O que foi um quartel do comando geral da Polícia Civil, hoje é um elegante edifício de apartamentos. O que era um único imóvel de 270 m², foi transformado em duas moradias contíguas e separadas, ao mesmo tempo. A Casa Lagrange, que fica justamente na rua Lagrange, uma das principais do centro de Turim, no norte da Itália, é um projeto criativo que leva a assinatura do italiano Fabio Fantolino. “O desafio era acomodar mãe e filho em um único andar, com propostas arquitetônicas distintas mas ao mesmo tempo combinando estilos e sobretudo deixando uma passagem, quase que imperceptível,  entre as duas residências”, explica o arquiteto que se valeu de uma decoração retrô, com móveis e peças de design dos anos 1950 e 1970.

Os dois apartamentos ganharam metragens proporcionais à necessidade de seus moradores. São 190 m² destinados à mãe e 80 m² ao filho. Apesar de separados por meio de uma porta, a distribuição dos ambientes mantém a privacidade dos moradores sem comprometer a coerência do projeto. O piso Chevron, em rovere natural, se estende pelas duas casas, o que proporciona o equilíbrio de estilo. “Um dos pedidos era que, no futuro, o imóvel pudesse ser convertido novamente em uma única habitação, sem que houvesse necessidade de uma reforma exaustiva”, explica Fabio Fantolino que usou mármore, madeira e metal em ambos apartamentos.

O charme dos anos 1950 se revela na sofisticação dos 190 m² destinados à proprietária que aderiu totalmente as propostas vintage do arquiteto. Na sala principal, a moldura de madeira branca – boiserie – é a expressão de elegância máxima do ambiente.

O sabor dos ‘anos dourados’ é acentuado pelo grande sofá Freeman Taylor, da italiana Minotti, em algodão cinza chumbo, e pelas poltronas da Le Cuona, de veludo rosa.  “Alguns dos móveis, como o aparador que faz as vezes de bar, foram desenhados e produzidos especialmente para esse projeto.

Há também algumas peças anos 70, como a mesa de centro na sala de estar com os característicos pés palitos”, explica o arquiteto italiano que optou na sala de jantar por uma mesa redonda em mármore Calacatta ouro, cadeiras estofadas em veludo escuro e ainda reservou um pequeno espaço mini home-office.

Os detalhes não se restringem somente na escolha dos materiais. Fabio Fantolino se vale de profissionais especializados para produzir peças pensadas sob medida para seus projetos.

Na cozinha do apartamento principal, o arquiteto criou uma porta em ferro e vidro que evidencia as prateleiras de marcenaria em nogueira e o mármore de cor branca e veios cinza esbranquiçados da bancada e do painel da pia. Para alegrar o ambiente, foram instalados lustres redondos e coloridos da Topan VP6.

Cores e texturas se revezam na decoração dos dois banheiros no maior apartamento. No de hóspedes, um revestimento em mármore Arabescato que contrasta com o armário instalado debaixo da pia na cor água-marinha.

A suíte, no sótão, foi pensada como um refúgio íntimo que é amplamente iluminado pelas janelas de teto. O lambri de madeira cinza claro, o revestimento em veludo da cabeceira da cama e as luminárias anos 1950 dão o toque refinado ao ambiente.

Informais e não por isso menos requintados são os espaços destinados ao filho, que se distribuem em uma sala, cozinha, um lavabo e uma suíte. “Dei prioridade ao design dos anos 1970 com cores fortes e materiais mais joviais”, observa o arquiteto Fabio Fantolino que manteve o mesmo piso Chevron em rovere em todo o imóvel.

O estilo vintage se contempla em peças como a poltrona MP81, do brasileiro Percival Lafer, em jacarandá e couro, e no sofá verde petróleo com suas curvas e modelo compacto, um clássico da época. A referência aos anos 1950 ficou por conta da mesa de jantar de madeira nobre e da boiserie na parede da sala.

Praticidade também foi levada em conta na hora de conceber a cozinha integrada a sala de jantar. O arquiteto utilizou portas de correr para esconder o ambiente com o mesmo acabamento dos armários em madeira escura.

No lavabo, optou-se por um mármore na cor vinho enquanto no quarto se sobressai a cabeceira em veludo azul esverdeado e uma moldura de parede angular. Inquestionável, a beleza do armário anos 1970 revestido em ripas de madeira.

“Trata-se de um projeto único que representa a personalidade de cada morador. E onde pude revisitar épocas históricas diferentes que exaltam o uso do peças icônicas do design contemporâneo”, constata o arquiteto italiano.