Decoração

Saiba como é feito o móvel planejado que chega na sua casa

Sharon Abdalla
Sharon Abdalla
10/04/2017 22:52
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A escolha acertada dos móveis é fundamental na hora de se montar ou renovar um ambiente. Nos showrooms das marcas, clientes e projetistas encontram possibilidades quase infinitas de padrões e combinações de peças, mas nem sempre se dão conta da cadeia produtiva que está por trás de toda esta oferta.
Do desenvolvimento do projeto à sua comercialização na loja, um móvel passa por pelo menos três etapas fabris e uma pesquisa intensa sobre tendências que pode durar anos. Para que você conheça como são produzidos os móveis planejados que leva para dentro de casa, HAUS conversou com três indústrias envolvidas no processo.

Padrão

Item de decisão e que interfere diretamente no estilo que se pretende dar à decoração, o padrão é o fio condutor da cadeia de móveis planejados, que tem as chapas de MDF ou MDP como matéria-prima.
Ele nada mais é do que o desenho, o apelo estético que o móvel terá ao reproduzir madeiras, pedras, concreto, tecidos e até papelaria em suas faces internas e externas. “Para se chegar ao padrão é feita uma pesquisa de tendências baseada em observações do dia a dia, no comportamento humano, nas visitas às feiras dos mais diversos setores e nos briefings resultantes da interação entre as diferentes etapas da cadeia produtiva”, explica Onei Marques, gerente comercial da Interprint do Brasil Indústria de Papéis Decorativos.
Uma vez definidos os padrões, são coletados materiais, como madeiras naturais, que possam ser escaneados para a produção do desenho. Estas imagens são trabalhadas digitalmente até a finalização do padrão, que é impresso em um papel específico para uso moveleiro por meio de rotogravura.
“Depois de impresso, o papel é submerso em tanques de resina e passa por um túnel de secagem em um processo chamado de impregnação. Dele saem as folhas que são enviadas para as indústrias que produzem os painéis de madeira”, explica Marques. Algumas indústrias têm seu próprio processo de impregnação, por isso recebem o papel em bobinas.

Painéis de madeira

De forma geral, o mercado moveleiro trabalha com dois tipos de painéis na fabricação dos móveis: os de MDF e MDP. O primeiro deles é composto por fibras de madeira (como pinus e eucalipto) prensadas em altas temperaturas com resinas, enquanto o segundo é um aglomerado de pequenos pedaços da matéria-prima.
Tais características fazem com que o MDP seja mais resistente à torção, sendo indicado para aplicações como em uma estante de livros, como exemplifica João Carlos Gon Casemiro, gerente de marketing da Arauco do Brasil, fabricante de painéis de madeira. “O MDF é mais propício para usinagem e perfuração, pois é mais uniforme”, acrescenta.
Uma vez prontas, as chapas recebem a aplicação do padrão, que é o que vai dar a “cara” ao futuro móvel. Para isso, o papel é prensado em alta temperatura sobre os painéis de madeira, o que faz com que ele se funda às chapas em nível molecular. “Neste momento, o fabricante também pode usar na prensa um prato de textura que vai dar ao painel a textura do material que ele imita, como pedra ou madeira”, explica Onei Marques, da Interprint.
A partir daí os painéis (medindo 2,75 m x 1,85 m) estão prontos para serem enviados à indústria moveleira e às revendas que atendem as marcenarias.

Na fábrica

Última etapa do processo antes de chegar às lojas, é na indústria moveleira que os painéis de madeira se transformam nas peças que os clientes levarão para casa. “Os projetos são desenvolvidos pelos projetistas e arquitetos dos pontos de venda da marca e repassados para a fábrica”, explica Edemir Khuchner, do departamento de Engenharia e Desenvolvimento de Produto da Italínea.
A partir do projeto, os painéis de madeira são cortados e furados nas medidas necessárias à confecção das peças e recebem a chamada fita de borda, material que protege e dá acabamento às laterais das chapas. As peças, então, são embaladas e enviadas (juntamente com o kit de ferragens) para o lojista, que fará a montagem na casa do cliente.
No que se refere aos lançamentos, a indústria de móveis costuma renovar sua coleção a cada dois anos, em média. Neste meio tempo, algumas empresas, como a Italínea, efetuam os chamados “pacotes de melhorias”, que são importantes para a manutenção e atualização da linha de produtos.
“A indústria moveleira também é um mercado de moda, no qual se criam tendências e a cadeia trabalha para atender o gosto do cliente”, lembra Marques. A diferença, segundo o gerente, é a de que ele muda em uma velocidade mais lenta do que a do mercado de vestuário, por exemplo, o que faz com que um móvel tenha uma “validade” de cinco a dez anos, em média.
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