Projeto transforma apartamento com mais de 40 anos explorando revestimentos e móveis pretos

A arquitetura racionalista de Elgson Ribeiro Gomes, que assina um prédio modernista dos anos 1970, no Bigorrilho, foi palco para o projeto do arquiteto Marcos Bertoldi pensado para os dois
filhos estudantes dos proprietários, um casal que mora no interior e eventualmente vem a Curitiba. Com poucas paredes, o duplex ganhou uma paleta de tonalidades escuras: o preto e suas variações aparecem em elementos como piso, paredes, mobiliário, tapetes e tecidos.

O projeto buscou destacar alguns aspectos originais da arquitetura existente. A planta de 280 m² foi desenhada sob uma lógica funcional, na qual três suítes ficam em um meio andar inferior, descolados das áreas sociais. Mesmo assim, as grandes aberturas e abundância de luz pautam todo o apartamento e têm seu papel na formação da identidade do projeto. O apartamento ostenta uma pequena coleção de arte que se espalha pelos cômodos e reúne assinaturas notáveis da arte brasileira contemporânea. Alguns dos nomes que integram o acervo são Julia Mota, Henrique Oliveira, Marina Weffort, Saci Pedro e Leticia Ramos.

Aqui, a composição é feita por variações de preto com uma única peça colorida: a luminária vermelha de Shigeru Ban. As paredes ganharam revestimento em granilha preta, com granulados transparentes que brilham conforme a luz, e o piso de carvalho ebanizado valoriza os veios naturais da madeira. Móveis em madeira natural, metal e concreto contrapõem as tonalidades escuras.
O couro também é protagonista da cena, e aparece tanto envelhecido — na textura das peles, no sofá de Carlo Colombo — como polido, visto nas poltronas de Fernando Mendes. O tapete mistura
preto com cinza, suavizando a paleta.

A sala de jantar, integrada e lateral ao estar, leva uma mesa de jantar metálica assinada pelo designer Jader Almeida. O móvel tem revestimento de lâmina de madeira ebanizada, assim
como as cadeiras de Geraldo de Barros, que ganham uma seleção de tecidos Kvadrat com design de Patricia Urquiola.

O projeto de Bertoldi transformou um dos antigos quartos em sala íntima, que funciona como um home theather pelo seu sofá com grandes proporções para acomodar a família. Divide o
ambiente uma poltrona Charles Eames.

A suíte dos proprietários ganhou uma continuidade dos tratamentos já incluídos na área social. A granilha preta e o piso de madeira ebanizada avançam pra dentro do quarto com o mesmo
tratamento. Ganham destaque as cerâmicas nipo-brasileiras de Kimi Nii. No quarto, assim como em outros ambientes, não há luminárias embutidas: a opção principal é uma iluminação refletida
nos tetos brancos.

O diferencial dos banheiros é o mármore carrara branco estatuário, que se estende por todo o ambiente. Sua escolha se deu por mesclar o branco dos tetos com o preto das paredes. Todos os
espelhos ganharam luz frontal embutida.