Fórum de Criatividade

Design

Busca pela essência no design e na arquitetura dá o tom do Archtrends Summit

Cristina Seciuk e Sharon Abdalla
06/09/2023 21:59
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A inovação no design foi debatida pelo professor da Poli.Design, Matteo Ingaramo. | Guto Campos

Nomes como Tom Dixon, Cino Zucchi e Patricia Anastassiadis subiram ao palco do Teatro Santander, em São Paulo, nesta terça-feira (5) para mais uma edição do Archtrends Summit, fórum de criatividade realizado pela Portobello Shop desde 2018. Neste ano, o evento contou com parceria inédita da Poli.Design, instituição do Politecnico di Milano (fundação de maior referência do design italiano), na curadoria do conteúdo, que abordou da inovação à inspiração. HAUS, por sua vez, foi media partner oficial do evento.
Voltado a arquitetos e designers de interiores, o evento teve ainda outra novidade: foi aberto ao público pela primeira vez. E ele não decepcionou, esgotou os ingressos e encheu a casa para ver e ouvir grandes nomes do segmento em mais de seis horas de talks e palestras sob o tema "O que está dentro importa". A proposta foi uma provocação ao falar sobre essência e aprofundar o debate sobre criação e criatividade.
Nesta toada, os co-curadores do premiado pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza, Gabriela de Matos e Paulo Tavares, levaram ao evento uma leitura sobre o apagamento da história negra dentro de uma construção de identidade nacional. A percepção fez parte da experiência de elaboração do pavilhão e conduziu diversas das opções tomadas para o projeto (premiado com o inédito Leão de Ouro): a ressignificação de temáticas recorrentes, mas com novas óticas para a terra, bem simbolizada no aterramento de todo o espaço, característica fundamental para a proposta e que evoca os terreiros e o chão de terra batida dos povos originários.
"Propusemos um refundamento da arquitetura brasileira", disse Paulo Tavares sobre o pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza.
"Propusemos um refundamento da arquitetura brasileira", disse Paulo Tavares sobre o pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza.
Na avaliação de Paulo Tavares durante o talk, "o pavilhão foi uma leitura para um gesto fundante da história da arquitetura, o que propusemos é um refundamento da arquitetura brasileira".
E olhar para o que veio antes como base também surgiu em falas como a de Patrícia Anastassiadis ao comentar diversos projetos de retrofit realizados em sua carreira. Para a arquiteta, o que chamou de "arqueologias do presente" são fundamentais para que cuidemos da história e tracemos novos caminhos sem simplesmente ignorarmos o que já foi produzido anteriormente.
Para Patrícia Anastassiadis, a importância do projeto arquitetônico está em seu potencial de promover a cadeia do setor.
Para Patrícia Anastassiadis, a importância do projeto arquitetônico está em seu potencial de promover a cadeia do setor.
Numa pegada mais focada no presente e nas relações sociais, Isay Weinfeld participou de uma rodada de perguntas e respostas com o mestre de cerimônias do Summit, Pedro Andrade, em uma rara participação em eventos do tipo. Avesso a presenças públicas, o arquiteto comentou sobre sua multidisciplinaridade de interesses e sobre a importância de um olhar para a cidade.
Sobre o tema, defendeu uma postura irredutível, ou "radical", como chamou, sobre as fachadas ativas: "se uma incorporadora não quer fazer, eu não quero o projeto". Na percepção de Isay, propostas do tipo olham para o entorno, garantindo mais circulação, mais segurança e a "mistura de gente", escapando do ambiente sem graça dos prédios encastelados.
Fachadas ativas são uma forma de se promover a "mistura de gente" e de se deixar as cidades menos "chatas", defendeu Isay Weinfeld.
Fachadas ativas são uma forma de se promover a "mistura de gente" e de se deixar as cidades menos "chatas", defendeu Isay Weinfeld.

Convidados internacionais

Entre as falas estrangeiras, Matteo Ingaramo, professor da Poli.Design, abriu os trabalhos defendendo uma arquitetura mais humana, que comunique e exalte a qualidade de vida. Depois dele, seu conterrâneo e colega de profissão, Cino Zucchi, apresentou projetos icônicos que levam sua assinatura e falou sobre texturas e adornos na arquitetura, reforçando a importância do vínculo histórico com a produção contemporânea do setor.
Para Tom Dixon, a sustentabilidade é o tema principal para o design contemporâneo.
Para Tom Dixon, a sustentabilidade é o tema principal para o design contemporâneo.
Para encerrar o encontro com chave de ouro, o designer britânico autodidata Tom Dixon subiu ao palco, falou sobre sua carreira, processo criativo, peças de sucesso e projetos recentes, além de levantar o tema que considera mais importante dentro do design na atualidade: a sustentabilidade.

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