Ocupando o Pavilhão da Bienal até o 7 de abril, a 20ª edição da SP–Arte reúne mais de 190 expositores, entre galerias de arte, estúdios de design, editoras e instituições culturais. O evento tem curadoria que exibe artistas renomados e talentos emergentes no mercado nacional e fortalece sua marca como uma plataforma de promoção da arte contemporânea e do design brasileiros.

Dentre os destaques para a edição, que marca duas décadas da feira, está a expansão na área dedicada ao design, majoritariamente focada em mobiliário. Em 2024, o setor cresceu mais de 50% na comparação com o ano anterior, reunindo 67 expositores. HAUS visitou o evento e te apresenta alguns dos destaques vistos por lá:

Estande da ETEL apresenta peças novas de Patrícia Urquiola, como a mesa lateral feita em resina biodegradável de bagaço de cana e macela, com técnica de colorização em argila e sofá com base em madeira e revestimento em algodão de fibra não tonalizada, numa proposta que olha para a organicidade. O conceito se traduz na instalação têxtil produzida pela artista Sandra Anselmi, uma tapeçaria em tricô gigante 100% natural.

O designer Ricardo van Steen apresenta novas versões da poltrona Índia, criada em 2017. A peça surge agora como cadeira de jardim e como uma peça escultórica, recoberta por plantas naturais. Criado em aço, o móvel tem sua superfície recortada numa estampa que confere leveza ao metal. Já para a cadeira-escultura, o designer conta que foi feita uma aplicação de cola com pó de madeira para que epífitas e musgos se desenvolvam.

O estande-instalação criado pela ,Ovo para a SP-Arte reúne duas linhas inéditas da dupla Luciana Martins e Gerson de Oliveira, com destaque para as poltronas Hiato. Em concreto pigmentado e madeira maciça (cumaru), o móvel assume três variantes distintas (em tiragem limitada de cinco peças) nas quais nota-se um jogo com copes, pesos e geometria.

A +55 Design apresenta brasilidade e tradição na coleção Cordel, que reverencia a cultura nordestina e celebra a carreira do renomado xilogravurista J. Borges. Oito peças de mobiliário desenhadas por Bruno de Carvalho receberam as matrizes esculpidas pelo artista em madeira louro canela e aparecem entintadas ou não, tornando as gravações mais ou menos evidentes, numa alusão ao fazer tradicional.

Elementos da arquitetura clássica e linhas orgânicas da natureza se combinam na coleção Tektônica, apresentada pela Suíte Design e assinada com Stone Marmi Boutique e Defriuli Mármores. O conceito remete ao movimento das placas tectônicas e se materializa nas diferentes texturas e volumetrias que compõem as peças, com arcos, curvas e frisos acompanhados de acabamentos como o deep a costaneira, o frisado e o levigado.

A colab Fernanda Marques e Breton apresenta uma coleção de pegada superorgânica, inspirada em brasilidades, com destaque para a mesa Galhos, em latão e vitro, e a chaise Fly, que remete ao movimento de uma folha caída sobre apoios de nogueira.

A Novidário marca presença pela terceira vez consecutiva na SP-Arte com lançamentos que adotam o princípio da economia circular: a linha Trilha, os tapetes Mapa e a cadeira Pipa. Com mais de um ano em pesquisa de matérias-primas recicladas, a linha Trilha integra uma variedade de plásticos reciclados a fim de oferecer uma solução durável e esteticamente atraente. Idealizada para espaços que valorizam a responsabilidade ambiental e a inovação no design de móveis. A proposta é por transformar um produto descartável em itens de alto valor agregado e ciclo de vida longo.

Para a edição 2024 da SP-Arte, a Estar Móveis se une ao duo de designers Nicole Tomazi e Sérgio Cabral para apresentar a coleção "Nem tudo que reluz é ouro". Criada e produzida manualmente, reúne formas esculturais compostas por uma mistura de materiais (com metal e palha de trigo trançada) e traz como fio condutor o questionamento sobre o valor (material e humano).

André Grippi apresenta a série Cabana, em que explora a maleabilidade da palha unida à rigidez da madeira, criando peças que aliam distorção e movimento. Os quadros de madeira propõem uma quebra na versão tradicional das mesas, extrapolando a funcionalidade.

Artista, designer, cenógrafa e arquiteta, Adriana Yazbek levou uma matéria em dois momentos distintos para o Pavilhão da Bienal. Marca registrada de Adriana, o papel kozo japonês aparece ao lado do papel-machê para a criação das luminárias Sagi e Tuá. 

A luminárias em porcelana da coleção Tênue são resultado da colaboração entre dois escritórios de design: Nydia Rocha Atelier e Studio de La Cruz. Em cinco versões, cada uma com tamanhos diferentes, são pendentes, arandelas, duas opções de mesa e uma de piso, compostas por cúpulas de cerâmica de duas queimas (uma de alta e uma de baixa temperatura), fruto de estudos para se atingir a mínima espessura que garantisse a passagem da luz.

Destaque na Itens, o lustre Cipó, assinado pela designer Juliana Pippi, une latão polido e vidro soprado num conjunto que brinca com a assimetria e os volumes com elegância e simplicidade. 

O bar Bobo é destaque entre as peças apresentadas pelo Atelier Gustavo Bittencourt, com linhas que extrapolam a rigidez do design, assumindo um diálogo com a natureza de entretenimento e descontração da peça. Com materialidades distintas e desenho desapegado da formalidade, mistura mármore marrom imperador, freijó, palhinha trancada a mão e estrutura em aço inox.