Fórum de Criatividade
Design
Busca pela essência no design e na arquitetura dá o tom do Archtrends Summit

A inovação no design foi debatida pelo professor da Poli.Design, Matteo Ingaramo. | Guto Campos
Nomes como Tom Dixon, Cino Zucchi e Patricia Anastassiadis subiram ao palco do Teatro Santander, em São Paulo, nesta terça-feira (5) para mais uma edição do Archtrends Summit, fórum de criatividade realizado pela Portobello Shop desde 2018. Neste ano, o evento contou com parceria inédita da Poli.Design, instituição do Politecnico di Milano (fundação de maior referência do design italiano), na curadoria do conteúdo, que abordou da inovação à inspiração. HAUS, por sua vez, foi media partner oficial do evento.
Voltado a arquitetos e designers de interiores, o evento teve ainda outra novidade: foi aberto ao público pela primeira vez. E ele não decepcionou, esgotou os ingressos e encheu a casa para ver e ouvir grandes nomes do segmento em mais de seis horas de talks e palestras sob o tema "O que está dentro importa". A proposta foi uma provocação ao falar sobre essência e aprofundar o debate sobre criação e criatividade.
Nesta toada, os co-curadores do premiado pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza, Gabriela de Matos e Paulo Tavares, levaram ao evento uma leitura sobre o apagamento da história negra dentro de uma construção de identidade nacional. A percepção fez parte da experiência de elaboração do pavilhão e conduziu diversas das opções tomadas para o projeto (premiado com o inédito Leão de Ouro): a ressignificação de temáticas recorrentes, mas com novas óticas para a terra, bem simbolizada no aterramento de todo o espaço, característica fundamental para a proposta e que evoca os terreiros e o chão de terra batida dos povos originários.

Na avaliação de Paulo Tavares durante o talk, "o pavilhão foi uma leitura para um gesto fundante da história da arquitetura, o que propusemos é um refundamento da arquitetura brasileira".
E olhar para o que veio antes como base também surgiu em falas como a de Patrícia Anastassiadis ao comentar diversos projetos de retrofit realizados em sua carreira. Para a arquiteta, o que chamou de "arqueologias do presente" são fundamentais para que cuidemos da história e tracemos novos caminhos sem simplesmente ignorarmos o que já foi produzido anteriormente.

Numa pegada mais focada no presente e nas relações sociais, Isay Weinfeld participou de uma rodada de perguntas e respostas com o mestre de cerimônias do Summit, Pedro Andrade, em uma rara participação em eventos do tipo. Avesso a presenças públicas, o arquiteto comentou sobre sua multidisciplinaridade de interesses e sobre a importância de um olhar para a cidade.
Sobre o tema, defendeu uma postura irredutível, ou "radical", como chamou, sobre as fachadas ativas: "se uma incorporadora não quer fazer, eu não quero o projeto". Na percepção de Isay, propostas do tipo olham para o entorno, garantindo mais circulação, mais segurança e a "mistura de gente", escapando do ambiente sem graça dos prédios encastelados.

Convidados internacionais
Entre as falas estrangeiras, Matteo Ingaramo, professor da Poli.Design, abriu os trabalhos defendendo uma arquitetura mais humana, que comunique e exalte a qualidade de vida. Depois dele, seu conterrâneo e colega de profissão, Cino Zucchi, apresentou projetos icônicos que levam sua assinatura e falou sobre texturas e adornos na arquitetura, reforçando a importância do vínculo histórico com a produção contemporânea do setor.

Para encerrar o encontro com chave de ouro, o designer britânico autodidata Tom Dixon subiu ao palco, falou sobre sua carreira, processo criativo, peças de sucesso e projetos recentes, além de levantar o tema que considera mais importante dentro do design na atualidade: a sustentabilidade.