Coleção de peças a base de fungos resgata memória afetiva e traz efeito lúdico à decoração

Se você é um millenial (geração formada por pessoas nascidas entre 1981 e 1995), é bastante provável que o teto do seu quarto, em algum momento, tenha sido iluminado por adesivos de papel ou por peças plásticas fosforescentes que representavam corpos celestes. Foi uma "febre" decorativa que, como outras, caiu no esquecimento até ressurgir repaginada -- e, neste caso, mais tecnológica.

O resgate é feito pela Furf Design Studio, escritório de design curitibano que coleciona os principais prêmios mundiais do setor e reconhecido por estar na vanguarda quando o assunto é trazer novos materiais para o dia a dia das pessoas. Foi assim com a coleção Outono (revestida com biotecido de folhas da planta orelha de elefante), com a Íris (coleção de placas acústicas criadas a partir de fungos) e, agora, com a Cosmos, que utiliza esta mesma matéria-prima.

"A Cosmos é a primeira coleção do mundo fabricada com micélio pigmentado naturalmente e também é a primeira a brilhar no escuro. É um estímulo à criatividade, ao relaxamento e aos valores relacionados à responsabilidade ambiental, à natureza", explicam Rodrigo Brenner e Mauricio Noronha, os nomes à frente da Furf.

Composta por dez peças, a coleção traz oito estrelas (14 cm), uma lua e um sol (ambos de 30 cm), todos produzidos com micélio (parte vegetativa dos fungos composta por uma rede de fibras finas, semelhantes a raízes), a partir de uma tecnologia desenvolvida pela startup paranaense Mush, encubada no campus Ponta Grossa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

De forma resumida, os especialistas reproduzem no laboratório condições semelhantes às que os fungos encontram na natureza para se desenvolverem sob o solo, alimentando-os com matéria orgânica proveniente de resíduos da agroindústria. O crescimento ocorre dentro de moldes até que se atinja o tamanho e forma das peças da coleção, quando então elas são aquecidas e secas para que o crescimento do fungo seja interrompido.

A novidade aqui, em relação à coleção Íris, por exemplo, vem da pigmentação das peças e, principalmente, da sua característica fosforescente. "A pigmentação [do Sol] é feita com pigmentos também naturais, extraídos de plantas, pós-secagem. As estrelas não possuem pigmentos, somente a goma natural acrescida do pó fosforescente para que ele adira ao material e brilhe após a incidência de luz", explica Leandro Oshiro, responsável pela produção dos produtos a base de micélio da Mush juntamente com Antonio Carlos de Francisco e Eduardo Bittencourt Sydney.

A proposta dos designers, no entanto, é que a coleção não fique apenas nos quartos, mas integre a decoração de outros ambientes, inclusive comerciais, e atinja um público além do infantil. "O micélio é um material no qual acreditamos muito como uma solução para o futuro. Precisamos pensar em processos e materiais mais responsáveis ambientalmente para que possamos ter um futuro. O micélio é um material que tem propriedades termoacústicas, ele é superdurável, biodegradável - o que é diferente de perecível. É um produto que traz uma nostalgia, mas com um novo olhar. São muito poéticos esses produtos que eram feitos de plástico e agora [são produzidos] com uma alternativa que tem o mesmo feito ou seja ainda mais poético, pois são feitos da própria natureza", finalizam os designers.

A coleção Cosmos é produzida sob demanda e o prazo de envio é de 10 dias úteis. O kit com as 10 peças e a fita dupla face para fixação delas custa cerca de R$ 249,90. Os pedidos podem ser realizados diretamente com a Mush.