva o nome de sua criadora, a arquiteta e designer Renata McCartney, oferece. Resultado da evolução natural do trabalho de customização de peças de mobiliário e decoração para os projetos que assinava, a designer começou desenhando bolsas e acessórios em couro natural, em 2016, até o lançamento da primeira coleção de vestuário feminino, neste ano de 2022. As peças são versáteis, minimalistas e produzidas com tecidos nobres, com acabamento “impecável”.

“O design é fundamental para que o indivíduo possa expressar quem ele é e o que deseja do mundo através do seu estilo pessoal. Assim, ele terá mais autoconfiança, autoestima e pode até se tornar uma referência para outras pessoas”, avalia Renata.

A icônica Tiffany&Co. apresenta sua mais nova coleção de joias, que recupera e ressignifica a própria história da marca. Batizada Tiffany Lock, ela traz quatro pulseiras agênero produzidas em ouro amarelo e rosa 18k repensando a ideia de um cadeado, tema importante dos arquivos Tiffany – antes da década de 1950, a marca oferecia cadeados funcionais, que posteriormente passaram a adotar um propósito estético, com elementos de design que os representavam. Segundo a marca, as peças, também disponíveis com aplicação de diamantes, transformam a coleção em um “símbolo audacioso de união e inclusão, sem regras, onde todos são bem-vindos”.